Bêlit faz sua única aparição como a personagem-título da história de Conan A Rainha da Costa Negra. Ela é a capitã shemita do Tigresa, uma esguia galé pirata tripulada por corsários negros das Ilhas do Sul. Um comerciante marítimo, Mestre Tito, a descreve ao seu passageiro, Conan, como “a mais selvagem demônia não-enforcada”. Ele é franco em seu medo de se deparar com Bêlit e seus assassinos, vez que eles aparentemente não deixam sobreviventes no rastro de seus ataques marítimos. Naturalmente, o navio comerciante de Tito é atacado pelo Tigresa, e Conan luta por sua vida. Saltando sobre a galé pirata, Conan assola os piratas ao seu redor. Quando ele está prestes a ser morto à distância, Bêlit interrompe a luta. Howard a descreve da seguinte forma:
Ela era esbelta, mas parecida com uma deusa. Era ao mesmo tempo maleável e voluptuosa. A única roupa que vestia era uma faixa larga, de seda. Seus membros brancos como o marfim, e as esferas alvas de seus seios, provocaram um choque de paixão feroz que pulsou em suas veias, mesmo durante a ofegante fúria da batalha. A rica cabeleira negra, tão escura quanto uma noite estígia, caía em brilhantes cachos ondulados sobre suas costas macias. Os olhos negros pareciam queimar sobre o cimério.
Bêlit propõe salvar a vida de Conan, se ele se tornar seu amante e um dos invasores sanguinários. Curiosamente, nenhum de seus corsários parece se importar com isto, considerando que Conan matou uma boa dúzia deles. Conan acredita que, para aqueles negros, Bêlit é uma deusa e sua vontade é incontestável. Ele decide navegar com ela. Durante uma conversa com Conan, Bêlit relata que seus “ancestrais foram os soberanos de Askalon [Asgalun]”.
Nos três anos seguintes, Bêlit e Conan se apaixonam um pelo outro e marcam uma trilha de destruição por toda a Costa Negra, chegando ao ponto de queimarem a frota estígia no porto de Khemi. É durante esta época que Conan ganha seu apelido “Amra”, do povo da Costa Negra.
Bêlit tomou Conan como amante e o elevou acima do restante da tripulação. Ela precisava fazê-lo. Deve ter demorado um pouco para que ela percebesse isso, mas a única coisa que a protegia de sua tripulação era seu sucesso como capitã. Embora fossem jovens e inexperientes, eles confiavam nela para lhes dizer o que era preciso fazer. E, provavelmente, era muito fácil, para ela, colocá-los um contra o outro quando necessário. E vocês sabem que, quando ganhavam experiência, alguns de seus homens começavam a questionar sua líder, quando sentiam que poderiam fazê-lo bem melhor – sendo isto típico de homens em todos os lugares. Se ela falhasse como capitã, eles poderiam tentar substituí-la. Felizmente, Ishtar sorriu para ela e lhe enviou um jovem Adônis cimério, quando ela precisou. Ele era forte como um touro, muito habilidoso com sua espada e capaz de vencer seus mais poderosos guerreiros. Ao salvar sua vida e se tornar sua amante, ela o uniu a si mesma de um jeito que a manteve a salvo da tripulação. Vez que a maioria de seus homens a considerava uma deusa, eles não fariam objeções – e os poucos que talvez a enfrentassem para tê-la, jamais teriam coragem para isso, vez que Amra era muito poderoso. Ela sabia que ele não se moveria contra ela (ao menos, por um tempo), vez que ela era a única coisa que o protegeria das lanças de seus corsários. Ela manteve Conan aplacado com sexo e violência, de modo que eles finalmente se apaixonaram e resolveram todo o problema.
Os principais pontos fortes de Bêlit são seu gênio tático e estratégico inato e seu charme irresistível. Sua mente é um campo fértil para idéias e sugestões. Seu cérebro está sempre trabalhando, girando as coisas em sua cabeça, tentando entender tudo de todos os ângulos. No entanto, ela luta com paciência. Parte dela grita para ser paciente, e a outra parte só quer mergulhar para ver o que acontece. Às vezes, uma vence, outras vezes, a outra vence. Parte de seu charme é que ela coloca toda sua personalidade por trás de cada empreendimento. Um lobo solitário natural em alguns aspectos, ela é uma líder notável. Ela acredita fortemente nos deuses, no poder do amor e na vida após a morte. Ela acredita que os deuses shemitas são os mais poderosos de todos os deuses. Ela prefere conversar sobre assuntos sérios e não quer perder tempo em bate-papos ociosos. Ela tem certeza de suas opiniões e não gosta de ser contrariada.
Bêlit é ambiciosa, motivada por sucesso, dinheiro e status. Embora ela não soubesse disso antes de conhecer Conan, ela também é motivada por um desejo de amor. Toda a sua personalidade é voltada para liderança e poder. Ela pode ser melancólica e severa, prática e determinada. Ela sempre procura o topo de qualquer parte inferior em que está e se esforça para cima o tempo todo. Ela não perde tempo em hedonismo ocioso, pois isso interferiria em seu senso de grande propósito e em sua constante busca por seus objetivos. Ela tem um senso de humor seco, mas tende a ser incisivo. Seu sucesso é geralmente atribuído a uma habilidade de preparação e atenção aos pequenos detalhes. Bêlit tem uma necessidade oculta de ser apreciada, então ela testa continuamente a lealdade das pessoas ao seu redor de pequenas maneiras. Ela valoriza e protege aqueles que ama, pois sua lealdade é profunda – e ela permanece por perto, mesmo quando as coisas estão difíceis.
Bêlit possui a reputação de ter um temperamento forte. Ela usará qualquer fragmento de informação para ganhar uma briga ou discussão, até o ponto de ser cruel. Ela é uma mulher de emoções poderosas, bem como uma mulher de propósito e persistência indomáveis. Ela vai vencer se for possível; em um confronto direto, Bêlit pode sobreviver a uma geleira. Suas paixões são profundas e seu impacto sobre os outros também é profundo – ninguém nunca supera Bêlit ou a esquece.
Ela tem um grande gosto por riqueza e opulência. Ela fazia os planos; sua mente dirigia os ataques-surpresa, enquanto o braço de Conan os executava. Isso, e mais a artimanha com a serpente, indica um senso de astúcia altamente desenvolvido. Ela definitivamente não está acima de usar pessoas para a ajudarem em seus caprichos.
Por fim, Bêlit e Conan navegam Rio Zarkheba acima, até uma cidade em ruínas, onde ela e seus corsários são mortos por um desfigurado macaco alado. Conan se vinga da coisa simiesca e de seus servos – com certo auxílio adequado do fantasma de Bêlit –, e logo é deixado para vagar sozinho novamente.
Tradução: Fernando Neeser de Aragão.
Fontes: “Bêlit – Uma Tentadora” (http://forum.mongoosepublishing.com/viewtopic.php?t=27220) e “O Mistério de Bêlit” (REHUPA #158).
Agradecimentos especiais: Aos howadmaníacos Dale Rippke e Vincent Darlage, dos EUA.