O Poço de Skelos

(por Fernando Neeser de Aragão)


Livremente inspirado num texto de Gerald W. Page, e apresentando personagens e conceitos de Robert E. Howard.



Numa planície, com pequenas colinas ao norte e banhada pelas águas calmas do Rio Tybor, se erguia a cidade de Shamar, no extremo sudeste da Aquilônia – reino do qual, segundo me contaram na fronteira nemédia, Shamar era um posto avançado.

Era noite naquela cidade. Seguindo as instruções da bela guerreira cherkessiana Nedaxe – a qual era minha amante e uma ladra melhor do que eu, além de espadachim mercenária –, ficamos no alto de uma construção, aguardando enquanto uma rica liteira passava lá embaixo. Havia três guardas à frente da liteira e dois atrás – todos em capacetes, gorros e malhas de aço. Quando estes últimos ficaram sob nossas miras, eu e Nedaxe arremessamos, juntos, dois pesados vasos, um na cabeça de cada um. Então, saltamos daquele telhado e aterrissamos como dois felinos, prontos para enfrentar os três guardas que investiam. Estripei dois com um giro de minha espada, enquanto Nedaxe, após um breve entrechocar de lâminas, cravou a espada dela no peito do guarda restante.

Os quatro homens que carregavam a liteira correram apavorados à nossa frente, mas, estorvados pelas correntes em seus pés, eles se desequilibraram e caíram. Nós os deixamos fugir e fomos ver o que havia dentro da liteira.

O conteúdo da liteira, luxuosamente decorada por dentro, era um casal de nobres nus – cortesãos, segundo Nedaxe –, enfeitados com pedras preciosas, sendo que ele tinha o triplo da idade dela.

- Vi as correntes dos homens que carregavam a liteira. – eu disse, apontando minha espada no pescoço do velho – Eram seus escravos, hiena velha?

- P-por favor! – gaguejou o velho – Poupe-me! Fique com todas as jóias... e com a garota também!

Eu e Nedaxe nos entreolhamos e rimos.

- Já tenho minha garota, velho covarde. – respondi – E a sua ficará intacta.

E assim fizemos. Eu e Nedaxe levamos todas as jóias do velho, deixando-o apenas com a própria vida, enquanto a bela – e igualmente assustada – jovem foi deixada do jeito que a encontramos.

* * *

Algumas ruas depois, ocultos pelas sombras, vimos sacerdotes sendo perseguidos e mortos por salteadores num beco. Dois daqueles salteadores mascarados se esbarraram em nós e tentaram nos matar. Foi a última coisa que tentaram fazer, pois eu rachei o crânio de um até o pescoço, enquanto minha companheira abriu o ventre do outro, derramando sangue e tripas sobre o chão.

Após os três sacerdotes sobreviventes fugirem, com os assassinos em seus calcanhares, Nedaxe andou cautelosamente ao redor da esquina e praguejou baixinho:

- Eles foram realmente embora, mas vejo algo caído no beco. Acho que é um homem morto.

Então, me juntei a ela. Poucos momentos depois, estávamos nos curvando sobre duas formas que jaziam estateladas na lama do beco. Uma delas era um homem pequeno, envolvido num manto como os três que haviam fugido, mas com um talho profundo em seu peito, o qual lhe tirara a vida. Mas quando falei à cherkessiana sobre o assunto, ela praguejou subitamente. Minha companheira virou o outro homem de frente e o encarou surpresa.

Ele estava debruçado ao lado de um sacerdote esfaqueado pelas costas. O homem debruçado, como a própria Nedaxe havia me dito, não havia sido morto por uma lâmina, mas enforcado.

- Veja. – ela disse, apontando para o cadáver – A marca no pescoço dele é a de uma forca. Rômulo havia envenenado o velho Conde de Poitain e, antes de fugir para cá, tentou jogar a culpa em Trocero, filho e herdeiro do falecido conde. Mas a também poitainiana Rhéia, que tem uma casa aqui, suspeitou da verdade e, seguindo Rômulo até esta cidade, embriagou o feiticeiro e o fez confessar seu crime para as autoridades.

Também notei que faltava um dedo na mão do homem enforcado.

- Mas para que diabos os discípulos dele o tirariam do patíbulo? – perguntei com um estremecimento, lembrando-me da criatura à qual eu matara, dias antes em Numália.

Eu não era cético como alguns almofadinhas que conheci na Nemédia. Além dos deuses sombrios de minha raça, minhas crenças incluíam duendes, necromantes, demônios noturnos, diabretes e anões. Mas aquilo – aquela coisa! –; aquela gigantesca serpente com cabeça humana... era demais para mim. Pensar em Set era como um pesadelo, assim como nos filhos de Set, que outrora reinavam na Terra e agora dormiam nas soturnas cavernas debaixo das pirâmides negras.

- Há algo na mão do acólito. – ela disse, interrompendo meus devaneios sombrios e afastando os dedos do morto. Era como se, mesmo na morte, eles agarrassem o objeto. Era um pedaço de corrente dourada e, amarrada a ela, uma curiosa jóia vermelha, que brilhava na escuridão como um olho furioso.

- Por Crom! – murmurei – Uma pedra rara... ouça! – ergui-me abruptamente – O vigia! Não podemos ser encontrados com estes cadáveres!

Saindo do beco para uma rua estreita e sinuosa, apenas um pouco melhor iluminada, corremos por ela até chegarmos a um receptador local, amigo de Nedaxe, e com o qual deixamos as jóias roubadas da liteira. Chegando a uma taverna, entrarmos lá. Então, nos sentando a uma mesa um tanto afastada dos outros que brigavam e jogavam dados nas mesas manchadas de vinho, pedimos vinho, e o estalajadeiro nos trouxe dois odres grandes.

Naquela taverna, a música era animada e algumas prostitutas suadas dançavam vestidas com longas peças vermelhas de roupa – meio avental, meio espartilho –, a lhes realçar o balanço dos quadris redondos e alvos seios decotados.

Na lareira, um porco bem temperado acabava de ser assado, e pedi um pernil do mesmo e a dividi com minha companheira de quarto.

Logo encontrei uma recém-chegada beldade local, de cabelos dourados, chamada Silvia. Como a maioria das prostitutas de Shamar, ela só usava o decotado vestido do qual já falei. Seu odor, que misturava perfume de jasmim com suor, me era tão excitante quanto o cheiro puro de suor da cherkessiana ao meu lado. Esta não gostou de ver a aquiloniana me cortejando, e se dirigiu a ela com um brilho de fúria nos olhos negros.

- Você, sua vagabunda, tire a mão do ombro do meu homem, senão arrebento sua boca! – exclamou Nedaxe.

Silvia olhou ultrajada para minha companheira cherkess. Automaticamente, entrei em ação, dando uma moeda à loira que havia aparecido, e ela foi embora dali. Eu não estava disposto a ver briga entre duas mulheres que me excitavam. Minha natureza nunca foi monógama, mas havia em mim uma decência natural que me impelia a proteger Nedaxe da melhor forma possível, mesmo ela sendo uma ladra e guerreira que sabia se virar sozinha. Ela era minha companheira naquele momento, e eu não queria decepcioná-la.

Aborrecida, Silvia foi embora dali. Logo, eu e Nedaxe pagamos um quarto para nós dois. Minha companheira Nedaxe de Cherkessia era uma jovem alta e esbelta, de lustrosos cabelos negros, pele alva, olhos escuros, lábios vermelhos e beleza excepcional. O seu forte cheiro de suor, sob a jaqueta de couro e a cota-de-malha, me excitava juntamente com toda a sua beleza.

Ao contrário das poucas hiborianas que eu possuíra na Britúnia e Nemédia, Nedaxe era tão passional quanto minha conterrânea Eanbotha e a aesir Gullvia. Assim, a cherkessiana mal ficara seminua e já me abraçava e beijava ferozmente. Eu lhe retribuí o gesto, a abraçando e beijando de forma igualmente feroz nos olhos, boca, bochecha e pescoço, e logo depois nas axilas peludas e seios suados, médios e firmes.

Excitada, Nedaxe suspendeu sua tanga de pano, ao mesmo tempo em que eu tirava minhas únicas peças de roupa – as sandálias e uma tanga, também de pano – e a adentrava ferozmente, deixando-me levar pelo prazer e desejo provocado pelo contato com as paredes úmidas e róseas de sua vagina, guarnecida por pêlos negros e abundantes.

Levada pelo orgasmo, a cherkessiana me abraçou tenazmente, arranhando minhas costas nuas, enquanto eu me abandonava, deixando-me levar pelo mesmo êxtase de prazer que a dominava naquele momento. Depois de descansarmos, lavamos nossos corpos suados nas duas tinas de água que ali estavam. Por falta de sono, resolvemos nos vestir, descer e beber mais um pouco. Enquanto saíamos e descíamos as escadas, Nedaxe se lembrou e me disse algo que eu preferia não ouvir:

- Enquanto eu me erguia lentamente naquele beco, Conan... a jóia e a corrente escorregaram de meus dedos quando saímos... era quase como se elas fossem puxadas de minha mão... e caíram bem em cima do peito do feiticeiro morto. Eu não quis perder tempo em pegá-la de volta; mas, olhando para trás, vi a jóia cintilar como uma estrela escarlate no peito de Rômulo.


* * *

Estávamos bebendo e gargalhando à luz das velas da parte principal da taverna, quando a porta se abriu e um jato de vento frio fez as velas palpitarem e os homens tremerem nos bancos. Um homem alto entrou, fechando a porta atrás de si. Estava envolto num largo manto negro e, quando ergueu sua cabeça e seu olhar percorreu toda a taverna, caiu um súbito silêncio. O rosto tinha uma aparência estranha e não-natural, sendo tão escuro na cor que era quase negro. Seus olhos eram estranhos, tenebrosos e estavam arregalados. Vi vários beberrões estremecerem ao se deparar com seu olhar, e então ele se sentou a uma mesa num canto afastado das velas e puxou seu manto para mais perto de si, embora a noite ainda estivesse quente. Pegou o canecão, oferecido a ele por uma prostituta apreensiva, e curvou a cabeça sobre ele, de modo que seu rosto não estava mais visível sob seu chapéu desalinhado, e o zumbido da taverna recomeçou, embora um tanto moderado.

- Sangue naquele manto. – disse Nedaxe – Se aquele homem não for um assassino, estou muito enganada. Taverneiro; outra garrafa!

- Você foi a primeira cherkessiana que encontrei. – eu disse, abraçando-a novamente pela cintura.

- Pois é, Conan... Assim como você, deixei minha terra natal em busca de aventuras. Mas já começo a sentir saudades da montanhosa Cherkessia, a leste... – ela respondeu, com o olhar distante.

Mas eu continuava observando o estranho naquele canto, e Nedaxe se voltou para encará-lo. O homem havia erguido sua mão e chamado o gordo dono da taverna com um curvar de seu dedo; e aquele patife se aproximou, limpando as mãos em seu avental de couro e com uma expressão de desconforto. Havia, naquele forasteiro de manto negro, algo que repelia os homens.

O forasteiro falou, mas suas palavras eram um murmúrio, e o estalajadeiro sacudia a cabeça, perplexo.

- Um poitainiano. – murmurou a cherkessiana – Conheço aquele sotaque em qualquer lugar.

O forasteiro continuou falando, vacilante, e suas palavras ficaram mais claras e sua voz mais perfeita.

- Rhéia de Poitain. – ele disse, e repetiu o nome várias vezes – Onde fica a casa de Rhéia de Poitain?

O dono da taverna começou a lhe indicar direções, e Nedaxe murmurou:

- Por que esse mal-encarado patife poitainiano ia desejar ir até Rhéia de Poitain?

- Pelo que ouvi – respondi cinicamente –, não é grande surpresa ouvir qualquer homem perguntar pela casa dela.

- Mentiras sempre são contadas sobre mulheres bonitas. – respondeu a cherkessiana, levantando seu canecão – Porque dizem que ela é amante do Rei Vilerus, não quer dizer que ela...

Ela ficou subitamente congelada ao levar o canecão aos lábios, olhos arregalados, e eu vi uma expressão de surpresa lhe passar pelo belo e cicatrizado rosto alvo. Naquele momento, o poitainiano havia se levantado e, puxando o manto largo ao redor de si, se dirigiu à porta.

- Parem-no! – rugiu Nedaxe, erguendo-se de um pulo e desembainhando sua espada – Parem aquele velhaco!

De repente, um grupo de guardas adentrou a taberna e, entre eles, vi a vadia da Silvia, nos apontando e dizendo algo ao líder deles.

- Conan e Nedaxe. – disse o capitão da guarda – Considerem-se presos, por terem matado um acólito do feiticeiro Rômulo de Poitain.

Eu e Nedaxe nos levantamos de nossas cadeiras e desembainhamos nossas espadas:

- É mentira desta rameira! – falei – Estivemos lá, mas quem matou o jovem sacerdote foram ladrões.

- Claro... – respondeu o capitão com ironia – Um ladrão cimério e uma ladra do leste.

- Esta vagabunda da Silvia inventou essa história, porque Conan não quis me trair com ela! – exclamou Nedaxe.

Então, vimos que não adiantaria conversar, e que a guarda tentaria nos prender de qualquer maneira.

Metade da guarda investiu contra mim, e a outra contra Nedaxe, enquanto a taverna se transformou num pandemônio de pessoas fugindo e tentando fugir. O primeiro soldado a investir contra mim teve seu capacete e crânio rachados por minha espada, ao mesmo tempo em que eu me livrava da espada de outro e o desentranhava. Nocauteei o terceiro com meu punho esquerdo e atravessei a barriga de um quarto com minha arma. Enquanto isso, a cherkessiana, mais forte que uma mulher civilizada comum e tão ágil quanto eu, se esquivou da estocada e giro de um aquiloniano, aparando-lhe o golpe de espada com suas duas lâminas – uma espada e um punhal – e lhe abrindo a jugular com a lâmina mais curta; o segundo levou um chute nas costelas e caiu gemendo feito um cão abandonado; o terceiro tentou lhe segurar os braços por trás, mas levou uma estocada fatal na barriga; o quarto, investindo pelo lado, teve os tendões do antebraço apunhalados e a cabeça decepada por um giro sangrento da cherkess. No momento, seguinte, me esquivei do giro de uma espada aquiloniana, brandida por ninguém menos que o capitão da guarda, e o estripei num giro que dei como contra-golpe, fazendo-o vomitar sangue pela boca e intestinos pela barriga. Enquanto isso, Nedaxe se livrava do inimigo restante, aparando um giro de espada de um soldado com a própria arma longa e acertando uma facada no coração deste. Um último tentou parti-la ao meio num golpe descendente, mas, se esquivando da espada, ela apunhalou por trás o pescoço de seu pretenso assassino, antes que este recuperasse o equilíbrio.

Então abrimos caminho, deixando o chão alastrado de cadáveres, e ganhamos a rua. Ao atravessarmos a porta, vimos a jovem que testemunhou contra nós, encolhida atrás de um banco derrubado, e Nedaxe a agarrou pelos cachos amarelos e arrastou consigo até a rua.

- Por aquele beco! – ofeguei – Outros guardas estarão aqui, dentro em pouco. Por Crom, Nedaxe, você vai se sobrecarregar com esta vadia? Temos que correr!

- Tenho uma dívida a resolver com ela. – a cherkessiana rangeu seus dentes, arrastando-a conosco, até darmos a volta no beco e pararmos para respirar.

- Vigie a rua. – ela disse; e então, voltando-se para a vadia encolhida, Nedaxe falou em fúria calma:

- Silvia, se um inimigo declarado merece uma estocada de aço, qual o destino que uma traidora merece? Há menos de quatro dias, eu lhe salvei de apanhar de um soldado bêbado, e lhe dei dinheiro, porque suas lágrimas tocaram minha tola compaixão. Pelos deuses, estou pensando em separar sua cabeça desses seus belos ombros!

- Oh, Nedaxe! – ela soluçou, caindo de joelhos e agarrando as pernas de minha parceira – Tenha piedade; eu...

- Pouparei sua vida indigna. – ela disse furiosamente, começando a tirar o cinto da espada – Mas pretendo suspender sua saia e lhe surrar, por ter flertado com meu homem, e ainda dar falso-testemunho contra nós.

- Não, Nedaxe, pelo amor de Mitra! – ela chorou – Ouça-me primeiro! Eu não menti! De fato, vi você e o cimério saírem do beco com espadas desembainhadas em suas mãos. Mas o vigia disse apenas que três corpos jaziam no beco, e dois estavam mascarados, mostrando que eram ladrões. O capitão disse que, quem quer que os tivesse matado, havia feito um bom trabalho noturno, e me perguntou se eu vi alguém sair do beco. Assim, achei que não machucaria ninguém, e respondi ter visto você e o cimério Conan. Mas quando falei seu nome, ele sorriu e disse aos seus homens que tinha os motivos dele para desejar pôr Nedaxe de Cherkessia num calabouço, indefesa e desarmada, e mandou que fizessem como ele os havia dito. Então, ele disse que meu testemunho sobre você seria aceito, mas o restante, sobre Conan e os dois ladrões, ele não aceitaria. E ele me ameaçou tão terrivelmente que eu não ousei desafiá-lo.

- Aquele cão imundo. – ela murmurou – Bom, tem um novo capitão da guarda no inferno esta noite.

- Mas você disse três corpos. – interrompi – Não eram quatro? O acólito, dois ladrões e o corpo de Rômulo?

Ela sacudiu a cabeça:

- Eu vi os corpos. Só havia três. O acólito jazia no fundo do beco, totalmente vestido; os outros três, na esquina, e o maior estava nu. – Súbito, ela exclamou: – Pelos deuses, aquele poitainiano! Só agora eu me lembrei! Vamos! Para a casa de Rhéia de Poitain!

- Por que lá? – indaguei.

- Quando o poitainiano da taverna puxou o manto ao redor de si para partir – respondeu Nedaxe –, eu vislumbrei, no seu peito, um pedaço de corrente dourada e uma grande jóia vermelha... acredito ser a mesma jóia que o acólito agarrava quando o encontramos. Creio que aquele homem seja um amigo de Rômulo, um mago que veio se vingar de Rhéia de Poitain! Venha!

Saímos impetuosamente do beco, enquanto a jovem Silvia fugiu correndo na direção oposta, evidentemente feliz por sair com a pele intacta.

Segui silenciosamente à frente de Nedaxe, orientado pela cherkessiana, a qual logo ficou ao meu lado. As sinuosas ruas noturnas de Shamar estavam estranhamente silenciosas, mesmo para uma cidade àquela hora da noite. Senti certa apreensão na respiração ofegante da bela Nedaxe. Não encontramos ninguém – nem mesmo soldados – em nosso caminho para a casa de Rhéia de Poitain.

Entre a taverna, da qual escapamos da guarda, e a casa dela, a distância era pequena, embora a taverna ficasse acotovelada entre a imundície do bairro menos digno da cidade, enquanto a casa de Rhéia – como era comum a uma estrutura magnífica – se localizasse numa vizinhança adequada à mais rica nobre. Nenhuma luz brilhava nas janelas, quando nos aproximamos; aliás, nenhuma das casas vizinhas estava iluminada àquela hora da noite. Eu e Nedaxe paramos do lado de fora e aguçamos nossos ouvidos. Mas nem mesmo minha audição de cimério conseguia penetrar o silêncio, tão opressivo e ameaçador quanto aquelas trevas.

Eu ia torcer as grades do portão para abri-lo, mas este se abriu silenciosamente a um simples toque de minha mão. Então, percebi que a fechadura do portão havia sido quebrada – e, segundo Nedaxe, apenas meia hora antes.

- Vamos entrar logo! – respondi em voz baixa – Agora mesmo pode ser tarde demais!

- Sim. – disse Nedaxe, enquanto eu terminava de escancarar o portão com um golpe de minha mão aberta. Desembainhamos nossas espadas e entramos juntos. Dentro do pátio, estava tão silencioso quanto do lado de fora, mas as sombras dali estavam ainda mais densas; pois, ao nosso redor, havia árvores e densos arbustos, tão imóveis quanto estátuas escuras na noite acalmada pela brisa.

- Crom! – exclamei ao ver uma forma caída sobre o chão, e me agachei para olhá-la. Antes que a lua resolvesse aparecer no céu, vi que estávamos curvados sobre o cadáver de um homem. A julgar pela roupa, ele parecia ser, segundo Nedaxe, um servo de Rhéia de Poitain.

- Ele está vivo? – a cherkess me perguntou.

- Não. – respondi – Estrangulado, a julgar pela expressão de seu rosto e as marcas em sua garganta... marcas estranhas. Há algo nelas fora do comum. Você tem aço e pederneira, garota? – perguntei, com os cabelos arrepiados ao me lembrar do cadáver de Kallian Publico, dias atrás em Numália, e daquilo que o havia estrangulado.

Em resposta, Nedaxe puxou pederneira e aço da bolsa em seu cinto e bateu um no outro. Por um breve instante, uma fagulha banhou o rosto inchado do cadáver em pálida luz amarela. Por um instante breve, porém longo o bastante para nos mostrar o que vimos. Ofegamos ao vermos as marcas no pescoço do morto.

- Por Crom, Ymir e Mitra! – exclamei – Este é um inimigo que eu preferiria não estar enfrentando, Nedaxe de Cherkessia. É o que acho.

- O que você viu, Conan?

- Não vê com seus próprios olhos, Nedaxe?

- Vi... mas eu gostaria de ouvir de seus próprios lábios.

- Então ouça. – eu comecei meio a contragosto. Por mais longa que seja minha vida, nunca conseguirei entender as mulheres – Vi as marcas de uma mão no pescoço deste cadáver, e as marcas daquela mão não tinham um dedo.

- A mão do falecido Rômulo? – ela exclamou – Mas como? Nós o vimos morto, com a marca de uma forca tão clara em seu pescoço quanto a marca da mão sobre o pescoço deste pobre homem... – De repente, Nedaxe se lembrou: – Pelos deuses! Há um mago querendo vingar o poitainiano, mas não é um amigo dele, e sim o próprio Rômulo. Necromancia é a única resposta. Aquele beco onde entramos... ouvi dizer que as pedras que o pavimentam foram tiradas de um antigo templo acheroniano de Set, o qual outrora se erguia num arvoredo dentro dos muros de Shamar. Já ouviu falar em Skelos, Conan?

- Não. – respondi laconicamente, embora o nome de Set e a idéia de alguém voltar dos mortos ainda me estremecessem a alma.

- Pois bem; tanto Rômulo quanto seus acólitos eram devotos de um feiticeiro morto-vivo chamado Skelos. Alguns dizem que Skelos era um mago do antigo e lendário império hiboriano de Acheron, destruído por hiborianos bárbaros há três mil anos; outros acham que ele era ainda mais antigo do que isso. Uma coisa é certa: os acólitos devem ter usado da necromancia de Skelos, um bruxo que morreu duas vezes há milênios, para, com seus horríveis sussurros sob árvores à meia-noite, começarem a ressuscitar Rômulo naquele beco com pedras mágicas. Sim, sem dúvida, foi esta a razão para tirarem aquele poitainiano do patíbulo. Mas a segunda parte do ritual foi interrompida por aqueles salteadores, os quais mataram os sacerdotes quando a jóia ia ser colocada em Rômulo. Mas aquele mesmo ritual foi completado quando a tal jóia caiu de meus dedos até o peito do cadáver.

“Pelos deuses!”, ela exclamou. “Então, eu sou parte disto. Mas, mesmo assim, juro que aquela jóia não escorregou de meus dedos. Ela foi puxada por algo... alguma força!”.

- Por algo de além-túmulo. – eu disse, com um arrepio nos pêlos da parte posterior do meu pescoço.

- Eu poderia fugir da cidade, mas não consigo, pois o que quer que tenha arrancado a jóia de minhas mãos, fez de mim uma cúmplice de necromancia e blasfêmia. – ela disse – E você teria que enfrentar Rômulo sozinho, Conan. – Nedaxe acrescentou, me abraçando e beijando meus lábios, com expressão preocupada e desesperada – Melhor dois contra um mago ressuscitado do que apenas você...

Eu a beijei selvagemente nos lábios e rosto, como só um cimério o faria, e, após uma breve pausa, falei:

- Há pouco tempo disponível. Uma vez ressuscitado, Rômulo deve ter tirado as roupas do cadáver do ladrão e ido direto até a casa de Rhéia. Tivemos sorte de ele escolher a taverna onde estávamos, para perguntar o caminho para lá, embora ele já devesse conhecer esta casa.

- Mas não o bairro onde ele estava. – disse Nedaxe – É um bairro apinhado de ladrões e assassinos, mas eles não tinham relação alguma com Rômulo, nem o poitainiano com eles. Neste momento, pode ser tarde demais!

Encontramos a porta da casa tão aberta quanto o portão do pátio. Achei velas e, com o aço e pederneira que a cherkess me emprestou naquele momento, acendi uma. Estávamos numa grande sala de visita, esplendidamente mobiliada de uma forma que indicava uma dona-de-casa bastante rica. Mas não havia tempo para admirar o esplendor da sala e suas cortinas.

- Por aqui. – disse Nedaxe. Ela se dirigiu às escadas e eu a segui.

Alcançamos o topo da escadaria, onde a vela lançava uma luz vermelha e palpitante entre as sombras negras de um estreito saguão. Por apenas um segundo, Nedaxe fez uma pausa, e logo apontou e disse:

- Por essa porta!

No final do salão, havia uma porta aberta. A cherkess correu em direção a ela e eu a segui, quase fazendo a vela apagar em minha pressa.

A sala após a porta era um quarto de dormir; um quarto de damas, segundo Nedaxe – tão abundante em sua mobília quanto a sala de visita abaixo. A cama estava vazia e os cobertores, lançados sobre o chão. A mobília estava derrubada e um espelho estava quebrado, como se algum objeto lançado o tivesse atingido, ao invés do alvo desejado. Não havia sinal de Rhéia nem de Rômulo.

- Que bruxaria é esta? Ele desapareceu em pleno ar e a levou consigo? – eu disse – Eles não conseguiriam passar por nós.

Veio um ruído da escuridão ao meu lado, tão súbito e assustador que eu derrubei a vela ao girar para encarar a fonte do som. Ergui a vela para iluminar um canto escuro, e naquele canto havia um homem, encolhido e algaraviando, como uma criança assustada.

O homem recuou contra a parede quando nos aproximamos dele. Pela roupa, semelhante à do homem estrangulado que encontráramos antes, devia ser um criado. Ele proferia sons ininteligíveis, e nada agradáveis de se ouvir dos lábios de um homem vivo. Eu estava levemente enervado com isto e, mesmo na escuridão, senti um estremecimento passar pela espinha de Nedaxe.

- Ele enlouqueceu. – ela disse.

Por um momento, varri o quarto com o olhar, para ter certeza de que não havia ninguém – nem nada – escondido nas sombras ao nosso redor.

- Sim! – ela disse subitamente – Está tudo claro para mim agora. Evidentemente, Rhéia sentiu necessidade de proteção, pois todos os servos que vimos estavam vestidos e, obviamente, colocados para protegê-la durante a noite.

- Mas ela não fazia idéia do perigo que a perseguia. – interrompi – Do contrário, ela teria fugido de Shamar e, sem dúvida, da Aquilônia. Agora um de seus guardas-criados jaz morto, e o outro enlouqueceu ao ver um morto carregando sua dona. – concluí, com um estremecimento (muito embora sabendo que, às vezes, as sementes dormem no chão sem apodrecer).

- Sim – assentiu Nedaxe –, ela foi levada, mas... para onde?

- Tenho certeza – eu disse – de que é tarde demais para salvar Rhéia, mas podemos vingar a morte dela.

- Podemos salvá-la – disse a cherkessiana –, se nos apressarmos! – Começamos a nos mover ao redor daquele cômodo, batendo de leve nas paredes, tateando os objetos de madeira e atrás das cortinas – Minha opinião – ela prosseguiu – é a de que Rômulo tem planos mais sinistros para a conterrânea dele do que matá-la; do contrário, o corpo dela estaria estatelado nessa cama. É até provável que algum outro ritual seja necessário para revivê-lo totalmente dos mortos, e que ele tenha destinado Rhéia para essa cerimônia.

Minha pele se arrepiou de medo, ódio e repulsa. Embora eu e meu povo acreditássemos em necromantes, nós os odiávamos.

- Ah! O que é isto? – Minha mão se estendeu atrás de uma cortina rasgada, e algo se moveu; parte da parede, para ser mais exato, revelando uma passagem secreta e, além desta passagem, uma escada guiando para baixo.

- Então, foi assim que nosso necromante escapou. – disse Nedaxe. Próximo à porta, o enlouquecido criado algaraviou mais ainda, agora mais aterrorizado que antes.

- Sim! – acrescentei – O servo conhece esta aberturas.

Nedaxe entrou pela abertura, e eu a segui, segurando a vela no alto para lançar luz à nossa frente.

- É provável que Rhéia de Poitain nada soubesse sobre esta passagem. – disse minha companheira – E é provável que toda a cidade de Shamar esteja cheia de passagens secretas, conhecidas apenas por Rômulo e outros poucos.

- Uma idéia nada animadora. – eu disse – Mas tenho a sensação de que há coisas mais importantes que isto agora.

As escadas eram de pedra, aparentemente talhadas em rocha sólida, e descendo para bem abaixo do nível da rua, mais profundamente do que eu esperaria de qualquer cela ou calabouço de uma cidade. As escadas serpenteavam para baixo, para dentro da terra, até eu achar, com um estremecimento, que elas levariam até o próprio inferno. Então, abaixo e adiante, vimos uma luz saindo de uma portada ao pé da escadaria.

Paramos momentaneamente sobre os degraus, e agucei meus ouvidos contra o silêncio. Por um momento, este parecia mortalmente parado, mas logo percebi um som chegando a mim – o som de uma voz, mas um pouco fraca demais e abafada pela distância e por grossas paredes de pedra, para eu poder dizer se era uma voz humana ou o grunhido de algum animal.

Apaguei a vela e, segurando o cabo de minha espada com firmeza maior que a habitual, segui Nedaxe escadas abaixo.

Alcançamos a base da escadaria e, após a porta aberta, vimos uma cripta, brilhantemente iluminada por tochas encaixadas em suportes na parede. Eu a chamo de cripta, porque havia guarda-jóias, ou coisas que pareciam ser guarda-jóias, dentro de nichos na parede, com figuras de deuses ainda mais esquisitos do que aqueles que eu vira, semanas atrás, no Templo de Kallian Publico, na Nemédia. No centro da cripta, havia um altar de mármore negro e, sobre este altar – nua, amarrada e inconsciente, mas ainda respirando –, a figura morena e esbelta de Rhéia de Poitain. E, a menos de dois metros do altar, Rômulo se ajoelhava, esforçando-se para erguer uma pedra circular do chão.

- Ele está abrindo o Poço de Skelos! – Nedaxe sussurrou para mim, com um tremor, enquanto entrávamos rapidamente pela portada.

Então, ele nos viu e fez um esforço inumano, o qual puxou a pedra para fora do chão e para um lado, revelando um negro buraco aberto. O manto de Rômulo havia desaparecido, e suas feições, escondidas de nós na taverna, agora estavam reveladas para nós à luz das tochas. A forca havia feito um bom trabalho. O rosto do poitainiano estava inchado, e seus lábios enegrecidos pelo laço do carrasco. Ele soltou um grito alto e incoerente quando investi em sua direção. Então, o bruxo recuou até a parede atrás de si e agarrou uma tocha de seu suporte. Sua voz sobrenatural e truncada se ergueu a um grito, o qual poderia ser de ódio ou uma invocação aos pavorosos deuses aos quais adorava, enquanto ele lançava a tocha aos meus pés. A tocha, ao cair sobre o chão de pedra marrom, fez subir uma cortina de fumaça negra à minha frente, me arrancando uma praga dos lábios. A fumaça desapareceu quase tão instantaneamente quanto surgira e, quando fui saltar em direção àquele bruxo dos infernos, algo parecia me deter, como se uma parede invisível tivesse se formado.

Mas, antes que o feiticeiro pudesse pegar outra tocha, Nedaxe investiu contra ele. Enquanto eu blasfemava e xingava por não poder me lançar contra meu inimigo – e nem sequer arremessar a ponta de minha espada contra ele –, a linda cherkessiana atravessou duas vezes o morto-vivo com a espada, sem feri-lo.

Um grito horrível e furioso saiu da garganta mutilada de Rômulo. Ele desembainhou a própria espada, e apenas a cota-de-malha de Nedaxe a salvou das terríveis estocadas do bruxo. Mesmo assim, ela era forçada a recuar, e Rômulo, grunhindo e rosnando, avançava em direção à minha bela companheira de armas e cama, com golpes aos quais ela mal conseguia deter.

Naquele momento, todos os meus músculos se contraíam de esforço e puro ódio. Por Crom, não existe coisa pior do que não conseguir nada para ajudar uma pessoa querida em perigo! Eu podia ver o medo nos lindos e arregalados olhos negros de Nedaxe, a qual lutava mais por força e instinto do que pelas técnicas adquiridas em Cherkessia e durante suas longas viagens até o mais poderoso reino dos hiborianos.

O calcanhar da jovem alcançou a beirada do Poço de Skelos, atrás dela. Rômulo a forçava para trás, tentando lançá-la dentro daquele abismo. Eu não fazia a mínima idéia do que poderia haver no fundo daquele buraco, mas sabia que a morte mais gentil que poderia existir, para quem caísse naquele maldito poço, seria, obviamente, a de despedaçar todos os ossos lá no fundo. Meu ódio se transformou em fúria berserk, e eu redobrei meus esforços para tentar atravessar aquela parede invisível e ajudá-la, mas era inútil. Tudo o que eu podia fazer era assistir.

Enquanto isso, o medo de Nedaxe se tornava um pânico cego e irracional. E foi isto o que a salvou.

Ela deu talhos ferozes em direção a Rômulo – usando mais força do que habilidade – e, naquele momento, o fez recuar o suficiente para que ela ganhasse o espaço do qual precisava. Ela mergulhou para um lado, rolou e ficou de pé atrás dele. Golpeou com toda a força, e o gume de sua lâmina cortou fundo a carne do pescoço mutilado de Rômulo, atravessando osso e carne; e, num jato de sangue, a cabeça decepada voou dos ombros do bruxo – e para dentro da escuridão aberta do buraco redondo, para o qual ele tentara empurrar Nedaxe.

Houve um grito sobrenatural de terror, vindo das trevas sob os pés do cadáver ainda de pé. O corpo sem cabeça de Rômulo ficou erguido por um momento na beira do Poço de Skelos, mas caminhou para longe da beirada.

Fiquei horrorizado diante daquela visão! Tão horrorizada quanto eu, Nedaxe de Cherkessia se viu obrigada a correr para trás do cadáver ambulante de Rômulo e lhe empurrar fortemente os ombros com as mãos. Eu conseguia ver o horror e a repulsa nos olhos da garota, enquanto ela o fazia. Naquele momento, algo semelhante a um relâmpago atingiu o corpo dela e a derrubou entorpecida sobre o chão, ao mesmo tempo em que o corpo decapitado caía dentro do poço.

Por um momento, reinou o silêncio na câmara, e nem eu nem Nedaxe nos movíamos. Logo, no altar, Rhéia se espreguiçou e choramingou enquanto a consciência começava a retornar até ela. Finalmente livre do feitiço que me aprisionava, corri até minha cherkess e a ajudei a se levantar.

- Estou bem, Conan. – disse Nedaxe – Posso cuidar de mim mesma. Ajude Rhéia. Precisaremos da influência dela para ficar a salvo dos guardas, antes de fugirmos daqui.

- Faz sentido, Nedaxe.

Então, nos dirigimos até Rhéia para cuidar dela, enquanto tentávamos esconder nosso nervosismo ao olhar para o buraco aberto no chão. Então, vi Nedaxe súbita e impulsivamente se afastar do altar, pegar uma tocha da parede e, numa atitude temerária, se dirigir à beirada do poço para, ajoelhada ali, tentar ver o que havia naquela escuridão.

Súbito, um braço serpentino e coberto de pêlos negros agarrou Nedaxe pela cota-de-malha. A cherkessiana gritou quando aquele braço monstruoso tentou arrastá-la para dentro do buraco, enquanto ela tentava desembainhar a própria espada e se livrar daquela coisa com golpes de tocha. Sem pensar duas vezes, corri até lá e decepei aquele braço disforme com minha espada, enquanto Nedaxe arremessava a tocha poço adentro. Tivemos um mero vislumbre de uma coisa disforme e simiesca dentro do Poço de Skelos, antes que a tocha se apagasse lá dentro.

Minha companheira de armas e cama chorou como uma criança e se agarrou ao meu torso nu, enquanto eu a abraçava e ela tremia até se acalmar.

- O horror terminou, Nedaxe. – grunhi, beijando-lhe selvagemente os lábios vermelhos, e rosto e pescoço suados – E agora, não há mais nada a se temer.

- Acho que voltarei a Cherkessia, Conan. – ela disse, ainda me abraçando e com o medo ainda brilhando em seus belos olhos negros – Estou farta desta maldita feitiçaria do mundo hiboriano. – a cherkessiana acrescentou, limpando as lágrimas com uma das mãos.

- Eu também odeio feitiçaria, Nedaxe. – respondi – Mas acho que tentarei a sorte ao sul do Rio Tybor, em algum reino hiboriano onde ela não exista. Só sei que estou farto desta cidade!

E juntos, recolocamos a laje de pedra no terrível Poço de Skelos, e desamarramos e ajudamos Rhéia de Poitain a sair da cripta. Então, nós a levamos de volta ao seu quarto, onde, após termos sido regiamente recompensados pela poitainiana, partimos de lá e, pagos também pelo nosso receptador, saímos daquela cidade, deixando para trás o horror – agora morto – que a perseguira.



Epílogo: Após atravessar Ophir e ter uma breve carreira como ladrão em Koth – bem como seu primeiro encontro com Sergius de Khrosha –, Conan atravessa todo aquele país na direção leste, até chegar a Zamora, pela fronteira sul.




A seguir: Os Espectros das Ruínas (desenvolvido a partir de uma sinopse de Robert E. Howard).



Compartilhar