De Volta à Ciméria

(por Fernando Neeser de Aragão)




Ao saberem da fuga de Conan, os guardas da cidade de Aratala, incitados pela mesma loira – agora novamente uma prostituta, pois já não dispunha mais do dinheiro de um amante fixo – que entregara o cimério às autoridades, fizeram um verdadeiro cordão de isolamento ao redor do corpo enforcado do gunderlandês Acteon.

Ciente disso, Conan evitou passar pela praça do mercado, ao cavalgar para longe da cidade, desistindo, dessa forma, de resgatar o corpo do amigo morto para enterrá-lo ou cremá-lo. Assim, com o cavalo e o saco de ouro que Murilo lhe dera, o cimério se dirige, daquela maldita cidade do sul da Britúnia, para o Reino da Fronteira e à sua Ciméria natal. Frustrado com os diversos fracassos em sua carreira como ladrão, Conan resolve voltar à sua terra de origem para pensar no seu próximo passo. Saqueador de novo, quem sabe...? Mas, primeiro, o cimério quer descansar na estalagem mais próxima. Sua garganta está ressecada pelo pó da estrada, e ele dispõe de muitas moedas de ouro, dadas a ele pelo jovem nobre Murilo.

A meio caminho entre Aratala e o Reino da Fronteira, após dias de cavalgada e desinteressado em dormir nas cidades – preferindo fazê-lo ao ar livre, aquecido por uma fogueira, após comer uma boa caça –, o cimério chega a uma estalagem isolada, porém resistente e bem-guardada. Com o dinheiro do qual dispõe, o bárbaro janta um delicioso javali assado e dorme num dos melhores quartos, após uma noite de prazer com uma bela jovem kushita – a primeira negra com quem Conan tem relações sexuais.

Ele continua cavalgando de volta à Ciméria – gastando, no caminho, todo o ouro que Murilo lhe dera, e cruzando a fronteira brituniana do Reino da Fronteira, pois a divisa deste último com a Nemédia, a oeste, fora palco de várias batalhas entre cimérios e nemédios. Desse modo, ao verem um jovem cimério se dirigindo para noroeste, os guardas britunianos da fronteira não se sentem incomodados.

* * *

Conan finalmente chega à sua terra natal. Lá existem bosques tão enormes e espessos, que todos os vales vivem imersos em sombras, até mesmo durante os ensolarados dias de verão. Os ventos noturnos sibilam através das folhagens dos bosques. De vez em quando, em meio aos galhos oscilantes, é até possível vislumbrar os lampejos de uma estrela distante. O silêncio e melancolia daqueles vales se infiltram na natureza daquela gente, desde a infância.

Ele agora está num declive, não muito distante da fronteira noroeste da Ciméria. À sua frente, o vale desaparece como um precipício para o leste. Em todas as outras direções, além do profundo tapete de neve, erguem-se barreiras de imensas montanhas. Suas escarpas não são suaves; ao contrário, espalham-se imensas e inóspitas. O céu está nublado, de um cinza profundo. A superfície da neve recente tinha congelado. Tudo em volta são montanhas deslumbrantes. Na grandeza do vale silencioso, as distâncias são surpreendentes. No ar rarefeito, os picos parecem muito próximos, mas Conan sabe que não é bem assim. Muitos daqueles picos estão a mais de um dia de caminhada na neve e na rocha.

À medida que a parca luz muda, as montanhas tomam aspectos diferentes. De manhã cedo, são brilhantes e longínquas. Depois, à medida que o dia avança, as sombras aumentam e as pedras cinzas, avermelhadas e verdes parecem sinais de animais à espreita ou de deuses rabugentos resmungando ante aquele intruso.

Ali, Conan avista uma caçadora enfrentando um urso, com um bebê chorando agasalhado sobre a neve ao lado.

A mulher veste um par de perneiras de camurça, os pés cobertos por mocassins amarrados aos calcanhares; uma blusa sem mangas, feita do mesmo material das perneiras, e os cabelos negros presos numa traça. Conan nota algo de familiar na maneira daquela mulher se mover e brandir a lança contra o urso. De qualquer modo, ele vê que uma conterrânea sua está em perigo e é seu dever ajudá-la.

Assim, o jovem esporeia seu cavalo, lança seu selvagem grito-de-guerra aprendido ali e arremessa sua lança certeira no coração do urso. Apesar de moribundo, o animal ferido urra e investe contra Conan, fazendo sua montaria empinar e relinchar, com a jugular cortada por uma das patadas do urso. Saltando do cavalo moribundo antes que ele caia, Conan decepa, de um só golpe de espada, a cabeça do urso, terminando de matá-lo.

Aproximando-se da mulher cuja vida havia salvado, ele finalmente lhe vê o rosto, de zangados olhos cinzas, e sorri. É sua mãe Ealadha!

Embora 18 anos mais velha que seu primeiro filho do sexo masculino, a bela Ealadha – devido ao pouco sol da Ciméria, o qual permite ao seu povo um lento envelhecimento da pele – poderia se passar por uma irmã mais velha de Conan e Rotheachta, caso ambos fossem vistos por alguém dos reinos hiborianos. Abruptamente, ao reconhecer o filho, a esposa do ferreiro brande e vibra velozmente sua mão aberta contra o rosto do rapaz.

- Que é isso, mãe? – pergunta Conan surpreso, usando o sorriso para disfarçar o leve desapontamento diante do tapa. – É assim que você agradece a quem lhe salvou a vida?

- É assim que eu ajo com um moleque irresponsável, que largou a noiva antes de casar! – responde Ealadha. – Sabia que Eanbotha ficou arrasada com sua atitude? E que Tuathal só não usou cães para te caçar, porque seu pai Criomnthan, o novo líder da tribo, não permitiu, arranjando logo depois, o seu irmão para se casar com Eanbotha? O que diabos veio fazer aqui?

Conan sorri novamente. Seu sorriso é muito semelhante ao do avô paterno Tassach. Seu rosto está bem barbeado, pensa Ealadha – como o sogro dela sempre deixava (muito embora raspar a barba seja um hábito comum entre a maioria dos cimérios).

- Primeiro de tudo, vim rever minha família. A propósito, como vai minha irmã Rotheachta, e meus irmãos mais novos, Dathal e Ruarcc?

- Estão bem – responde a mãe de Conan, ainda aborrecida, embora erguendo carinhosamente o bebê que chorava sobre o chão frio. – Outro motivo que acalmou Tuathal foi justamente o casamento da filha dele com Dathal.

- E, segundo e mais importante – prossegue Conan –: fiquei muito triste com a morte de meu avô, e você sabe muito bem que meu casamento com Eanbotha só iria me deixar preso a este lugar.

Ealadha sorri levemente e, com seu típico comportamento temperamental, no qual sua fúria é um fogo de palha – exceto quando participa de batalhas, é claro –, dá um tapinha amigável no forte ombro direito do filho, desejando-lhe boas-vindas de volta ao lar.

- A propósito, mãe, quem é este bebê?

- Tethba, sua irmã mais nova.

Conan sorri novamente. Ele nem precisa perguntar o que sua mãe fazia, meio longe da aldeia e com a filha caçula nos braços. Destemida como todos os cimérios, ela havia, sem dúvida, saído em busca de frutas quando se deparou com o urso. Agora, enquanto esfolam e esquartejam o animal morto, eles estão contentes em saber que estão levando para casa muito mais do que Ealadha buscava.

* * *

A floresta de pinheiro – atravessada por Conan e sua mãe – é negra como somente as terras de pinheiro cimérias podem ser, com uma escuridão quase tangível, como uma substância capaz de ser cortada com uma faca.

A tribo natal de Conan – a Tribo do Grande Lago, a qual sempre foi seminômade, como a maioria das tribos cimérias – agora se encontra alguns quilômetros a sudeste de onde ela ficava há dois anos e meio, de modo que, não apenas ele chega lá mais rápido, como também aquela aldeia agora está um pouco mais distante da fronteira noroeste, e, portanto, menos exposta a invasões vanires e pictas.

Dentro em pouco, homens, mulheres, crianças e idosos saem das dezenas de cabanas daquela tribo e se reúnem contentes ao redor daquele homem agigantado, o qual acaba de retornar à sua terra natal. Quando partira, Conan já era tão alto quanto a maioria dos cimérios adultos. Agora com 18 anos e medindo 1m90, seu tamanho impressiona até mesmo a maioria de seus conterrâneos.

Toras baixas são colocadas ao redor das fogueiras, do lado de fora das cabanas. Os cimérios se sentam e comem o que está sendo cozido (ou assado) nelas.

Pequenas bolas de massa de farinha são moldadas em círculos e assadas sobre as fogueiras em fôrmas redondas, até fazerem pães sem fermento. Manteiga sem sal, feita de creme de leite batido, é adicionada aos pães.

Além disso, é feito ensopado de carne de javali, temperado com alho, morango seco e cebolas – do mesmo modo que os pássaros ali assados. A tudo isto, soma-se hidromel – normalmente bebido apenas durante os festivais tribais, mas usados naquela ocasião especial – e, é claro, a carne fresca, temperada por cogumelos secos, do urso ao qual o recém-retornado Conan matou.

Criomnthan, o ferreiro e líder da tribo, além de pai de Conan e um dos poucos cimérios que nunca raspa a barba, se junta à refeição, seguido por Ealadha e pelos avós de Conan. Quase todos os cimérios raspam barba e bigode, alguns usam apenas bigode, e outros, como o pai de Conan, criam barba. Dathal também se junta àquela ocasião especial, seguido pela esposa – a qual só acompanha o marido por amá-lo como um dia amou Conan. Sem muito entusiasmo, Tuathal segue a filha e também se senta numa das toras baixas, e come sem abrir um único sorriso naquela ocasião, onde quase todos da Tribo do Grande Lago têm um motivo para sorrir.

As noites seguintes de Conan são aquecidas por visitas regulares da jovem Mealla, filha do artesão de pedra Galliadal. Ao longo daqueles dias com a família e conterrâneos, Conan conta, entre guampas de hidromel, todas as aventuras vividas em Asgard, Hiperbórea, Britúnia, Nemédia, Aquilônia, Koth, Zamora e novamente Britúnia.

Enquanto isso, Tuathal entra secretamente em contato com Tadhg e sua esposa – a guerreira Etain –, de um clã vizinho, para destruírem Conan, pois, em seu íntimo, o marceneiro nunca perdoou o filho de Criomnthan por ter abandonado sua filha (que não está a par do plano de vingança do pai), com a qual ia se casar, para viajar para outros países.

* * *

Conan estava no alto de uma montanha, relaxando com Mealla após uma prazerosa relação sexual, quando eles foram surpreendidos pelos sons distantes da invasão do Clã dos Buachallas, sob a liderança de Tadgh. Levantando-se, ele e a jovem se vestem, descem da colina e se preparam para aquele ataque inesperado.

Pouco tempo depois, todas as mulheres – inclusive as mais velhas, como Iuchra e Cliodhna (as avós de Conan) – estão armadas com espadas, e algumas com lanças, punhais e o típico escudo cimério, com afiada ponta de 15 cm de comprimento. Embora os guerreiros jovens do sexo masculino e feminino estejam à frente na defesa da aldeia, os idosos – como Cliodna, Iuchra e Murrad, dentre outros – nada temem, pois participam das batalhas tão freqüentemente quanto qualquer outro cimério adulto.

Somente as crianças, que ainda não lutam tão bem quanto os adolescentes e adultos, permanecem – meio a contragosto – dentro de suas cabanas, protegidas pelos oráculos, os quais também lutam como tigres quando necessário, para defenderem a si mesmos e aos meninos e meninas.

Após uma breve troca de tiros de lanças, com pequenas baixas em ambos os lados, os dois bandos cimérios de guerra partem para o corpo-a-corpo, armados com suas espadas, machados e pequenos escudos redondos – estes últimos, com as longas pontas afiadas em suas partes centrais, servem mais para ofensiva que para defensiva. Os três primeiros Buachallas tombam sob a espada de Conan. Há baixas em ambos os lados, e os golpes são desferidos numa velocidade à qual olhos civilizados seriam incapazes de acompanhar.

O tinir metálico das armas se mistura ao som de metal afundando em carne e ossos, e a gritos de triunfo e agonia. Conan, seus pais e avós se destacam na defesa à tribo, enquanto Tuathal, por sua vez, com sua ira berserk, é quem mais mata conterrâneos da própria tribo, irado e rancoroso com o fato de, anos atrás, a filha ter sido abandonada por Conan com o casamento já acertado.

Um dos jovens guerreiros rivais – Eoghan, o mais forte da tribo de Tadgh – tenta decepar a cabeça do velho Murrad com um giro de sua espada. Mas o avô materno de Conan se esquiva e acerta um soco no rosto do rapaz, ao mesmo tempo em que o desarma. Eoghan, por sua vez, dá três murros no rosto de Murrad e um no queixo do mesmo, e o agarra por trás, lhe imobilizando os braços. Contudo, o idoso guerreiro consegue, com muito esforço, arremeter sua espada por trás, numa estocada que atravessa as costelas e pulmão direito do guerreiro mais jovem, fazendo-o cair agonizante sobre o chão pedregoso. Com outro giro de sua espada, o pai de Ealadha decepa a cabeça do jovem caído, num jato sangrento.

No momento seguinte, Murrad é derrubado por um grupo de mais cinco jovens cimérios da tribo rival, e sua cabeça bate numas pedras atrás de si. Mas, um grupo de conterrâneos da tribo de Conan ajuda o avô deste, com golpes de lanças e espadas nas costas dos pretensos assassinos do pai de Ealadha. Este, por sua vez, apesar da nuca ensangüentada, consegue derrubar o quinto adversário com um golpe fatal de sua lança entre os olhos do jovem covarde, antes de desmaiar completamente.

Enquanto isso, dois outros adversários investem contra Conan – um lanceiro e um espadachim. O filho de Criomnthan, contudo, possui uma agilidade ligeiramente maior que a de seus conterrâneos – e igual à de poucos cimérios – e, num só movimento, enfia a espada nas tripas do lanceiro e lhe agarra a lança, fazendo-a se cravar no coração do espadachim. Um terceiro cimério desce seu machado contra o filho do ferreiro, julgando-o desprotegido por causa da guarda aberta. Mas, na fração de segundo seguinte, Conan apara o arco descendente do machado com a lâmina da própria espada e, em dois jatos sangrentos, decepa a mão e cabeça do conterrâneo rival.

Uma das mulheres da Tribo do Grande Lago tem seu ventre aberto por um golpe estripador, mas vinga a própria morte durante a queda, ao abrir o corpo do próprio assassino, da boca-do-estômago até a genitália. Enquanto isso, um homem se esquiva de um giro de espada com um salto, e racha o crânio de seu pretenso assassino, numa explosão de sangue e miolos.

Em seguida, derrubado ao chão por um dos homens da tribo de Conan, Tuathal apara o giro descendente de seu antagonista com a própria espada. Em seguida, o marceneiro é desarmado por outro giro, mas trava o braço armado de seu inimigo e, com extremo esforço, o desarma, recebendo socos no rosto enquanto o faz. O homem a quem Tuathal enfrenta tenta esfaquear o marceneiro traidor, mas este o empurra para longe. Esquivando-se de uma adaga arremessada pelo ex-amigo, o pai de Eanbotha recupera a própria espada e, num sangrento giro diagonal, abre o peito do rival, lhe cortando músculos, costelas e coração.

Com as costas coladas umas à outra, Conan e Criomnthan erguem e descem suas armas alternadamente, ao som de carne sendo cortada por lâminas, enquanto sangue, miolos e vísceras continuam espirrando neles.

Naquela selvagem luta tribal, imperam a loucura, a exalação de sangue, o grande esforço dos músculos, o quebrar de ossos sob golpes poderosos, o rasgar e cortar da carne; e, sobretudo, a impiedosa selvageria abismal de tudo isso, na qual não há regra nem ordem, cada homem e mulher lutando como quer e pode.

Tadhg, contudo, resolve tirar Eanbotha dos braços do agora ocupado Dathal, pensando em casá-la à força com o próprio filho. Tuathal tenta impedir, mas é morto pelo traiçoeiro Tadhg, com um giro mortal de espada, a lhe decepar metade do pescoço moreno num enorme jato escarlate. Furioso, Conan investe contra o líder rival, o qual, mais alto e forte que o filho do ferreiro, larga Eanbotha e ergue sua espada contra ele.

Contrariando as ordens de não ferir a filha do marceneiro, Etain agarra um machado de ferro e o brande contra Eanbotha, mas esta se prepara para o ataque, desembainhando sua espada. Após poucos golpes, Etain, que lutava na ofensiva, começa a assumir a defensiva contra a espada da ex-noiva de Conan e atual esposa de Dathal. Mais alguns golpes, e a luta fica acirrada, deixando as duas cimérias em pé de igualdade, numa feroz e mortífera dança de ataques e esquivas por parte das duas ágeis guerreiras esbeltas.

Aparando um golpe da espada de Eanbotha, Etain empurra a arma da jovem de olhos cinzas, assim como a própria filha de Tuathal, e a ataca novamente, brandindo o machado. A atacante de olhos azuis consegue derrubar Eanbotha com um chute na barriga, e teria acertado um golpe fatal no crânio dela, se não fosse por uma inesperada lança que atinge mortalmente as costas de Etain.

Quem matou Etain foi Iuchra, a avó paterna de Conan. Um sorriso se abre no rosto magro da viúva de Tassach, ao ver o corpo caído de Etain, e ao saber que salvou a vida de Eanbotha. Finalmente tendo se livrado de seus rivais, Dathal também sorri, para a avó e esposa.

Enquanto isso, se esquivando de um giro da espada de Tadhg, Conan abre um ferimento na coxa do seu antagonista. Enfurecido, Tadgh derruba o primeiro filho homem de Ealadha com um golpe do cabo da espada. Ao erguer sua arma para tentar rachar o crânio de Conan, este se esquiva e lhe abre um corte nas costelas enquanto se levanta, fazendo o sangue jorrar do lado direito do líder. No golpe seguinte, Conan dá uma estocada profunda no coração de Tadgh, para, em seguida, numa explosão de fúria, abrir o crânio do chefe inimigo num novo jato sangrento. Naquele meio tempo, o ferreiro Criomnthan mata o filho de Tadhg num duelo.

Por terem perdido seus líderes e quase todos os seus guerreiros, os remanescentes da tribo rival recuam e fogem, numa longa jornada na direção sudeste.

Contudo, dois cimérios da tribo do recém-falecido Tadgh se recusam a fugir e enfrentam quatro da tribo de Conan, munidos de escudos – dois espadachins e dois lanceiros. Os lanceiros, com seu alcance superior, estocam os dois remanescentes pelas laterais, matando-os.

Após a batalha, os cimérios lavarão o mau-cheiro de suor, sangue e miolos de seus corpos fortes. Naquele momento, os vitoriosos limpam suas lâminas ensangüentadas. Conan olha para o avô materno caído e desmaiado, com o rosto inchado e sangrando de vários golpes.

- Ele vai ficar bem, filho – diz Ealadha, ao perceber o olhar interrogativo de Conan.

- Pode partir, Conan – acrescenta o ferreiro Criomnthan, já pressentindo, no olhar do filho, as intenções deste e abrindo um leve sorriso aprendido com o falecido Tassach; mas que era muito maior no avô paterno de Conan.

Enquanto Conan parte para o norte, Eanbotha, a nova marceneira da tribo, se vê, como ocorre freqüentemente com os cimérios em situações como esta, tomada pela melancolia e pela estranha loucura da futilidade, ao ver o cadáver do pai. Ela não grita nem chora, agindo como se estivesse em transe. Mesmo sabendo que o pai estava errado, a garota de 19 anos lamenta a morte de Tuathal e, embora tendo o genitor vingado por Conan, Eanbotha ainda culpa o cunhado e ex-noivo pela morte do pai. Mas este é um ferimento ao qual somente o tempo cicatrizará.



Epílogo: Conan parte para Asgard, onde se alia pela segunda vez a um bando aesir. Com este bando – liderado por Horsa –, o cimério saqueia as cidades da Hiperbórea ocidental, se vingando um pouco da escravidão que sofrera e vingando a alguns amigos aesires mortos lá, ao mesmo tempo em que acumula ouro para seu retorno ao sul. Atravessando o Reino da Fronteira e Britúnia, Conan – que já havia gasto o ouro roubado da Hiperbórea – chega à Coríntia.


Agradecimentos especiais: Aos amigos e howardmaníacos Osvaldo Magalhães, de Brasília (DF); Deuce Richardson, dos EUA, e Al Harron, da Escócia.




A seguir: Espadas de Koth.




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