(por Al Harron – com comentários de Deuce Richardson)
“O
Anel Negro era uma fábula e uma mentira para a maioria das pessoas do mundo
ocidental, mas Conan sabia de sua medonha realidade e de seus devotos sombrios,
os quais praticavam suas feitiçarias abomináveis no meio das catacumbas negras
da Stygia e cúpulas noturnas da amaldiçoada Sabatea”.
(A Hora do Dragão)
Evidência para, pelo menos, uma aventura não-contada de
Conan, na minha opinião.
“Conan, você é do Oeste e não
conhece os segredos desta terra antiga. Mas desde o início dos tempos, os
demônios do deserto têm adorado Yog, Senhor das Moradas Desertas, com fogo –
fogo que devora vítimas humanas”.
(Os Canibais de Zamboula)
Agora, para as revelações de “Os Filhos do Lobo Branco”. Em
“O Sangue dos Deuses”, o que Robert E. Howard chama de o Rub’al-Khali? “As
Moradas Desertas”. Some-se o fato de que Howard P. Lovecraft disse que Alhazred
era um devoto de Yog-Sototh e que ele aprendera muito de sua
sabedoria nas “Moradas Desertas” (tudo isso REH sabia), e sinto que há um caso
de forçação aqui. E também, “Senhor das Moradas Desertas” é um duplo
atendimento para Aquele que governa as “moradas vazias”, onde “as esferas se
encontram”.
Ao sul do
Deserto do Leste e a Oeste da Stygia, fica uma terra escura e maligna, tão
temida que até mesmo os temíveis comerciantes shemitas a evitarão, e ela é tão pouco
conhecida que acredita-se que seja há muito abandonada, como a cidade morta de
Kuthchemes. E a cidade de Sabatea, com seus muitos domos, é a capital de
Saa’bah, uma terra antiga, há muito usada como a capital do Anel Negro, na
época da Antiga Stygia, e ardentemente disputada pelo velho império do
Iranistão.
Gosto da idéia de ondas de invasores/governantes num local que
mantém sua original consagração maligna. Você vê isto em REH e HPL.
A primeira
habitação humana daquela que se tornaria Sabatea era, originalmente, um sistema
de cavernas, construído por uma misteriosa cultura de moradores de grutas. Começando
como meramente túneis escavados, a arte e sofisticação destas cavernas se
desenvolveu em espetaculares templos, palácios e castelos, escavados nas
rochas, com cada detalhe tão impressionante quanto as Cavernas de Jhelai, em
Vendhya, ou os templos subterrâneos da Stygia. Finalmente, mais construções
convencionais foram erigidas ao redor das montanhas, e a cidade de Sabatea se
tornou um poder no Leste.
Mais revelações. Em “O Sangue dos Deuses”, Francis Xavier
Gordon está procurando pelas “cavernas de El Khour” (na parte noroeste de Omã),
escavadas por um povo misterioso e antigo. Dê uma olhada em “Thamudi” e o “Labirinto
de Hawara”.
Durante muitas
eras, Sabatea se manteve forte, resistindo até mesmo ao Grande Cataclismo, com
sua arquitetura espantosamente durável, e sua posição fortuita numa área
geologicamente quieta. Entretanto, o poder do povo que se tornaria o stígios
subjugou a cidade, e ela se tornou parte do antigo Império Stígio, onde o
notório Anel Negro fez dela o centro de suas abomináveis feitiçarias.
Ok. Não estou dizendo que discordo, mas preciso ver uma
análise mais completa da história dos primeiros sabateanos.
Então, vieram
os hiborianos. Quando até mesmo a poderosíssima Kuthchemes cambaleou sob o
ataque dos invasores hiborianos, Sabatea foi duramente pressionada a se
defender. O Anel Negro se deslocou para Keshatta, e a nobreza fugiu para Khemi;
poucos soldados ficaram na cidade, para defendê-la dos saqueadores do norte. O
destino foi gentil com Sabatea, quando os hiborianos ignoraram a cidade oculta
e voltaram sua atenção para outros lugares. Esta sorte, entretanto, não durou:
séculos após a retirada dos stígios, Sabatea foi atacada pelo reino do
Iranistão. Mas Sabatea não havia sido complacente: nos anos, desde que fora
abandonada pelo Anel Negro, um novo quadro de feiticeiros subiu ao poder. Formado
por bruxos, sacerdotes e hereges fugitivos, expulsos de suas terras natais,
este círculo poliglota de renegados e radicais transformou Sabatea, de uma
relíquia abandonada, em uma fortaleza de magias sombrias. Este círculo podia manipular
tanto a Stygia quanto o Iranistão, colocando-os um contra o outro, enquanto
conspiravam e o povo de Saa’bah construía suas tropas e infra-estrutura. Com o
tempo, Saa’bah irá emergir como um novo poder no leste.
Acho possível um controle político iranistani de Sabatea.
Zamboula era originalmente sabateana? Eu a vejo como a “Palmira da Era
Hiboriana”.
Saa’bah é
isolada e reservada, com uma população composta, em sua maior parte, por
sabateanos nativos e uma considerável presença stígia. Os stígios,
naturalmente, cultuam Set, e os templos da Velha Serpente dominam a cidade
externa; entretanto, os antigos sabateanos cultuam Yog, o Senhor das Moradas
Desertas. Sabatea é o lar do culto a Yog, o qual se espalha até Zamboula e Darfar.
Realmente acho que os shemitas seriam o grupo étnico
dominante. Talvez eles tenham fugido do jugo kothiano, quando o reino
setentrional da Stygia caiu. Seria Sabatea a “Acheron Shemita”?
Na época de
Conan, Sabatea é uma cidade menor, mas com muitas construções e recursos sem
igual, os quais seriam um grande benefício para qualquer aspirante a império.
Seus maiores recursos são as inigualáveis pimentas do Rio Vermelho, as quais
são parte de um lucrativo comércio de pimentas entre o sacerdócio e os feiticeiros
do mundo, e uma fonte primária de renda para Saa’bah. Além disso, os artesãos
sabateanos fazem excelentes cerâmicas pintadas – mais comumente vasos para
incenso, pós e elixires, feitos por sacerdotes e feiticeiros.
Presumo que esse “Rio Vermelho” seja o nome de um “espaço
reservado”. Gosto da idéia de Sabatea sendo a “drogaria” para magos da Era
Hiboriana. Talvez os sabateanos cultivassem a agora extinta árvore do bálsamo.
O exército de
Saa’bah é modesto, mas suficiente para defender a terra deles. Os soldados
regionais são disponíveis como mercenários ou recrutas regionais em Sabatea:
tropas sabateanas, Guerreiros Sabateanos e Fanáticos Yoguitas. As tropas
sabateanas são simples camponeses e trabalhadores, armados com lanças e com
arcos ao estilo shemita; alguns deles usam armaduras leves, mas a maioria veste
pano ou seda. Os Guerreiros Sabateanos são uma elite desorganizada, formada por
velhos guerreiros stígios, nômades shemitas e sabateanos dignos de nota na
experiência em batalha; usam uma grande variedade de armaduras, e manejam uma
arma de cabo curto e um escudo, com um arco longo de estilo stígio. Os
Fanáticos de Yog são homens ferozes e perigosos, com devoção fanática; vestidos
em robes verdes, eles derrubam seus inimigos com porretes e maças – isto
previne a perda excessiva de sangue, o qual é uma parte muito importante de
seus rituais.
Há alguma referência nos “robes verdes” que eu esteja
perdendo?
No final, até
mesmo a antiga Sabatea se perdeu, quando a Era Hiboriana chegou ao fim, mas seu
legado não foi totalmente esquecido: os grandes reinos comerciais árabes dos
sabeus e nabateus podem afirmar serem os herdeiros da anoitecida Sabatea, e há
rumores de que, sob as rochas de Arabah, os restos de um antigo sistema de
corredores e tumbas se escondem sob os chãos de pedra de Petra. Quem sabe se
alguém encontrará uma entrada para os salões perdidos de Sabatea – e os
horrores que habitam lá dentro.
Tradução: Fernando Neeser de Aragão.