Praga no Deserto


Um Novíssimo Recomeço... Praga no Deserto

(por Fernando Neeser de Aragão)



Prólogo:


Ambicionando liderar sozinha as fileiras zuagires (e ressentida por ter perdido Olgerd Vladislav, a quem ela amava secretamente), a shemita Aysha encontrou, entre os pertences de Conan, a Estrela de Khorala, a qual seu parceiro e amante cimério roubara de Nafertari antes de depor o líder hiperbóreo Olgerd. E, com a ajuda de um feiticeiro, chamado Kahin Abdul, a parceira sexual de Conan enfeitiçou Djebal com a jóia, para que este matasse o cimério enquanto dormia.

Conan despertou abruptamente, nocauteando Djebal com um soco e o amarrando; este recuperou a lucidez e contou a ele os planos da maligna Aysha, de tentar usurpar a liderança dos zuagires. Logo, o cimério também foi hipnotizado por sua ex-parceira e estava prestes a se matar, quando a bela guerreira Zoraide apareceu e matou Aysha, agarrando-a pelos cabelos e lhe abrindo a garganta, enquanto Djebal matava o bruxo, fazendo Conan voltar a si; depois, ela contou ao cimério tudo o que Aysha planejava, e ele arremessou a infame jóia nas areias do deserto, onde as mesmas cobriram o anel para sempre. Após isso, Zoraide se tornou a nova parceira sexual de Conan.



1) Deserto Kharamun, 33.000 a.C.

“Sorte monstruosa e vazia.

Tu, roda volúvel, és má.

Vã é a felicidade sempre dissolúvel”.

(Autor desconhecido)


As cargas continuavam inexoravelmente, batendo nas apertadas fileiras, como o fluxo e refluxo das grandes marés de um oceano desencadeado. Em meio a nuvens de areia, os zuagires suportavam o ataque e não cediam; cravavam suas lanças coradas nos flancos dos cavalos, batiam com lanças que pingavam sangue e cimitarras lascadas. Logo, os ferozes cavaleiros zuagires assumiram a ofensiva e se atiraram contra eles, como se fossem turbilhões furiosos, e dizimavam suas filas com nuvens de flechas. Esticavam seus arcos e atiravam as flechas tão rápido que o olho humano não podia segui-las. Atiravam-se impetuosamente na chacina, gritando e atirando estocadas como dementes, enquanto suas cimitarras quebravam escudos, cascos e crânios. E os turanianos os repeliam, derrubando cavalos e cavaleiros; os faziam em pedaços e apartavam dando chutes, apartavam os cadáveres dos seus próprios companheiros para preencher os espaços deixados e apertar as filas. Os dois exércitos não demoraram a caminhar sobre um tapete de mortos e os cascos das montarias turanianas tropeçavam em meio a um pântano de sangue.


Um turaniano invadiu a tenda de Conan, mas não encontrou o líder zuagir. Uma mulher de pele clara e longos cabelos negros, cujas diáfanas vestes azuis mal lhe cobriam o corpo voluptuoso, quadris largos e seios enormes, virou-se e o encarou, desembainhando e brandindo sua cimitarra. Com um sorriso malicioso nos lábios, o líder turaniano fez o mesmo, quebrando-lhe a cimitarra ao meio. A bela mulher, de nome Zoraide, brandiu uma das tapeçarias bordadas a ouro contra seu antagonista, mas ele partiu a mesma ao meio com seu iatagã. Esquivando-se de outro golpe de espada, Zoraide brandiu sua cimitarra partida e desarmou o turaniano, ficando, ao mesmo tempo, também desarmada. O chefe a empurrou, com um golpe de sua mão aberta num dos seios da companheira de Conan, para que a dor a deixasse fora de ação. Mas, para sua surpresa, o fato do busto de Zoraide ser volumoso e pouco firme o tornava menos sensível a choques físicos do que se fosse firme e pequeno, e ela contra-atacou com uma joelhada em seu ventre encouraçado. O turaniano se recuperou rapidamente, pegando uma cimitarra, a qual estava pendurada numa das paredes, e a brandiu contra a bela shemita. Esta pegou um castiçal, aparando-lhe o golpe. Ambos os objetos ficaram enganchados um no outro, e ele mais uma vez ficou desarmado. O homem, desta vez, agarrou um chicote que trazia sob as vestes, enquanto Zoraide pegou a cimitarra que caíra das mãos dele. Ambos se estudaram por alguns momentos, e subitamente o chefe turaniano brandiu o chicote. Ela se esquivou das três chicotadas dele, mas o homem a desarmou outra vez, com seu açoite se entrelaçando na lâmina da espada e a lançando para longe. Ato seguido, ele laçou o pescoço de Zoraide e, puxando-a para si, deu uma cabeçada no rosto dela e a arremessou sobre uma distante mesa de ébano, na qual a pretendia subjugar e estuprar. Caindo agachada sobre a mesa, a mulher se apoiou nos pés e mãos e, andando de quatro sobre o móvel como uma felina, ela abruptamente saltou sobre a garganta do turaniano e o derrubou ao chão, estrangulando-o cada vez mais, até lhe quebrar o pescoço com um estalo seco.

Cansada de ficar dentro de sua tenda, Zoraide vestiu uma longa cota-de-malha sobre as roupas de seda, pegou uma cimitarra, saiu da tenda e montou num dos cavalos, entrando na luta contra os vassalos do Rei Yildiz de Turan. O primeiro inimigo a atacá-la morreu, com rosto e crânio partidos ao meio por um golpe da companheira de Conan – não apenas de armas, mas também de cama.

Conan havia acabado de entrar na batalha, liderando seus zuagires num furioso contra-ataque, atirando flechas e lanças contra os adversários e equilibrando a batalha. Num duelo acirrado, um turaniano e um zuagir, que haviam caído de seus cavalos, esfaquearam um ao outro em seus respectivos pescoços. Embora os zuagires lutassem como lobos, Conan – e, logo abaixo dele, Djebal e Zoraide – era um leão humano. Nascido e criado numa terra fria de céus sombrios, tendo viajado por vastidões geladas e cidades traiçoeiras, aquele cimério, de cabeleira tão negra quanto a dos zuagires, vulcânicos olhos azuis e pele bronzeada pelos sóis de várias regiões – e agora pelo sol causticante do deserto –, não era apenas um guerreiro armado. Suas armas eram suas ferramentas – e ele era a arma viva e pensante!

Num momento em que Conan ficou desarmado, um turaniano o atacou e morreu com um punhal cravado no coração. Conan pegou o iatagã do recém-falecido e, numa explosão de fúria, saltou sobre o grosso de seus adversários. Lâminas de aço se rasparam e se chocaram. O sangue jorrava e homens uivavam tal qual um vira-lata açoitado, enquanto a Morte ceifava o que lhe era devido. Era assombroso assistir à insanidade combativa do cimério. Girando outra espada, pega de outro adversário morto, ele formava um furacão metálico, provocando uma tempestade sanguinolenta à qual nem mesmo seus adversários poderiam resistir. Com um golpe de ombro, derrubou um turaniano sobre a ponta da lâmina de Djebal, que o trespassou. Ao mesmo tempo, girando sua cimitarra, a bela Zoraide atingiu os olhos de outro inimigo, no mesmo instante em que aparava um duro golpe com o cabo de sua lâmina. No contra-ataque, a companheira de Conan abriu o estômago de um turaniano, espalhando sangue e entranhas sobre a areia. O homem eviscerado urrou de dor, enquanto dúzias de cascos de cavalos de Turan lhe pisoteavam na pressa de escaparem daquele trio, que se destacava em meio a uma massa esmagadora de milhares de bandoleiros do deserto. Conan, Djebal e Zoraide os deixaram fugir.


* * *


Dispostos a levarem adiante a idéia de Olgerd Vladislav, sobre se estabelecerem em Shem, criando um reino unificado – onde, dessa vez, Conan seria o rei, Zoraide a rainha e Djebal o vizir –, eles ficaram a par da existência de um grande tesouro, o qual poderia ajudar ainda mais em sua empreitada. Segundo ouviram da companheira de Conan, tal tesouro ficaria dentro da amaldiçoada cidade de Sabatea, onde uma irmã de Zoraide havia sido escravizada. Os zuagires, agora em número de 35 mil – mais do triplo que no ano anterior –, poderiam facilmente tomar aquela cidade, e usá-la, bem como ao seu tesouro, como base para suas conquistas em Shem.

Dentro da tenda de Conan, ele, Djebal e Zoraide analisavam um mapa estirado sobre a mesa.

- Então, esta é Sabatea, a Maldita – disse o líder cimério.

Sabatea era uma cidade menor, mas com muitas construções e recursos sem igual, os quais seriam um grande benefício para qualquer aspirante a império. Seus maiores recursos eram as inigualáveis pimentas do Rio Vermelho, as quais eram parte de um lucrativo comércio de pimentas entre o sacerdócio e os feiticeiros do mundo, e uma fonte primária de renda para Saa’bah. Além disso, os artesãos sabateanos faziam excelentes cerâmicas pintadas – mais comumente vasos para incenso, pós e elixires, feitos por sacerdotes e feiticeiros.

- Devido à existência de grande comércio entre os feiticeiros de lá com os de outras partes do mundo, devemos encontrar muita resistência lá – respondeu Zoraide.

- Proponho nos dividir em grupos menores e entrar pelos portões – disse Djebal. – Primeiro verificaremos as ruas, para nos certificar se por acaso sua irmã se encontra no mercado de escravos, Zoraide.

- Não há ruas, nem mercado de escravos, em Sabatea, Djebal – respondeu a companheira de Conan. – Sabatea é, na verdade, um enorme palácio, sombrio como os templos da Stygia. – Não iremos comprar Sumaya, e sim resgatá-la!

Conan e Djebal assentiram, balançando silenciosa e positivamente as cabeças. A seguir, o segundo-em-comando de Conan se retirou da tenda, deixando-o a sós com Zoraide. Após trocarem beijos quentes e ferozes na boca e nos corpos, o casal de líderes zuagires se amou louca e selvagemente, pouco antes de adormecer.


Horas mais tarde, cinco homens vestidos em robes verdes se esgueiravam pelo acampamento zuagir, munidos de porretes e maças. O guarda da tenda de Conan os avistou e, pondo sua lança de prontidão, gritou:

- Bastardos! Às armas!

Vendo que o elemento-surpresa havia sido desfeito, um dos homens arremessou sua maça contra o guarda, mas este pôs sua lança em posição horizontal, rebatendo a arma do invasor. Este, de porrete na mão, investiu contra o guarda, mas teve seu peito atravessado mortalmente pela lança, até a ponta desta se lhe projetar pelas costas.

Acordados pelo barulho, Conan e Zoraide saíram de sua tenda, ao mesmo tempo em que aqueles homens de verde investiam contra eles dois e a sentinela que alertara o acampamento. Enquanto Conan enfiava, num golpe ascendente, sua cimitarra entre o pescoço e o queixo do invasor mais próximo, o guarda fez o mesmo com o adversário seguinte, usando sua lança, enquanto Zoraide estripava um terceiro. O ultimo deles foi morto por um giro da lâmina do cimério, o qual lhe decepou a calota craniana, derramando sangue e miolos sobre a areia.

Enquanto Djebal e os demais zuagires convergiam em direção ao combate recém-terminado, Conan tocou, com o pé, o cadáver de um dos invasores.

- Por Crom e Dagda! Quem eram?

- Os Fanáticos de Yog, Conan – respondeu Zoraide. – São homens ferozes e perigosos, com devoção fanática; eles derrubam seus inimigos com porretes e maças, a fim de prevenir a perda excessiva de sangue, o qual é uma parte muito importante de seus rituais.

- Temos que nos aproximar cautelosamente daquela cidade, pois já estamos no território de Saa’bah, perto demais dela – disse Djebal. – É possível que os bruxos de lá estejam sabendo da nossa iminente invasão?

- Pouco provável – respondeu Zoraide. – Eram apenas batedores.

Conan e Djebal assentiram.



2) Sumaya


Ao sul do Deserto do Leste e a leste da Stygia, ficava uma terra escura e maligna, tão temida que até mesmo os temíveis comerciantes shemitas a evitavam, e ela era tão pouco conhecida que se acreditava ser há muito abandonada, como a cidade morta de Kuthchemes. E a cidade de Sabatea, com seus muitos domos, era a capital de Saa’bah, uma terra antiga, há muito usada como a capital do Anel Negro, na época da Antiga Stygia, e ardentemente disputada pelo velho império do Iranistão.

A primeira habitação humana daquela que se tornaria Sabatea havia sido, originalmente, um sistema de cavernas, construído por uma misteriosa cultura de moradores de grutas. Começando como meramente túneis escavados, a arte e sofisticação destas cavernas se desenvolvera em espetaculares templos, palácios e castelos, escavados nas rochas, com cada detalhe tão impressionante quanto as Cavernas de Jhelai, em Vendhya, ou os templos subterrâneos da Stygia. Finalmente, mais construções convencionais haviam sido erigidas ao redor das montanhas, e a cidade de Sabatea se tornara um poder no Leste.

Durante muitas eras, Sabatea havia se mantido forte, resistindo até mesmo ao Grande Cataclismo, com sua arquitetura espantosamente durável, e sua posição fortuita numa área geologicamente quieta. Entretanto, o poder do povo que se tornaria o stígios subjugou a cidade, e ela havia se tornado parte do antigo Império Stígio, onde o notório Anel Negro fizera dela o centro de suas abomináveis feitiçarias.

Então, vieram os hiborianos. Quando até mesmo a poderosíssima Kuthchemes cambaleara sob o ataque dos invasores hiborianos, Sabatea fora duramente pressionada a se defender. O Anel Negro havia se deslocado para Keshatta, e a nobreza fugira para Khemi; poucos soldados haviam ficado na cidade, para defendê-la dos saqueadores do norte. O destino fora gentil com Sabatea, quando os hiborianos haviam ignorado a cidade oculta e voltado sua atenção para outros lugares. Esta sorte, entretanto, não durara: séculos após a retirada dos stígios, Sabatea fora atacada pelo reino do Iranistão. Mas Sabatea não havia sido complacente: nos anos, desde que fora abandonada pelo Anel Negro, um novo quadro de feiticeiros subiu ao poder. Formado por bruxos, sacerdotes e hereges fugitivos, expulsos de suas terras natais, este círculo poliglota de renegados e radicais transformara Sabatea, de uma relíquia abandonada, em uma fortaleza de magias sombrias. Este círculo podia manipular tanto a Stygia quanto o Iranistão, colocando-os um contra o outro, enquanto conspiravam e o povo de Saa’bah construía suas tropas e infra-estrutura. Com o tempo, Saa’bah emergiu como um novo poder no leste.

Saa’bah era isolada e reservada, com uma população composta, em sua maior parte, por sabateanos nativos e uma considerável presença stígia. Os stígios, naturalmente, cultuavam Set, e os templos da Velha Serpente dominavam a cidade externa; entretanto, os antigos sabateanos cultuavam Yog, o Senhor das Moradas Desertas. Sabatea era o lar do culto a Yog, o qual se espalhava até Zamboula e Darfar.


O exército de Saa’bah era modesto, mas suficiente para defender a terra deles. Os soldados regionais eram disponíveis como mercenários ou recrutas regionais em Sabatea: tropas sabateanas, Guerreiros Sabateanos e Fanáticos Yoguitas. As tropas sabateanas eram simples camponeses e trabalhadores, armados com lanças e com arcos ao estilo shemita; alguns deles usavam armaduras leves, mas a maioria vestia pano ou seda. Os Guerreiros Sabateanos eram uma elite desorganizada, formada por velhos guerreiros stígios, nômades shemitas e sabateanos dignos de nota na experiência em batalha; usavam uma grande variedade de armaduras, e manejavam uma arma de cabo curto e um escudo, com um arco longo de estilo stígio. Além, é claro, dos Fanáticos de Yog.

Num escuro quarto daquela cidade – tão abobadado quanto todas as câmaras de Sabatea –, uma esguia e jovem escrava shemita despertava de seu sono, ia até a cozinha e, após acender, com certa dificuldade, o fogo, preparou um enorme caldeirão de sopa, para dar de comida aos prisioneiros do local – na verdade, futuras vítimas de sacrifícios a Yog e a Set, as quais praguejavam ao vê-la. Após fazê-lo – devidamente vigiada por um guarda – ela retornou ao estrado de palha com travesseiro, onde dormia em seu quarto, e chorou, tanto pela sua sina quanto pela dos prisioneiros.


No dia seguinte, os zuagires finalmente avistaram Sabatea – uma enorme construção esculpida na rocha, cuja arquitetura lhes era totalmente desconhecida. Conforme combinado com Conan, Zoraide montou em seu cavalo e, com o rosto velado e acompanhada por Djebal e alguns zuagires, aproximou-se do portão da cidade. Um dos guardas locais a parou e lhe perguntou o que queria.

- Meu nome é... – ela começou a dizer.

- Mandei me dizer o que quer, mulher. Não como sua mãe escolheu te chamar para dar chineladas.

- Somos nômades do deserto, e gostaríamos de comprar algumas das pimentas e cerâmicas de Sabatea por um preço justo – respondeu a mulher.

- Viu como foi fácil? – disse a sentinela. – Pedágio!

Djebal entregou três moedas de ouro ao guarda. Este as mordeu e os deixou passar.

- Próxima vez, amanse melhor sua mulher, nômade! – acrescentou o guarda.

As mandíbulas de Zoraide se contraíram de ódio. Ela, assim como todos os shemitas adoradores de Ishtar, detestava o machismo dos yoguitas e sabateanos, os quais achavam errado as mulheres andarem sem véu e a cavalo. Ao entrarem, ela sussurrou a Djebal sobre os buracos nos tetos das abóbadas dos corredores daquela cidade, nas quais arqueiros incansáveis mantinham suas flechas de prontidão contra qualquer possível invasor.


Enquanto isso, a caminho da cidade, Conan conversava com seus companheiros mais detalhes sobre a invasão a Sabatea.

- Um exército é algo difícil de esconder – disse o cimério, com um sorriso –, mas os zuagires cavalgam com alguém que os ensinou a serem hábeis lanceiros!

Ao mesmo tempo, dentro da cidade, lanças arremessadas por Zoraide, Djebal e os outros dez zuagires com eles, deram cabo dos arqueiros que os vigiavam desde os buracos nos tetos abobadados de Sabatea. Ao mesmo tempo, uma das sentinelas avistou os zuagires se aproximando a toda carga da cidade e mandou fechar os portões. Mas uma flecha certeira de Conan deu cabo da sentinela e a cidade foi invadida por 10 mil zuagires. Estripando e decapitando sabateanos com golpes rápidos, Conan adentrou Sabatea; subiu um lance de escadas, do qual Zoraide lhe falara no acampamento, e arrombou uma das portas. Lá, ele encontrou Djebal tocando um berrante.

Foi a deixa. Os outros 25 mil zuagires, que estavam divididos em três grupos, avançaram impiedosamente contra Sabatea. Um grupo atacou o portão norte; outro soltou uma chuva de flechas ao sul, derrubando as tropas sabateanas, enquanto o outro correu uivando como demônios pelo leste. Como os invasores já estavam dentro de Sabatea, a única chance dos sabateanos era enfrentá-los dentro daquele enorme palácio.

Mas, ao contrário do que Zoraide temia, os Guerreiros Sabateanos e Fanáticos Yoguitas não foram páreos para a horda de 35 mil bandoleiros que invadiu o local, manchando de vermelho o chão, as paredes e os tetos daquela cidade. Lanças, machados, espadas e flechas se saciavam em corpos de stígios e de mestiços de stígios com shemitas.

Cada um lutava como podia. Temporariamente desarmada, Zoraide acertou um braseiro na cabeça de um dos sabateanos. Enquanto este se contorcia, com os cabelos e parte da pele queimando, ela recuperou sua cimitarra e a enfiou na barriga dele. Arqueiros sabateanos eram abatidos com lanças e flechas arremessadas por centenas de zuagires, antes que pudessem disparar uma única seta. Todos os prisioneiros de Sabatea foram libertados pelos lobos do deserto e, munidos das correntes que outrora os prendiam, chacinaram seus guardas e carcereiros, arrebentando crânios e quebrando pescoços enquanto os estrangulavam. Quinhentos zuagires perderam as vidas naquele ataque, mas foram substituídos pelos ex-prisioneiros, que somavam quase mil.


Enquanto isso, levando na ponta de uma lança a cabeça do rei de Sabatea, Zoraide e Conan avistaram uma esguia e morena escrava shemita num quarto escuro daquela cidade, e mataram os dois guardas que a vigiavam na porta de entrada, cada um com uma flecha. O casal do qual a jovem escrava cuidava (e que a oprimia) foi morto a golpes de espada por Djebal e outro zuagir, que invadiram os aposentos daqueles dois. Conan entrou primeiro que sua companheira.

- Onde estão todos? – perguntou o líder cimério.

- Os mercadores pegaram suas famílias, seus servos e tesouros, e fugiram para outros locais da terra de Saa’bah.

- Mas você não? – retrucou Conan.

- Minha vida não vale o esforço – ela respondeu, suspirando.

- Você é Sumaya, não? – perguntou o bárbaro.

- Sim, sou eu.

- Eu sou Conan, um cimério. Sua vida vale mais para mim do que para você, pelo que parece. E, para sua irmã Zoraide, sua vida não tem preço – ele acrescentou, enquanto a irmã de Sumaya adentrava sorridente o aposento.

Sumaya sorriu ao reconhecer a irmã e literalmente desmaiou de alegria nos braços da linda zuagir. Zoraide derramou uma lágrima de felicidade, enquanto carregava a irmã para longe dali.

Feiticeiros de Set e Yog mal tinham tempo de conjurarem seus feitiços contra os zuagires, pois eram mortos por lanças e flechas certeiras. A visão de seus protetores morrendo havia feito os mercadores fugirem para outras cidades daquela região. Mas, um feiticeiro moribundo, que se escondera nos subterrâneos assombrados do local, invocou Set e Yog, amaldiçoando a horda que o matara e que agora ocupava a parte superficial de Sabatea.



3) Vingança e traição


Graças a Sumaya, o tesouro de Sabatea foi encontrado numa câmara quase tão grande quanto a de Kuthchemes e saqueado. Mil zuagires e ex-prisioneiros ficaram naquela cidade, monopolizando o comércio de pimenta e cerâmica. Os demais ex-prisioneiros foram anexados aos zuagires e estavam sendo treinados, cada vez mais a cada dia, para serem tão bons guerreiros quanto os bandoleiros aos quais Conan comandava. Ao longo dos dias seguintes, os zuagires conquistaram algumas outras cidades de Saa’bah.

Numa delas, os lobos do deserto foram cercados por centenas de cavaleiros shemitas com coletes de escamas e elmos cilíndricos – guerreiros asshuri de Shumir, vestidos de branco, que estavam ali de passagem. Conan os conhecia desde a época em que servira aos exércitos da Princesa Yasmela. E há um ano, quando os zuagires eram apenas 11 mil, Conan os havia derrotado em Khauran. Agora, apesar de terem invadido aquela cidade da região shemita de Saa’bah, eles foram facilmente repelidos pelos zuagires, em maior número. Enquanto Conan os decepava ao meio, derramando vísceras e sangue pelas câmaras da cidade, Zoraide os derrubava também através da esgrima. Num dado momento em que Conan se livrava de um dos shumirianos, numa das salas da cidade, outro deles invadiu o acampamento e irrompeu na tenda de Sumaya, tentando estuprá-la. Ouvindo os gritos da irmã, Zoraide – que havia saído da cidade, para verificar o acampamento – adentrou o local e cravou sua cimitarra nas costas do asshuri que tentara violentar a ex-prisioneira dos sabateanos. Contudo, apareceu mais um shumiriano naquela tenda, antes que a companheira de Conan pudesse soltar sua lâmina do corpo blindado do homem.

Ela agarrou o invasor pelo pescoço e, antes que este pudesse desembainhar a espada, lhe bateu a cabeça na quina da mesa. Ele, contudo, protegido do impacto pelo elmo, a ergueu e arremessou no chão da tenda. O guerreiro de Shumir desembainhou seu sabre, ao mesmo tempo em que Zoraide se protegeu do ataque inimigo com um travesseiro. Enquanto este explodia em penas pela tenda, a irmã da indefesa Sumaya girou quase tão agilmente quanto seu companheiro de batalhas e de cama, agarrou um vaso e o espatifou na cabeça do asshuri, deixando-o aturdido. Agarrando a cimitarra que seu antagonista deixara cair, Zoraide decepou, de um só golpe, a cabeça do pretenso estuprador.

Ofegante, Sumaya agradeceu à irmã por lhe salvar a vida. Mas, ao voltar à batalha, que se desenrolava parcialmente no acampamento, Zoraide não percebeu um estranho e sobrenatural brilho nos olhos da filha de seu genitor.

Enquanto isso, dentro da cidade, o cimério enfrentava um gigante asshuri, de quase 2,10m de altura, cruzando cimitarras com ele, até se aproveitar de uma breve fração de segundo em que ele abaixou a guarda, para lhe abrir a testa num giro rubro que lhe arrancou faíscas do capacete e miolos do crânio. Enquanto isso, Djebal dava conta de outro shumiriano, acertando-lhe um chute no ventre encouraçado e lhe decepando a cabeça, num jato de sangue.


Após os poucos asshuri shumirianos remanescentes fugirem, os zuagires prosseguiram em sua viagem para oeste, com uma quantidade cada vez maior de ex-prisioneiros anexados às suas fileiras. Com o tesouro em mãos, e inúmeros guerreiros, agora só lhes faltava uma grande investida contra as cidades de Eruk, Shumir e Nippr, para dali atacarem como leões toda Shem, e conquistá-la, de Saa’bah até Asgalun.

Súbito, Djebal gritou, caiu ao chão e se contorceu. Sua carne rachava tal qual uma serpente trocando de pele, e logo seus gritos se converteram numa risada maníaca. Vendo que nada poderia fazer, quando viu Djebal ficar sem ar e apertar a garganta com os olhos arregalados e a língua de fora, o líder cimério, com o olhar nublado, abreviou a agonia do amigo com um rápido golpe de espada.

Sem o saberem, os lobos do deserto haviam sido todos amaldiçoados com uma praga, a qual se alastrara a partir de Sabatea. Lá, e em todas as cidades de Saa’bah ocupadas por zuagires, aquela peste se espalhava por entre todos os bandoleiros do deserto comandados por Conan.

Naquele momento, o cimério se lembrou de um poço que vira em Sabatea, ao qual Sumaya chamara Poço de Skelos. Segundo ela, era um local onde os mortos ressuscitavam e, ao ouvir isso, ele se indagou se um dos bruxos não teria se lançado lá (ou sido lançado lá) e voltado à vida. De fato, sem que o bárbaro das colinas soubesse, isso não só acontecera, como também feiticeiros de Sabatea, que haviam se refugiado nos subterrâneos daquela cidade, retomaram o poder dela e agora exterminavam os zuagires de lá, e de todas as outras cidades de Saa’bah, sem brandirem uma só arma.


Uma semana depois, quando dois terços dos lobos do deserto haviam perecido da estranha peste, uma horda de cem asshuri – remanescentes dos shumirianos que foram mortos sete dias antes, e reforçados por milhares, vindos de Eruk – atacou impiedosamente os zuagires, com lanças e flechas atiradas desde as laterais superiores de um desfiladeiro por onde os bandoleiros passavam. Conan conseguiu fugir a cavalo com Zoraide, Sumaya e uma parte do tesouro, mas os demais zuagires, doentes demais para resistirem, se dispersaram pelos quatro ventos – apenas uma centena deles, ainda saudável, seguiu seus líderes e a jovem ex-escrava.

Finalmente chegando a um lugar seguro, eles montaram acampamento. Deixando Zoraide e Sumaya em sua tenda, Conan foi até as outras barracas, para ver como estavam seus lobos do deserto. A maioria continuava perecendo daquela praga lançada pelos malditos bruxos sabateanos, e não havia nada que pudesse ser feito, exceto lhes abreviar o sofrimento com golpes rápidos e certeiros de espadas, punhais e lanças.

Enquanto isso, dentro da tenda de Conan, Sumaya acertou traiçoeiramente uma cadeira nas costas de Zoraide, a desarmou e, derrubando-a ao chão, ergueu um punhal contra a irmã.

- Sua irmã está morta desde o dia em que eu, Radamés de Sabatea, ocupei o corpo dela e trouxe a praga contra todos vocês, chacais shemitas do deserto! – ele disse através dela, com um brilho sobrenatural nos olhos e estrangulando Zoraide.

Esta se contorceu e segurou o pulso de Sumaya (que não era mais Sumaya). E, puxando um punhal que trazia no cinto, o arremeteu fatalmente no ventre de sua antagonista.

Atraído pelos gritos, Conan adentrou sua tenda a tempo de ver sua companheira matar a irmã, deixar o punhal cair ao chão e depois ela própria se lançar no solo atapetado e chorar convulsivamente. Ele lhe perguntou o que aconteceu, ela explicou e ele passou a noite consolando Zoraide, enquanto, lá fora, a praga sabateana se alastrava cada vez mais por entre os zuagires; e, em Sabatea, o feiticeiro Radamés agonizava e morria definitivamente – pois o Poço de Skelos não ressuscitava ninguém duas vezes.


* * *


A morte no deserto é muito cruel. Os abutres vão arrancando a carne humana até expor os ossos, e disputam os olhos de suas vítimas como se fossem iguarias. Se ao menos um dos abutres ficasse ao alcance das flechas de Conan e Zoraide, eles o matariam e lhe comeriam a carne crua, mas os deuses caprichosos pareciam estar negando até mesmo isso ao casal. Súbito, eles avistaram um oásis, onde finalmente puderam saciar a sede, dar de beber aos cavalos, comer do fruto das palmeiras, descansar e fazer sexo. De lá, cavalgaram para noroeste.

Únicos sobreviventes da horda, Conan e Zoraide chegaram até Zamora, onde puderam, pela primeira vez, desfrutar de uma noite totalmente aconchegante nos braços um do outro.

A seguir, ambos seguiram viagem para Khauran, onde foram recebidos de braços abertos pela Rainha Taramis, passando a integrar a guarda da rainha, a qual devia muito a Conan e a Valerius pela sua vida, ameaçada há vários meses pela sua irmã gêmea maligna Salomé e por Constantius.

Sob a luz de um candeeiro, posto ao lado da cama, Zoraide decidiu, desta vez, excitar o cimério para que este a excitasse. Após ambos se despirem completamente, ela deitou na cama o recém-banhado ex-líder dos zuagires e montou sobre este, esfregando e espetando-lhe o membro com o uso da própria mata negra pubiana, e arrancando-lhe suspiros. Enquanto ofegava, o bárbaro viu a shemita – que estava ereta sobre ele – inclinar o corpo alvo sobre o dele, com os ombros para a frente e aproximando o busto de seu rosto moreno e cicatrizado.

O balanço daquele busto volumoso e alvo fez o cimério sugar as mamas de Zoraide, enquanto esta, finalmente excitada, se deixou adentrar por Conan e crispou, minutos depois, as unhas sobre o colchão de seda, guinchando de êxtase de prazer, enquanto o bárbaro do Norte a penetrava fortemente, sem parar, um minuto sequer, de sugar os seios grandes e trêmulos da shemita. Após um intenso orgasmo, o casal adormeceu. No dia seguinte, eles enfrentariam um ataque de kothianos liderados por um dos muitos príncipes rebeldes daquele país vizinho.


A batalha havia sido breve e, tendo sido o príncipe um dos primeiros a cair, a maioria dos kothianos sobreviventes debandou rapidamente de volta à sua nação ao norte. Súbito, o grito de Zoraide chamou a atenção de Conan, fazendo-o correr até ela e avistá-la, meio agachada em posição defensiva, com vários homens furiosos diante de si, e um caído ao chão, com a garganta cortada pela ensangüentada espada daquela bela mulher, de roupa rasgada e cota-de-malha manchada de sangue.

O grito-de-guerra cimério chamou a atenção daqueles kothianos. No instante seguinte, dois lanceiros atacaram o bárbaro, vindos de lados opostos, enquanto outros homens o cercaram. No exato momento em que os dois homens tentaram vará-lo, Conan se jogou no chão, esquivando-se e fazendo o outro ser trespassado pela lança do conterrâneo, ao mesmo tempo em que decepou as duas pernas do lanceiro vivo – o qual se esquivara da lança do anterior – e lhe rachou o crânio moreno, num espirro de sangue e miolos sobre o solo.

Então, os outros dez homens armados, que haviam cercado o cimério que se levantava, avançaram até ele e a mulher.

Sem esperar o ataque, Conan e Zoraide partiram novamente para a luta, talhando três antagonistas num só golpe cada um, rasgando dois ventres e um peito encouraçados em enormes jatos escarlates, misturados ao inconfundível som de malha e ossos quebrados, com carnes e vísceras dilaceradas. O sétimo, com a espada erguida, recebeu entre as pernas o violento impacto de um pontapé da mulher, antes de ter o crânio rachado, num espirro de miolos pelo próprio rosto contorcido pelo estertor de morte.

O oitavo atacante, por sua vez, quase atingiu o cimério com um giro mortal do seu machado. Aproveitando a guarda momentaneamente aberta daquele kothiano, o bárbaro, com agilidade felina, arremeteu a espada num golpe lateral, abrindo os músculos peitorais, bem como o coração e espádua do atacante.

Então, outro adversário tentou atacar a mulher, mas Conan lhe decepou a mão que empunhava a arma e, um segundo depois, talhou fora a cabeça morena do kothiano, a qual voou num enorme jato de sangue, manchando de rubro o chão onde o crânio rolou, segundos depois.

O ataque seguinte foi silencioso, e somente o instinto bárbaro de Conan o salvou de perder a cabeça. E, no instante seguinte, o choque das espadas, aliado ao abundante sangue no solo, fez o cimério escorregar e cair ao chão, momentaneamente indefeso e com a guarda aberta.

Quando o soldado ergueu sua espada, esta caiu de seus dedos rijos no momento seguinte, seguida pelo homem que a empunhava – este com uma longa adaga enfiada nas largas costas. Então, o cimério viu, atrás do enorme cadáver, a forma voluptuosa e sorridente de Zoraide, a qual arrancava o punhal do pulmão daquele homem, enquanto este se enrijecia no solo.



Horas mais tarde, após festejarem a vitória, e após Conan ter ido para a cama com Zoraide, o cimério a deixou dormindo em seu quarto e se dirigiu silenciosa e furtivamente aos aposentos de uma das criadas de Taramis.

Minutos depois, sob a parca e trêmula luz artificial do quarto, crescia, diante dos olhos da criada kushita Pebatjma (uma ex-escrava, comprada por Taramis de um mercador zamoriano, o qual por sua vez a comprara em Turan), o agigantado e musculoso corpo moreno de Conan, num vaivém delicioso aos sentidos da negra – a primeira mulher dessa cor a quem o bárbaro levava para a cama – e, é claro, aos do cimério. Num contínuo e crescente latejar de órgãos, o prazer explodiu em ambos, num gemido rouco do bárbaro, abafado pelo selvagem grito feminino da negra que, beijando sofregamente os lábios do bárbaro, cravou as unhas em Conan.

Então, ambos relaxaram, com suas mentes clareadas e seus corpos aliviados; e Conan, com o rosto entre os seios da jovem – tão fartos quanto os de Zoraide –, mais uma vez lhe aspirando e sugando o suor salgado e excitante. Súbito, ao se virar para o outro lado, o cimério avistou e reconheceu uma figura ágil e voluptuosa, agachada no parapeito da janela do quarto da criada. A bela silhueta feminina saltou em direção à cama, mas Conan lhe antecipou o movimento e a deteve, antes que pudesse cair sobre Pebatjma – que, devido ao solavanco causado pelo salto de Conan, acordara assustada – e lhe agarrar o pescoço, como o bárbaro já a vira fazer inúmeras vezes.

- Seu porco traidor! – sibilou Zoraide, com o belo rosto crispado de ódio e batendo seus punhos brancos no peito forte do bárbaro, os socos lhe causando menos incômodo que moscas pousando. – Chacal desgraçado! – E ela sibilou palavrões ainda piores.

Conan ficou constrangido. Ele não era mais monógamo que qualquer aventureiro, mas nele havia uma decência inata que o levava a proteger qualquer mulher que nele confiasse. E ele agora se sentia frustrado por deixá-la decepcionada.



Enquanto Zoraide continuou a integrar a guarda da rainha, Conan seguiu para noroeste com a kushita, voltando à sua carreira de mercenário. A caminho de Koth, o cimério – apesar das tórridas noites de sexo com a bela Pebatjma, que agora o acompanhava – se perguntava qual havia sido sua pior perda: se a de seus zuagires ou a da companhia de Zoraide. Esta, por sua vez, no palácio de Taramis (e, apesar da amizade com Valerius, Ivga e a rainha de Khauran), também não sabia qual fora a sua pior perda: se a da irmã ou a da confiança em seu ex-companheiro cimério. Para Zoraide, ela e Conan haviam sido mais do que amantes, pois eram companheiros de batalhas, e esse tipo de relação a marcara de forma permanente. Lutar pela vida ao lado de alguém, em certos momentos, pode significar uma proximidade diferente de tudo o que os civilizados acreditam. Zoraide havia perdido isso e se sentia em uma solidão mais forte que aquela dos amantes, pois perdera alguém que havia sido para ela um irmão de armas.



FIM

 

 


Agradecimento especial: Aos howardmaníacos e amigos Károly Mazak, da Hungria, Marco Antonio Collares; Deuce Richardson, dos EUA, e Al Harron, da Escócia.


Nota: Os versos, usados como epígrafe no primeiro capítulo deste conto, foram extraídos de poemas, escritos em Latim e Alemão, no final do século 13 por monges proscritos, na região da Baviera, na Alemanha. Em 1937, o compositor Carl Orff (1895-1982) transformou todas estas poesias na famosa ópera “Carmina Burana”. Os trechos utilizados nesta aventura pertencem à música “O Fortuna”, a mais famosa da citada ópera.

 



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