O Símbolo

(por Robert E. Howard)



Eons antes da era atlante, na época do amanhecer negro do mundo,
Estranhos eram os reis e sombrios eram os atos que a lua pálida testemunhava.
Quando as grandes cidades negras dividiam as estrelas, e estranhas proas negras quebravam a maré,
E a fumaça se erguia de santuários medonhos, onde vítimas contorcidas morriam.

A magia negra ergueu sua cabeça de serpente, e todas as coisas repugnantes e banidas,
Até um Deus furioso lançar o mar sobre aquela terra estremecida.
E os reis pavorosos lerem seus destinos no vento e na água salgada que se erguia,
E eles encaixaram um pilar numa colina, como símbolo e sinal.

Santuário e salão negros, e a parede da caverna afundaram no sono eterno,
E o amanhecer desceu o olhar para um mundo silencioso e para o mar alto, azul e inquebrável.
Agora, os homens prosseguem em seus caminhos diários, e são indiferentes à sensação
Do véu que esmagou, há muito tempo, o mundo sob seu calcanhar.

Mas, no fundo dos salões, ocupados por algas marinhas, nas profundezas verdes e sem luz,
Reis inumanos aguardam o dia que lhes quebrará os grilhões do sono.
E longe, numa sombria terra inexplorada, numa colina cingida de selva,
Um pilar se ergue como sinal do Destino, em sutil e pálido silêncio.

Entalhada em sua lisa superfície negra de pedra, uma terrível runa desconhecida
Olha malevolamente no clarão do sol tropical e no frio da lua leprosa.
E permanecerá como um símbolo mudo de que os homens são fracos e cegos,
Até o Inferno rugir de dentro do abismo negro, e o horror se precipitar atrás.

Pois esta é a frase escrita sobre a haste, ó filhos pálidos dos homens:
“Nós, que fomos senhores de toda a terra, nos reergueremos e vamos governar novamente”.
E negra será a sina das tribos da terra, naquela hora selvagem e vermelha,
Quando as eras abandonam seus segredos e o mar abandona seus mortos.


Tradução: Fernando Neeser de Aragão.


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