Poemas picantes de Robert E. Howard




A História de uma Jovem Esposa

A esposa do irmão de meu marido é uma mulher que temo e odeio.
Meu marido não entende como me sinto em relação à companheira de seu irmão.
Uma mulher alta, escura e forte, como uma rainha egípcia,
Com movimentos lentos e felinos, e olhos com brilho meditativo.

Meu marido não entende, e acha que isso não está certo...
Ele não sabe o que ela fez comigo no quarto dela, uma noite.
Ela me ergueu com seus braços fortes e roliços; o quarto estava escuro e silencioso.
A única luz era a da lua, que brilhava sobre o peitoril da janela.

Seus beijos eram ardentes e demorados, e aludiam a estranhas trilhas escuras,
Até eu pensar, de algum modo, em noites gregas e na lua sobre as colinas do Egito.
Sua voz era como o ronronar de um gato, tão preguiçosa, firme e lenta,
Até eu ficar com medo naquela sala escurecida, e implorar para que ela me deixasse ir.

Ela apenas soltou uma risada baixa e suave – seus olhos mantinham uma luz meditativa,
Enquanto esmagava meus esforços em seus braços calmos, ela me deixou tão despida quanto a noite.
Ela pôs seus lábios entre meus seios, seus beijos me queimavam a pele.
Seus braços frios envolviam meu corpo trêmulo, como o toque de um pecado sem nome.

Súbito, ela se levantou e, num só movimento, deixou as suas roupas caírem;
Sua terrível beleza me deixou sem fôlego – tão escura, estranha e alta.
Nua e régia, ela se erguia ali como uma rainha nua do Nilo,
Com seus seios escuros, pernas de marfim e seu sorriso leve e sedutor.

Logo, num passo sinuoso, ela veio em minha direção, como um leopardo se erguendo de seu leito.
Ela me puxou encolhida para dentro de seus braços e me deitou sobre um leito.
Meu marido não entende meu ódio e meu medo.
Ele não sabe o que ela fez comigo, lá naquele leito naquela noite.



Uma Dama Romana

Há uma estranheza em minha alma,
Um mar escuro e meditativo.
Nem todas as ondas do baixio de Capri (*)
Conseguiriam afastar a sede de mim.

Pois homens já vieram e foram embora
Por prazer e por aluguel.
Embora ficassem enfraquecidos ao amanhecer,
Não satisfaziam meu fogo.

Minha compaixão é uma piedade mortífera.
Faço homens arderem com meus olhos.
Oh, gostaria que todos os homens fossem um jovem forte,
Para quebrar entre minhas coxas.

E muitos homens gastaram sua fortuna
Para saciar meu êxtase,
Enquanto me deito soluçando na cama dele
Em desavergonhada nudez.

Mas todo o ouro do Antigo Egito
Nunca consegue se igualar a isso,
Nem todos os tesouros dos reinos sustentam
Uma única hora de alegria.

Dentro da propriedade nobre de minha vivenda,
Há jovens dos penhascos da Bretanha,
Rapazes esguios e de olhos escuros da Espanha,
E gregos de cachos perfumados.

E rapazes de fala suave e sutil
Do Oriente mais distante,
De onde quer que os braços das legiões alcancem
E correntes romanas sejam mandadas.

Por que não consigo ser saciada
Por beijos de algum rapaz?
Eles apenas despertam minha inundação de paixões.
Nunca conheço tal alegria.

Vagueio entre névoas de chamas vermelhas arremessadas
Sobre colinas de êxtases.
E, chicoteados nos ombros e estapeados nas nádegas,
Eles gritam e beijam meus joelhos.
(Carta a Tevis Clyde Smith – junho de 1928)


Paixão Estranha

Ah, eu conheço rainhas negras cujas paixões ardem
Tanto por garotas quanto por rapazes esguios.
Conheci uma garota de lábios curvados de luxúria
Uma suaíli (**) negra, tomada de júbilo,
Seu vestido de comércio acima dos seus quadris
E uma ordem para açoitá-la.

E, enquanto eu lhe atiçava a desnuda anca macia,
Ela se contorcia diante de mim no chão
E guinchava, mas eu podia entender
Que seus guinchos eram êxtases e alegria.

Pois conheço mulheres e a distância
Que elas vão até o grito de paixão.
E já senti a velocidade e força
De uma garota somali de membros esguios.
Nu, sob as árvores ju-ju,
Enquanto minha paixão ardia ao máximo,
Fiquei sobre os joelhos magros e marrons dela,
Minhas firmes nádegas jovens e nuas erguidas.
Cada vez que ela balançava em passo de paixão,
Mais forte ela agarrava,
Estirava-me totalmente nu sobre seu colo
E me batia até eu gritar muito.

E conheci uma rainha do Congo
De beleza matizada com garra de tigre (***)
Nenhuma alegria de pecado sexual poderia recolher,
A não ser que, pelo menos, mil pessoas vissem.
E lá eu parei – não por muito tempo!
Ela se ergueu, nua, com os olhos cintilando,
Tirou minhas calças ali, diante da multidão,
E me derrubou entre suas coxas.

E já conheci uma rainha que compartilhava
Uma dama nigeriana, para cada bravo à noite.
Seus membros particulares, ela admitia,
Para uma companhia por cada noite.


Tradução: Fernando Neeser de Aragão.




(*) – Capri: Ilha italiana situada no golfo de Nápoles (Nota do tradutor);

(**) – Suaíli: Etnia e cultura da costa leste africana – principalmente das regiões costeiras e ilhas do Quênia, Tanzânia e do norte de Moçambique (N. do t.);

(***) – Garra de tigre: Planta nativa da África, Índia, Norte da Austrália e ilhas do Oceano Índico (idem).




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