Autores:
Lobos na Floresta – Kurt Busiek (roteiro), Greg Ruth (arte)
Preço: R$ 4,90
Número de Páginas: 28
Data de Lançamento: Junho de 2005
Sinopse:
Após uma epidemia que dizimou a maioria de seu rebanho bovino e incêndios que destruíram suas provisões de inverno, os cimérios da tribo de Conan migraram para um planalto mais ameno e próximo à água.
Conan, agora um menino de oito anos, ajuda na construção das novas cabanas da tribo em vez de ir brincar com seus colegas imberbes.
Durante um passeio pela floresta, em busca de lebres, o jovem cimério encontra o chefe de sua tribo preso a um galho partido de árvore e incapaz de se mover. Mas antes que Conan pudesse ir buscar ajuda na tribo, a dupla é cercada por lobos famintos.
O que se sucede então são atos de pura selvageria.
Após sua peleja com os lobos, o menino Conan provou que pode andar junto aos homens da tribo, participar das frivolidades ao redor da fogueira e partilhar até mesmo da aguardente que os adultos tomam.
Positivo/Negativo:
A capa desta edição, ilustrada pelo excelente Greg Ruth, não deixa dúvidas quanto ao conteúdo da aventura, e se você não desviar o rosto pode até se machucar nas presas daquele lobo (embora não consiga fugir do bafo).
Neste segundo trabalho da dupla Busiek/Ruth, temos a continuidade das aventuras de Conan em seu tempo de menino, na inóspita e gelada Ciméria, sua terra natal.
O primeiro trabalho de Kurt Busiek e Greg Ruth para a revista Conan o Cimério (edição #8) iniciou-se com o nascimento de Conan em um campo de batalha e parte de sua infância na aldeia, encerrando-se com sua primeira desavença séria com um colega de brincadeiras. Aquela foi uma aventura surpreendente que mostrava uma visão diferente de Conan, já que abordava seus dias de criança.
Nesta edição, a surpresa é ainda maior, pois, além de dar continuidade ao contexto, revela um aspecto de Conan até então não mostrado, que é a sua parte selvagem e animalesca, a sua força de vontade e o seu desejo de viver.
Sobre a arte de Ruth, a seqüência iniciada na página 13 e encerrada na 17 é simplesmente amedrontadora. Mesmo sem o texto de Busiek, podemos sentir a adrenalina do momento naquele instante em que o líder da matilha salta sobre Conan e este enterra sua faca no pescoço do lobo. O envolvimento da arte é tão desesperador que tentamos imaginar sentir o gosto do sangue na boca, quando Conan rasga o pescoço do animal com os próprios dentes e volta seu olhar gélido e destemido para o resto da matilha, que sai em debandada.
O roteiro de Busiek está impecável e mostrou apropriadamente uma conversa entre Conan e seu avô, onde o velho fala ao menino sobre seus dias de saqueador nas nações do sul, revelando ainda o motivo pelo qual fugiu de sua tribo, no sul, e se refugiou na tribo à qual Conan pertence.
Esse trecho da aventura foi inspirado em uma informação contida em uma carta de Robert Howard – o criador de Conan – a seu amigo P. Schuyler Miller, em 10 de março de 1936, onde Howard dizia: “Seu avô [o de Conan] foi membro de uma tribo do Sul que havia fugido de seu próprio povo por causa de um feudo de sangue e, depois de longas andanças, finalmente abrigou-se entre os povos do Norte. Na juventude, antes de sua fuga, o avô havia tomado parte em muitos assaltos às nações hiborianas, e talvez fossem as histórias que contava a Conan menino sobre aquelas terras mais suaves que despertaram nele um desejo de vê-las” (Conan – Espada e Magia #1).
Contudo, apesar da arte maravilhosa e impecável, nota-se uma contradição ao mesmo Robert E. Howard, quando vemos a maioria dos cimérios retratada com olhos castanhos – à exceção de Conan e do avô. O próprio criador de Conan foi bem claro quando, em seu ensaio “A Era Hiboriana”, afirmou que os cimérios tinham olhos azuis ou cinzas (Conan – Espada e Magia #1, Ed. Unicórnio Azul, e Conan O Cimério Vol. 1, Ed. Conrad). Outro aspecto é que, ao contrário do que Dave Stewart vem fazendo, Greg Ruth esquece de escurecer devidamente a pele do povo da Ciméria que, segundo REH, tinha a pele morena, “mas não tão escura quanto a dos zíngaros, zamorianos e pictos” (ver “Notas sobre Vários Povos da Era Hiboriana”, publicada na CB 35 da Ed. Abril e Conan O Cimério Vol 1, da Ed. Conrad).
Entretanto, ao vermos aqueles sacerdotes cimérios, semelhantes aos históricos druidas, lembramos logo de uma referência que R. E. Howard fez, no conto “O Colosso Negro”, ao fato de os cimérios também terem seus oráculos.
Nesta edição ainda temos a volta do hilariante Bob Cano-Duplo, apresentada pela dupla Jim e Ruth Keegan, e baseada nas histórias verdadeiras de Robert E. Howard.
Classificação: 4 –
Osvaldo Magalhães e
Fernando Neeser, Cronistas do Portal
Crônicas da Ciméria