(por Fernando Neeser de Aragão)
- Mas, cimérios... – insiste,
educadamente, o líder dos gunderlandeses ali presentes (pois sabem que, para
qualquer bárbaro do norte, rudeza é um convite para uma contenda, coisa que os
intrusos de cabelos claros não desejam) – A união faz a força!
- Sim, há força na união! –
reafirma outro renegado gunderlandês, se dirigindo a eles no mesmo Bossoniano
rudimentar de seu líder, uma língua facilmente entendida por aqueles lingüistas
natos, de cabelos negros – O Rei Vilerus, da Aquilônia, nos renegou por termos
desertado de seus exércitos, e ficaríamos muito felizes se, pelo menos alguns
de vocês se juntassem a nós, para invadirmos nosso próprio país. – ele cospe
para um lado, ao pronunciar a palavra “país” – Aliás, não mais nosso país, vez
que, além de sermos proscritos lá, nós nunca nos consideramos realmente
aquilonianos. Nós, inclusive, abandonamos o mitraísmo e estamos voltando a
cultuar Bori, deus de nossos ancestrais...
- Por que deveríamos confiar
em hiborianos? – pergunta, desconfiado, Eremon, o líder da tribo. – Eu soube
que seus parentes da Nemédia tentaram, mais de uma vez, invadir o sudeste da
Ciméria. Alguns conterrâneos nossos pereceram em batalha, mas, por Crom, um
cimério vale por três almofadinhas nemédios, e estes últimos foram expulsos.
- Os aquilonianos são inimigos
dos nemédios – diz o velho Tassach, pai do ferreiro Criomnthan. – Eu mesmo,
quando jovem, já defendi o sul da Ciméria de uma invasão nemédia, e não vi um
só aquiloniano entre eles.
- De qualquer forma, pai –
intervém o ferreiro, filho de Tassach, e pai de quatro filhos, falando na
língua ciméria para que os gunderlandeses não entendam –, existe o risco de
nemédios e aquilonianos terem se aliado em sua última tentativa de invasão pelo
Reino da Fronteira. Estes cães da Aquilônia estão sempre cobiçando nossas
terras e riquezas naturais...
- Concordo com você em parte,
filho – responde Tassach. – Mesmo assim... – ele acrescenta, se dirigindo aos
gunderlandeses na própria língua destes, para surpresa dos renegados de cabelos
claros e olhos cinzas – Nós só lutamos por clãs ou tribos. Por isso, façam o
favor de partirem daqui. – ele conclui, desembainhando a espada.
- O que disse a eles, Tassach?
– pergunta Eremon.
- O que já dissemos, em Bossoniano,
a outros aquilonianos que aqui vieram com o mesmo propósito destes. – responde
o velho ex-aventureiro, apontando para os gunderlandeses, ao mesmo tempo em que
repete, na língua ciméria, a frase que havia dito aos intrusos de cabelos
loiros e castanho-claros – A propósito – acrescenta Tassach, se dirigindo em
Bossoniano para os gunderlandeses, a fim de que todos ali presentes entendam, e
sorrindo pela primeira vez –, o que acham de procurarem aliados em Argos, Ophir
e Zingara? Eu já estive naqueles países, quando jovem, na companhia de outros
renegados gunderlandeses, e os povos de lá são mais amigáveis a vocês do que os
nemédios. Sem contar que já encontrei alguns gunderlandeses se dando bem como
mercenários em Zamora e Shem... e até mesmo nos reinos hiborianos dos quais
falei, assim como na Britúnia, Coríntia e Koth.
Sem responderem, os
gunderlandeses desistem de seu objetivo e partem dali. Os cimérios os
observam por algum tempo, como uma matilha de lobos famintos que avistam um
bando de cervos se afastando do outro lado de um rio, trotando preguiçosamente
até a floresta às margens da clareira. Como os lobos desejam a caça, aqueles
bárbaros morenos desejam a matança, e sabem que do outro lado do rio existe
caça farta, a qual, talvez, no dia seguinte, volte às margens do rio para
saciar a sede. O líder daquela tribo sabe que, algum dia os gunderlandeses
voltarão – eles ou os aquilonianos. Mas isto agora não vem ao caso. Então, sorrindo levemente, Eremon chama
todos os homens da tribo à qual lidera – bem como algumas mulheres e adolescentes
– para caçarem.
***
Os bosques, sob a abóbada
quase sempre cinza do céu da Ciméria, eram cheios de animais selvagens, os
quais os cimérios caçavam com lanças, abatendo o urso, o cervo e o javali,
tanto com as lanças de ponta de sílex quanto com as de ponta de ferro – embora
estas últimas fossem mais utilizadas em batalhas –; e a lebre, com bastões de
ferro e sílex. Alguns mais fortes e ágeis – como Tassach e seu filho Criomnthan
– abatiam javalis com machados de sílex – embora ambos, por serem ferreiros,
preferissem usar machados de metal, tanto de ferro quanto de aço.
Os cimérios adestravam cães
para as caçadas. E a coleta continuava sendo uma fonte bastante aproveitável: o
morango, o cogumelo e a avelã freqüentavam todas as mesas daquele povo
guerreiro – sendo o cogumelo cozido usado para temperar todas as carnes, depois
que as mesmas eram assadas.
O outono já está na metade
nessa terra onde três quartos do ano são completamente nublados, e quase toda a
comida para o inverno já foi devidamente seca e estocada. A caçada e coleta
daquele dia visam obter comida apenas para aquele dia – já que quase toda a comida
da tribo está guardada para a estação seguinte. E será assim até o início do
inverno – o qual sempre pinta de cinza aquelas colinas verde-escuras. Ealadha,
esposa do ferreiro Criomnthan, não comparecerá a esta e às próximas caçadas
porque, embora capaz de lutar e caçar, mesmo no início de um pós-parto – como
já visto no dia em que Conan nascera –, a filha de Cliodhna e Murrad precisa
amamentar o filho caçula, o recém-nascido Ruarcc.
Naquela terra sombria e
enevoada, até onde um homem pode enxergar, seus olhos avistam infindáveis
colinas atrás de colinas, cobertas por florestas densas e cada vez mais escuras
à distância. Sempre há nuvens entre essas colinas, e os céus ficam constantemente
cinzentos quando não é verão. Os ventos sopram frios e cortantes, trazendo
granizo e neve no inverno – ou chuva, como agora no outono. O gemido daquele
vento, passando por galhos nus ali perto, aliado ao canto oco de um pássaro
próximo a eles, faz com que o marceneiro Tuathal seja repentinamente acometido
pela estranha loucura da futilidade – como ocorre comumente com os cimérios –,
transportando sua mente melancólica para o vazio da vida.
- O que foi, Tuathal? –
pergunta Eremon, cujo admirável autocontrole emocional faz dele um líder –
Pensando na vida, meu amigo? – ele indaga, ao perceber o olhar vazio do
companheiro de tribo.
- Estou pensando na falta de
sentido da vida, e de esperanças no futuro – responde o marceneiro, com a
inexplicável melancolia de um cimério –; e na futilidade dos esforços humanos...
Por Morrigan e Dagda! – ele acrescenta, citando o nome de dois deuses cimérios.
Naquele momento, o sorriso de
Eremon – aprendido por ele com Tassach – é de grande valia para Tuathal, quando
este mira os olhos do líder tribal. Tão abruptamente quanto o acometera, a típica
melancolia ciméria o abandona. Lembrando-se da perspectiva de uma boa caçada, a
alma do marceneiro se alegra novamente.
Enquanto isso, lado a lado, os
ferreiros Tassach e Criomnthan – apesar do mais novo não ter os cabelos ralos
no alto da cabeça, nem ter olhos cinzas, nem ainda ter sido emagrecido pela
velhice – parecem um único homem em idades diferentes: a mesma testa larga e inclinada,
e as mesmas sobrancelhas espessas. Ao se olhar para o ex-aventureiro avô de Conan,
se tinha poucas dúvidas de que Tassach era a imagem viva do filho no futuro. A
diferença mais óbvia entre ambos está no fato de Tassach, apesar de mais velho,
ser mais bem-humorado que Criomnthan – e tanto quanto o neto Conan.
Este, por sua vez, já tem 14
anos, e caminha com a mesma desenvoltura de um cimério adulto, além de, medindo
1m80, ser quase tão alto quanto um – sem contar que os anos ajudando o pai na
forja, ao usar o fole, aliados às subidas em montanhas, lhe tornaram mais robusto
e musculoso que quaisquer outros adolescentes de sua idade (os quais, à exceção
dele e dos irmãos Rotheachta e Dathal, só subiam montanhas e nadavam em lagos e
rios). Por isso, ele detesta ser chamado de “menino” ou “garoto” pelos membros
de sua tribo; até mesmo quando seus pais o fazem, Conan disfarça o
aborrecimento numa expressão taciturna, típica de seu povo. Por Crom, aquele
adolescente já conhece a libido, e o alvo principal desta é a também
adolescente Eanbotha, filha do marceneiro Tuathal – e menos de um ano mais
velha que Conan! Contudo, naquele país, um rapaz só é considerado homem –
recebendo, deste modo, permissão para ter relações sexuais com quem queira e
vice-versa – quando se casa, ou então quando realiza algum tipo de proeza.
O fato de ter nascido em meio
a uma grande batalha e de ter um pai ferreiro, numa tribo onde a maioria das
pessoas confecciona lâminas de sílex, dão certo prestígio a Conan. Mas aquilo
já não lhe é mais suficiente. Até mesmo o fato de usar, ao invés de uma pele de
lobo como tanga, a de uma pantera que ele próprio havia matado, já havia sido
uma proeza superada – vez que, nos anos seguintes, aquele garoto havia
arremessado sua lança certeira contra outros animais selvagens das montanhas.
Enquanto isso, ao redor de
Tassach, há uma aura que o diferencia dos demais cimérios: a aura de um
aventureiro muito mais vivido que o mais idoso dos homens de seu povo, e o
olhar de alguém que já viveu – e quis – muito mais do que simplesmente cuidar
da família na terra natal e defendê-la, e do que realizar violentas incursões a
pé apenas contra seus vizinhos a norte, sul e leste.
E, apesar de seu primeiro neto
homem, o adolescente Conan, ser um rapaz menos experiente que a maioria dos
adultos, percebe-se, no filho do ferreiro Criomnthan, que esta aura, esta natureza
e desejo, são ainda mais fortes que no avô. Todos gostam de ouvir as histórias
do velho Tassach sobre as maravilhas do mundo civilizado ao sul, mas Conan é o
único cujo interesse supera o de todos os conterrâneos. Em sua alma inquieta, o
filho adolescente de Ealadha sente um desejo latente por algo mais do que
simplesmente ouvir, imaginar e esquecer os relatos do ex-aventureiro pai de Criomnthan.
Em seu íntimo e em seu inconsciente, o jovem Conan quase sente o embrião, o
germinar, de uma vontade de ver pessoalmente tudo aquilo que seu avô paterno
lhe conta. Enquanto a maioria dos cimérios tem sonhos monstruosos, não têm
esperança nem nesta vida nem no além, e meditam muito sobre o desconhecido, o
neto de Tassach tem, quase sempre, sonhos vagos, porém agradáveis, povoados
pelas aventuras que o avô conta.
* * *
Cervos, alces, renas,
auroques, touros e bisões costumam aparecer nas margens daquele lago, numa
clareira, em busca de pasto e água, fazendo afiadas lanças de sílex à espreita
se tingirem de vermelho. Contudo, era raro os três últimos aparecerem sem que
os três primeiros fugissem.
Conan, contudo, havia avistado
uma lebre na clareira, e resolve pegá-la. Sabendo que uma lança é grande demais
para aquele pequeno animal, o jovem caçador improvisa uma funda para abater a
lebre. Conan, contudo, erra o alvo, o qual pula para dentro de um espaço de
grama alta entre duas árvores. Então, uma sensação instintiva de perigo –
inexistente em qualquer incauto civilizado que ali estivesse, e desenvolvida,
desde a infância, em qualquer caçador cimério – toma conta do adolescente. No
momento seguinte, um tigre, com a lebre ensangüentada entre as presas, salta de
entre aqueles dois pinheiros do pequeno bosque escuro. Ao ver o felino, o filho
do ferreiro fica com a lança de prontidão.
O tigre larga a lebre, ao ver
uma presa bem maior, e começa a rodear o jovem alto... garras de aço, listras
negras. O enorme felino fareja, saboreando a refeição vindoura. Com seus
sentidos tão aguçados quanto os de qualquer bárbaro, o adolescente não é
acometido pelo medo – pois os cimérios só temem o sobrenatural. No momento em
que a fera pula para atacá-lo, Conan dá um salto para trás, ao mesmo tempo em
que crava a lança na boca do tigre, perfurando-lhe o cérebro e projetando a
ponta da arma na parte posterior do crânio do animal. Para quem matara, com um
único arremesso de lança, uma não menos ágil pantera na infância, aquele tigre
não havia sido tão difícil, afinal.
Ao tirar a lança, manchada de
sangue e miolos, da carcaça do felino, o filho do ferreiro Criomnthan ouve, do
lado externo daquele bosque de pinheiros, gritos femininos de medo, aliados a
um pesado trovejar de cascos sobre o nevado chão lamacento.
Saindo do pequeno bosque,
Conan vê um touro selvagem, o qual fugira do tigre antes deste ser morto, e que
agora corre em direção a Eanbotha – a qual, por sua vez, ouvindo os rugidos do
felino recém-abatido, tinha ido ver se o jovem filho do ferreiro estava bem e,
ao se deparar com aquele enorme herbívoro trotando em sua direção, atirara, sem
sucesso, a lança de ponta de sílex em direção ao animal. Vendo que o touro se
aproxima rapidamente da agora desarmada filha do marceneiro, Conan arremessa
sua lança de ponta de ferro, com tal força que a mesma atravessa o animal de um
lado a outro. O touro, contudo, não morre. O ferimento lhe atiça a fúria,
fazendo-o correr em direção a Conan.
Então, o desarmado adolescente
aguarda o touro se aproximar e agarra-lhe os chifres com as mãos nuas. O enorme
animal lança a cabeça para trás, num gesto brusco e violento, mas o filho de
Criomnthan não larga os cornos do animal. Conan tenta firmar os pés para não
escorregar, mas a força do touro é suficiente para arrastar o garoto para a frente.
Percebendo sua impossibilidade
em firmar os pés, o adolescente espera o touro lançar novamente a cabeça para
trás e, quando isto ocorre, Conan monta no musculoso dorso do animal, sem
soltar os chifres do mesmo. O vento frio do outono adentra os pulmões ofegantes
do jovem, à medida que sopra naqueles pinheiros que cercam o lago. Todos os
cimérios ali presentes assistem à cena em absoluta tensão, temerosos em usarem
suas lanças e, sem querer, atingirem o filho do ferreiro. Além disso, tudo
aquilo aconteceu rápido demais, até mesmo para aquele povo, cuja agilidade é
felina – quando os caçadores viram o que estava acontecendo, o primeiro filho
homem de Ealadha já estava montado no dorso do touro e lhe agarrando os
chifres. Então, algo diz a Conan que o enorme e feroz animal está ligeiramente
enfraquecido, devido à lança que lhe atravessou os intestinos. Aproveitando-se
disto, e vendo que o touro está investindo novamente contra Eanbotha, Conan dá
uma única, desesperada e violenta torção com toda a força de seus já musculosos
braços longos, de modo que, com um estalo semelhante ao de um tronco de árvore
se quebrando, a cabeça do touro selvagem é virada para cima num ângulo obtuso,
e a carcaça do animal jaz imóvel sobre a neve, com o grosso pescoço quebrado.
Conan se ergue lentamente, com o corpo coberto de arranhões e
hematomas. A cabeça levemente baixa vai se erguendo também lentamente,
revelando aos espantados expectadores uma face sombria, onde os gelados olhos
azuis se comprimem sob as espessas sobrancelhas negras. Todos percebem que algo
mais aconteceu ao garoto, além da ferrenha batalha contra o touro. Uma mudança
interior... algo como uma muralha que foi galgada e ultrapassada... Conan
percebe isso em si mesmo. Ele consegue perceber a dimensão de seu feito e sabe
que algo assim jamais foi realizado.
De pé, como uma estátua de bronze sobre a neve maculada, ele se
empertiga e se dirige, claudicando, aos seus que o observam.
Mas, independente da mudança
interna ocorrida em Conan, os olhos de todos os presentes se arregalam de
assombro. Por Crom, nem mesmo o mais forte de todos os cimérios faria isto! – é
o pensamento que passa pela mente dos assombrados expectadores da cena.
Tassach – e até mesmo o
taciturno ferreiro Criomnthan – sorriem, orgulhosos. Longos segundos depois,
Eremon, o líder da tribo, um pouco menos espantado que os demais presentes,
quebra o silêncio e se dirige ao adolescente:
- Conan... por Crom e
Diancecth, a partir de hoje, você não é mais um garoto, e sim um homem!
A partir deste momento, você tem permissão para se pronunciar diante das
fogueiras do conselho. E, em virtude desta proeza nunca ter sido feita antes
por homem algum, você também ganhou o direito de reivindicar qualquer outra
coisa além do que lhe foi dado como direito.
O filho do ferreiro pondera
por alguns instantes, ao mesmo tempo em que ajuda Tuathal a levantar a jovem Eanbotha
– a qual havia tropeçado e caído enquanto fugia do touro. Dois olhares de
irrecusável desejo se cruzam – os olhos azuis de Conan e os cinzas da filha do
marceneiro...
- Se for vontade dela e do pai
dela, peço que, a partir de hoje, Eanbotha seja minha companheira. – diz
finalmente o filho de Criomnthan.
- Para isso, você precisa
casar com ela. – responde Eremon – Mas, antes da cerimônia, você tem meu
consentimento para dormir com a garota... caso ela e os pais permitam.
Eanbotha sorri timidamente e
balança positivamente a cabeça, com desejo no olhar, enquanto Tuathal também
assente.
- Minha esposa concordará. –
diz o barbeado marceneiro, de olhos azuis ainda mais taciturnos que a maioria
dos cimérios, e cuja pele é excepcionalmente morena entre um povo moreno (em
contraste com sua filha Eanbotha, de sorridentes olhos cinzas, a qual tem a
pele mais clara do que a média ciméria).
* * *
Naquela noite, após defumarem
a carne de outros animais, mortos na caçada, todos na tribo se banqueteiam com
a carne do touro morto por Conan e bebem o hidromel usado nos festivais tribais
– os quais ocorrem umas três a quatro vezes por ano entre os cimérios –,
enquanto Criomnthan forja um capacete de aço, decorado com os chifres do animal
que seu primeiro filho homem havia matado. É um dos prêmios pelo que o filho do
ferreiro havia feito. Os cimérios – ao contrário da maioria dos vizinhos,
civilizados ou não – raramente ingerem bebidas alcoólicas. Mas aquela é uma
ocasião especial. A partir daquele dia, não apenas Conan poderá se pronunciar
diante das fogueiras dos conselhos, como também seu nome será pronunciado nas
mesmas com extremo respeito.
Enquanto isso, dentro da
cabana de Tuathal, o filho de Criomnthan aperta a forma esguia e vibrante da já
desnuda Eanbotha, e a beija ferozmente nos olhos, bochechas, pescoço e lábios
até ela ofegar de desejo em seu abraço – borrascosa e tempestuosa como o vento
de um temporal, até a forma dos casais cimérios fazerem amor é violenta. Em seguida,
a adolescente de olhos cinzas segura as mãos do jovem Conan em direção ao clitóris.
Este solta uma delas, para poder apalpar um dos seios firmes da jovem, ao mesmo
tempo em que sente, na outra, a umidade quente da excitação da filha de Tuathal.
Suspirando ruidosamente
enquanto suga os seios da filha do marceneiro, o adolescente sente uma parte do
corpo sumir no corpo dela, e que um anel de fogo úmido lhe rodeia essa parte,
indo e vindo.
Então Eanbotha, gemendo de
prazer, deixa desabar o corpo sobre o dele, dando-lhe um novo, sôfrego e
ansioso beijo na boca, o qual desencadeia, no também desnudo corpo de Conan, um
segundo e interminável frêmito.
Assim, numa mistura rósea de vermelho e branco se derramando sobre o
leito de pele, se esvaem as virgindades de Conan e Eanbotha, que suspiram
abraçados como um só, na volúpia carnal que lhes palpita nas veias e
genitálias.
FIM
Agradecimento especial: Ao grande
amigo, o howardmaníaco Osvaldo Magalhães, de Brasília – DF.
A seguir: Batismo de Sangue e Fogo!