(por Al Harron e Deuce Richardson)
“Sua única arma era uma adaga cherkess,
larga e curva, numa bainha de marfim, amarrada no alto de seu quadril esquerdo,
à moda kozak” (Nascerá uma Bruxa).
Adquiri
recentemente um par de livros sobre os cossacos. O casaco (“tcherkess”), espada
(“shashqa”) e faca (“kindjal”) cossacos são todos
derivados dos circassianos. O iatagã devia ser a arma turaniana. Eu me pergunto
se os povos “cherkess” não se estendiam um pouco mais para o norte.
Os
cherkessianos são um povo resistente e perigoso das Montanhas Cherkess, ao sul
do Vilayet, provando serem invencíveis pelos iranistanis, Reinos Dourados e até
mesmo pelos turanianos. Os homens cherkessianos – ou cherkess – são famosos por
serem guerreiros impiedosos, e suas mulheres, famosas por sua beleza. As
montanhas cherkessianas têm picos rugosos – não tão terríveis quanto as
Himelianas, mas ainda assim, difíceis de atravessar e extremamente difíceis de
invadir.
Descendentes
de uma tribo errante de hiborianos, chamada Cherkess, a qual se miscigenara com
aborígines descendentes de grondarianos, o povo que se tornaria os cherkessianos
ocupou as terras altas e cadeia de montanhas, ao sul do Vilayet e ao norte das
Grandes Planícies, as quais ficaram conhecidas como Cherkessia. A desunião
tribal significava que não forjaram um reino próprio, mas, não obstante,
conseguiram resistir a incursões de Turan, Iranistão e Ghulistão; a relativa
distância entre Cherkessia e os mundos hirkaniano e hiboriano tornaram-na de
pouco interesse para os conquistadores, em comparação a alvos mais atraentes,
como os Reinos Dourados.
Independente
dos outros Reinos Dourados, a sociedade cherkess é completamente diferente,
tanto da de seus vizinhos ao sul, quanto dos reinos hiborianos a oeste. Um povo
guerreiro, que sempre espera que os homens sempre carreguem armas, e todos os
meninos eram treinados em combate. Laços de família, como os dos hiborianos do
oeste, quase não existiam: cada criança era vista mais como um filho da comunidade
tribal do que dos próprios pais, e muitos pais criavam seus filhos para outros
adultos. As sociedades cherkessianas também são fortemente matriarcais: as
mulheres são as cabeças da comunidade, deixando assuntos de luta armada para os
homens, embora as mulheres freqüentemente lutem ao lado dos homens em tempos de
guerra. Os cherkess também são bastante igualitários, com pouca diferença
econômica entre as comunidades e seus respectivos líderes – muito semelhante às
primeiras tribos hiborianas.
O principal
assentamento de Cherskessia é a cidade de Adegya. Ela tem pouca importância que
não seja a de fonte de bons soldados, sendo pouco desenvolvida e extremamente
difícil de ser sitiada. Aliar-se ou estabelecer comércio seria o ideal, e uma
permanência temporária dentro da província, com um poderoso general, atrairá
muitos mercenários. Todavia, as reservas humanas de Cherkessia são dignas de
atenção. Embora os cherkessianos sejam independentes, muitos – e muitas –
jovens se tornam mercenários em outras nações: eles podem ser recrutados como
mercenários ou recrutas regionais, como Guerreiros Cherkessianos. São
excelentes na investida e na infantaria de apoio, lutando com espadas, machados
e as famosas adagas cherkess, e são particularmente adeptos das emboscadas em
territórios montanhosos. Além dos guerreiros, Cherkessia é famosa pelas
mulheres excepcionalmente belas, as quais são excelentes princesas e
embaixatrizes – e, para um conquistador particularmente dominante, escravas e
perfeitas concubinas.
Após a época
de Conan, os cherkess continuaram a repelir tentativas turanianas de aquisição,
mas na época da máxima expansão turaniana, o poder de Turan era simplesmente
grande demais, e os cherkessianos passaram a fazer parte do Império Turaniano.
Durante séculos, suportaram a indignidade da sujeição – o desejo de rebelar
palpável sob a fachada de tolerância pelos seus novos senhores. Entretanto,
quando os pictos se ergueram para desafiar Turan, os cherkess se rebelaram,
apenas para serem novamente subjugados. De tempos em tempos, os cherkessianos
se rebelariam, mas Turan era impiedosa em sua repressão; somente na época em
que os cimérios vieram para dispersar o exército de Turan, é que os cherkess
finalmente se livraram do jugo turaniano, e a essa hora era tarde demais. As
geleiras vieram, e os cherkessianos caíram na barbárie. Mesmo assim, a
lembrança daqueles homens fortes e mulheres bonitas ecoaria em seus descendentes:
os circassianos.
Tradução: Fernando Neeser de Aragão.