Nas Fronteiras entre Civilização e Barbárie: As Narrativas dos Ciclos de Conan, de Robert Howard





Após alguns anos resolvi retomar os jogos de RPG e minha ambientação favorita, a Era Hiboriana. Encomendei o "RPG - Aventuras na Era Hiboriana", que coincidentemente tem o mesmo nome da minha antiga campanha de D&D. Mas isso é assunto para outro artigo...

As páginas iniciais do RPG trazem um texto do Marco Antonio Collares, "Uma Ode a Howard", com relato aprofundado de um verdadeiro conhecedor do autor. Intrigado fui ao Google Scholar, e não é a toa que que o Marco possui uma dissertação sobre a biografia de Howard, assim como um livro sobre a "Civilização e barbárie em Conan". 

Abaixo deixo um resumo e os links para estes textos:

COLLARES, Marco Antonio. Nas Fronteiras entre Civilização e Barbárie: As Narrativas dos Ciclos de Conan, de Robert Howard. 2017. 236f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2017.

"A presente dissertação versa sobre as representações de civilização e barbárie nas narrativas dos Ciclos de Conan, de Robert Ervin Howard. As aventuras do personagem Conan, o Bárbaro foram produzidas entre os anos de 1932 e 1936, constituindo-se em vinte e um textos de cunho literário e ficcional que fazem parte de um gênero específico denominado de “Espada e Feitiçaria”. Tal gênero literário aborda mundos fabulosos caracterizados pela presença do sobrenatural e onde personagens igualmente fantásticos se aventuram em tramas de ação e fantasia. As aventuras de Conan foram publicadas nas chamadas pulp magazines (ou pulp fictions), revistas de baixa qualidade gráfica, normalmente processadas a partir da polpa do papel e que eram muito populares nos EUA entre os anos 1920-1950. Apesar de Howard situar seu mais famoso personagem no gênero da “Espada e Feitiçaria”, ele igualmente traçou aspectos de cunho filosófico em suas tramas, na medida em que o tema central destas narrativas vincula-se a oposição entre civilização e barbárie. Normalmente Conan representa uma conduta humana violenta, sanguinária e rústica, porém honesta e honrada frente às ações corruptas e gananciosas dos homens civilizados, sendo, portanto uma expressão da barbárie, um tanto necessária na visão de seu criador, principalmente diante de uma determinada crise civilizacional. Além disso, Conan e outros personagens de suas tramas possuem traços dos chamados homens da fronteira do oeste dos EUA, homens que representariam os desbravadores americanos, tão cultuados pelo criador do personagem, muito em razão de suas rusticidades serem consideradas basilares para a formação do país. Natural do Texas, Howard estava muito preocupado com seu contexto histórico de crise econômica e social, aquele da primeira metade do século XX e mais especificamente, da Grande Depressão dos anos 1930. Conan expressa, portanto alguns aspectos de uma conduta mais rústica e verdadeira, mais próxima das condutas idealizadas dos homens que fizeram o oeste e os EUA, significando que as narrativas dos Ciclos de Conan fazem parte da chamada literatura da fronteira, não sendo aqui um estudo somente sobre civilização e barbárie, mas também sobre a própria concepção de fronteira nos EUA no contexto histórico de Robert Howard."

Acesso à dissertação completa: http://www.guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4182

Civilização e barbárie em Conan, de Robert Howard

"Conan, O bárbaro é um personagem de ficção comumente associado ao cinema e a imagem construída a partir da atuação de Arnold Schwarzenegger no filme de John Milius de 1982, sendo muitas vezes erroneamente representado como um sujeito musculoso, selvagem, quase obtuso e que vive exclusivamente da violência. O que muitas pessoas desconhecem é que esse personagem foi criado para a literatura pelo texano Robert Ervin Howard no ano de 1932 e mais, que seu criador é conhecido como o " pai" do subgênero literário denominado de Sword and Sorcery (Espada e Feitiçaria). Tal gênero encontra nas obras literárias, seriadas e fílmicas, The Lord of the Rings e Games of Thrones suas mais populares expressões, sendo Robert Howard e seu Conan, espécies de eixos basilares para todo um conjunto de representações de imenso sucesso midiático na atualidade. O livro que o leitor tem em mãos trata de Howard e de sua principal criatura, abordando não somente as influências do autor na consecução do bárbaro, mas também seu contexto social e histórico. Vivendo em um Texas dos anos 1920/1930, Howard abordou nas vinte e uma narrativas originais de Conan, alguns aspectos que considerava relevantes nas sociedades humanas ao longo do tempo, sendo a tensão entre civilização e barbárie aquela que mais evidenciava a crise de sua época, marcada pela Grande Depressão econômica dos anos 1930 e pela ascensão dos regimes totalitários europeus. Mais do que um mero personagem ficcional, Conan expressou toda uma visão filosófica autoral, como que um modelo de comportamento idealizado e até necessário diante de uma dada civilização decadente e corrupta. Conan seria quase que o homem da fronteira entre civilização e barbárie, sendo ele comumente associado a um oeste americano rústico, selvagem, deveras idealizado e não mais encontrado."

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