(por Al Harron
e Deuce Richardson)
“Fiquei muito interessado em suas observações
sobre as descobertas na Península Yamal; foi a primeira vez que ouvi qualquer
coisa sobre o assunto. Sem dúvida, Conan tinha conhecimento de primeira mão
sobre as pessoas que desenvolveram a cultura descrita, ou pelo menos sobre seus
ancestrais”.
(Carta de
Robert E. Howard a P. S. Miller)
Na grande
região desolada ao norte da Hirkânia, um povo misterioso perambula pela tundra.
Os yamalis são uma derivação bem distante dos aborígines de baixa estatura da
terra agora governada pelos hirkanianos, embora poucos homens se aventurem
muito ao norte de sua terra natal. Este povo, que vive na verdadeira beirada do
mundo, se constitui de nômades selvagens, vigorosamente adaptados à terra fria.
São um povo espiritual e, embora não predispostos à guerra, são contudo
lutadores perigosos.
REH parece ter
sugerido que os habitantes do distante nordeste da Eurásia eram descendentes de
pictos e lemurianos.
Nos últimos
poucos milênios, os yamalis permaneceram selvagens: viajando de trenó e rena,
dormindo em tendas de pele de animal, vivendo fora da terra e adorando antigos
deuses em forma de animais. Há dois grupos distintos de yamalis: o “Povo da Floresta”,
que foi absorvido pelos lemurianos para se tornarem as tribos hirkanianas; o
“Povo da Tundra”, o grupo que vivia nas regiões geladas ao norte. A religião
deles é baseada no xamanismo e num sistema animista de crenças, os clãs olhando
para seu Xamã em busca de orientação para onde viajar, de acordo com as
estações do ano e a caça.
Os yamalis não
têm um exército consagrado; mais exatamente, todos os homens em “idade de luta”
se erguem para a ocasião. A pé, lutam como infantaria leve, com lanças e
azagaias, estando acostumados a derrubarem enormes ursos das cavernas com suas
armas. Não tendo cavalos tão ao norte, eles, ao invés disso, montam numa
espécie de rena grande, ancestral da espécie moderna: diferente dos futuros
sami e nenets, os yamalis conseguiram domesticar as renas para atuarem como
montarias de guerra.
Yamal não pode
ser conquistada: de fato, a única referência feita à área nos mapas hiborianos
é a anotação malévola “Aqui há dragões!”, ao norte da Hirkânia. Todavia, alguns
mercenários yamalis podem ser recrutados por qualquer um que queira se aventurar
tão longe ao norte: caçadores yamalis, guerreiros yamalis e chefes yamalis. Os
caçadores yamalis se vestem com peles pesadas, empunhando maldosas lanças
farpadas de arremesso e facas de modelo curioso. Os guerreiros yamalis montam
em renas, usando lanças farpadas na luta corpo-a-corpo e à distância. Os chefes
yamalis andam em trenós puxados por quatro renas, com dois guerreiros
empunhando lanças de arremesso.
Acho que os
“yamaluks” deviam ser montadores de mamutes/mastodontes, com renas como
cavalaria leve.
Após a época
de Conan, os yamalis continuaram vivendo suas vidas simples no extremo norte do
mundo, mas, quando Khamatar Khan veio das praias orientais da Hirkânia para
forjar um império que impressionaria o próprio Gêngis Khan, ele recrutou guerreiros
yamalis para atacar regiões setentrionais. Guerreiros yamalis ajudaram nas campanhas
contra a Hiperbórea e, apesar de sua selvageria e austeridade não terem sido
suficientes para conquistarem os cimérios, eles não causaram vergonha em
batalha contra os vampiros de cabelos negros da terra escura. Finalmente, o
Império Hirkaniano caiu, e os yamalis voltaram a seus velhos tempos – onde
permaneceram, até se ramificarem nos povos modernos da orla mais setentrional
do mundo: os povos urais. Os nenets são descendentes puros dos yamalis; os sami
e os finlandeses são mestiços de yamalis com nórdicos; e os ugrics, dos
descendentes dos yamalis fixados pelos hirkanianos em Zamora e na Britúnia. O
próprio nome é lembrado entre os nenets: “Fim do Mundo”, e é dado a uma de suas
terras natais.
Tradução: Fernando Neeser de Aragão.
Digitação: Edilene Brito da Cruz de Aragão.