Os maiores valentões do cinema

Fonte: Omelete (www.omelete.com.br, em 22/3/2005)

Sempre que alguém faz uma lista de melhores ou piores qualquer coisa, nós acabamos reproduzindo-a aqui no Omelete. A tradição de eleger alguns destaques é antiga, mas foi escancarada no livro-que-também-virou-filme Alta fidelidade (2000), escrito pelo boa praça Nick Hornby. O problema é que Rob, o personagem interpretado por John Cusack, é sensível demais... então decidimos fazer uma lista com os mais viris, varonis, vigorosos, valentões, másculos e (por que não?) canalhas do cinema.

Nas nossas árduas pesquisas (também conhecidas como "conversa de boteco"), vimos que alguns padrões se repetem entre estes caras. Macho que é macho tem que perder a família inteira ou parte dela. A principal motivação deste sujeito é a vingança. Eles bebem, fumam e cospem (bom, o Conan cospe). Eles têm nomes fortes como Paul, James ou John. Um título militar na frente também ajuda bastante. Carregam armas. Muitas armas (e tome símbolos fálicos!). Com exceção, é claro, daqueles que não conseguem porque estão com as mãos cheias de bebidas e mulheres. E pode esquecer aquele papo de discutir o relacionamento. Estes tipos não são muito bons com as palavras, preferem ficar na deles e começar a distribuir bordoadas para quem encher o saco. Mas pode ficar tranqüilo que eles dificilmente começam uma briga, afinal, eles sabem que se entrarem em uma, quem vai sair mais machucado são os outros.

Excluímos da lista qualquer pseudo-macho que use enfeites (tipo o rabo-de-cavalo do Steven Seagal), seja chorão (tipo o Rocky), não seja hetero (tipo o Lawrence da Arábia) ou não tenha plena convicção de seus atos (tipo o Neo, de Matrix). Também deixamos de fora os machos de artes marciais como os Jet Lis, Jackie Chans, etc. É muita frescura e gritinho. No máximo o Braddock, mas isso só porque ele matou um rato a dentadas.

Como cinco é muito pouco e dez é um número muito redondinho, a nossa lista foi aumentando. Chegamos a 24 nomes e, de cara, vimos que não ia dar certo. Homens demais juntos e um número, digamos, "mítico" (hehehe). Cortamos pela metade: 12. Mas é um número par, que é sinônimo de "casalzinho", então decidimos pelo 13. Treze é bom. Dá medo em ianque e faz parte de título de filme de terror.

(A lista abaixo está sem nenhum tipo de ordem, porque isso seria coisa de florzinha!)

1. Conan (Arnold Schwarzenegger, 2 filmes)

Numa época em que sabres de luz eram o máximo entre os adolescentes, surgia, girando sua espada, um cimério que entraria para sempre na história do cinema. Seu nome era Conan. Diferente dos filmes que comandavam a ordem geral, a história do Bárbaro tinha muitas mulheres, sangue e mulheres e como era bom pra caramba, este cara musculoso que portava uma espada gigantesca, traçava todas as mulheres e matava qualquer mané que aparecesse na sua frente. Como dissemos ali em cima, o que movia este monte de músculos era a vingança. Quando pequeno, Conan viu seu pai e mãe serem mortos por um mago. Foi escravizado e logo virou um gladiador. Sua trajetória de vitórias era tão marcante que foi expulso do lugar onde morava pois todos tinham medo dele. E assim ele começou sua peregrinação para encontrar aqueles que o deixaram órfão.

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2. James Bond (vários, 20 filmes)

Com a frase "Bond, James Bond", o agente secreto a serviço da Rainha inglesa já levou para a cama 65 mulheres. Claro que estas contas são apenas as que aparecem na tela. Classudo, sempre vestindo o melhor terno, guiando o último lançamento em carros esportivos e bebendo Martini, o agente 007 viaja o mundo detendo os vilões mais bizarros do cinema. A lista reúne megalomaníacos, ecoterroristas, comunistas, lunáticos e outros tipos que querem dominar o mundo, ou simplesmente destrui-lo. James Bond, que já foi interpretado por Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton e Pierce Brosnan, é a exceção que confirma a regra sobre vinganças pessoais. Sua única motivação é bem servir a coroa britânica e, para isso, ele tem o direito de matar quem se intrometer no seu caminho.

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3. Inspetor Dirty Harry Callahan (Clint Eastwood, 5 filmes)

O detetive Harry Callahan, da série Dirty Harry, foi lançado aqui com o título Perseguidor implacável em 1971. O mais durão investigador de San Francisco e sua magnum .44 protagonizaram cinco filmes - todos disponíveis em DVD no Brasil. Cansado de ver bandidos terem mais direitos do que os mocinhos, o detetive resolve quebrar algumas regras para tentar equilibrar a balança. A máxima de atirar primeiro e perguntar depois é uma de suas preferidas. E parece que tamanho "carisma" está longe de acabar. Em 2002 surgiram boatos de que Clint Eastwood gostaria de voltar a dirigir e interpretar mais um filme e recentemente foi confirmado que o ganhador do Oscar 2005 de Melhor Direção por Menina de Ouro vai emprestar sua voz para um videogame da franquia. "Go ahead. Make my day"!

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4. Coronel James Braddock (Chuck Norris, 3 filmes)

Nenhuma lista dos maiores f*d*es do cinema estaria completa sem o Coronel James Braddock. Se ele vivesse nos dias atuais, estaria rindo à toa com seu cartão de milhagem. O cara teve de ir até o Vietnã nada menos do que três vezes. No primeiro filme, aprendemos que ele foi um soldado das forças especiais e prisioneiro de guerra no passado e teve de voltar à Ásia a pedido do governo ianque para resgatar outros prisioneiros. O segundo filme é um prelúdio da aventura anterior e mostra como ele foi capturado e torturado nas mãos do coronel Yin. No terceiro e último longa da série, Braddock descobre que sua mulher, que ele julgava morta, está viva - adivinhe onde... E lá vai ele de novo para o "Nam" chutar uns traseiros vietcongues. O que diferencia Braddock do Rambo, por exemplo, é que ele não vive só das armas que consegue carregar. O bom e velho Chuck Norris mostra, principalmente no segundo filme, que manda bem quando o assunto é socos e pontapés. O cara foi seis vezes campeão mundial de Karatê profissional e naquela época começou a participar da "pancadaria" de Hollywood, pintando inclusive em filmes do mestre Bruce Lee. Pô, o cara é tão animal que chegou a dar aulas para figuras como Steve McQueen. Um currículo que nos obriga a deixá-lo na lista.

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5. Paul Kersey (Charles Bronson, 5 filmes), na série Desejo de matar

Além de ter participado de uma penca de westerns (incluindo aí o clássico Era uma vez no Oeste, de Sergio Leone), de ter matado o Grande Búfalo Branco e encarado até o Toshiro Mifune, Charles Bronson está aqui porque ele tinha DESEJO DE MATAR! Na polêmica cinessérie o cara se movia em câmera lenta, não perdia um só tiro e dizimava as gangues que, por sinal, diminuiam a quantidade de seus entes queridos a cada filme! E haja família! Foram cinco policiais dessa série! Isso sem falar que a cara dele era a mesma coisa que um bloco de granito com bigode!!!! Sem dúvida, um clássico.

6. John Rambo (Sylvester Stallone, 3 filmes)

Ok, a história é bem parecida com a descrita acima para o Cel. James Braddock. Porém, o também veterano do Vietnã John Rambo só volta às selvas asiáticas no segundo filme, Rambo 2 - A missão (1985), que virou sinônimo para qualquer coisa que tenha uma seqüência. A primeira aventura do ex-boina-verde acontece em uma pequena cidade dos Estados Unidos. Preso pelo xerife local e maltratado pelos seus ajudantes, Rambo vê seus fantasmas da guerra ressuscitarem e sua sede por justiça e vingança crescer. Bom, dizer que ele destrói tudo é pouco, afinal explosões e tiros não faltam na série. Vale ressaltar que aqui não tem o lance da família que foi morta. O motivo de tanta violência é sua traumática experiência de guerra. O filme é baseado no livro de David Morrell. A diferença é que no romance Rambo se mata. O problema é que se isso acontecesse, não haveria outras histórias para contar, né?

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7. Léon (Jean Reno), em O profissional (Léon, 1994)

Nenhuma lista dos maiores machões do cinema estaria completa sem a presença de Jean Reno, o maior astro francês de filmes de ação. Poderíamos colocar aqui Wassabi, Rios vermelhos, La femme Nikita, mas seu grande papel é mesmo como Léon, em O profissional. Considerado o melhor assassino profissional de Nova York, Léon acaba se envolvendo com Mathilda (Natalie Portman). Com apenas 12 anos a menina sofre com um pai que guarda drogas para um policial corrupto. Seu único conforto era o irmão, que acaba morto junto com o resto da família quando os traficante invadem seu apartamento. A menina se esconde no vizinho, descobre que ele é na verdade um matador de aluguel e pede ajuda para vingar a morte de seu irmão. Inicialmente relutante, Léon acaba ensinando àquela criança alguns "truques" da profissão. Se não estivesse entre os mais durões da sua profissão, Jean Reno não teria virado personagem principal do videogame Onimusha 3: Demon Siege em que o lema "bater primeiro e perguntar depois" é redundante.

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8. Ethan Edwards (John Wayne), em  Rastros de Ódio (The Searchers, 1956)

O título nacional do filme já diz o que move Ethan Edwards (um dos mais marcantes papéis de John Wayne): ódio! Após retornar da guerra civil ele encontra o rancho de seu irmão destruído e muitos mortos. Parte então, junto com o sobrinho Martin, em busca dos responsáveis pelo massacre e do seqüestro de sua sobrinha. São cinco anos no lombo dos cavalos... e coitados dos índios que cruzam seu caminho (tem até chute no traseiro de uma índia gorda morro abaixo!). Até mesmo Martin, que tem sangue nativo em suas veias, sofre com a discriminação deste decidido anti-herói.

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9. John Shaft (Richard Roundtree), em Shaft (1971)

"Mais quente que Bond. Mais frio que Bullit", anunciava o cartaz do filme de John Shaft, o mais durão, cool e rebelde dos detetives blackexpoitation (estilo de filmes black dos anos 70). Com esse policial não tinha conversa. Se um sujeito qualquer olhasse torto pra ele era imediatamente defenestrado. E estamos falando de janelas no quinto andar. Com a mesma habilidade que surrava malfeitores, conquistava a mulherada com sua gola rolê e jaqueta de couro. Mais tarde o personagem, vivido por Richard Roundtree, ganhou série de TV. Quase trinta anos depois, virou novo filme, desta vez com o também durão Samuel L. Jackson no papel. Roundtree até apareceu por lá pra dar umas dicas ao novato, que também chutou alguns traseiros. E como se isso não bastasse, havia a trilha sonora de Isaac Hayes - vencedor do Oscar de Melhor Canção Original -, o chef de South Park, outro dos maiores machos das telas.

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10. Stanley Kowalski (Marlon Brando), em O bonde chamado desejo (A streetcar named desire, 1951)

Um bonde chamado desejo conta a história de Blanche DuBois, uma professora do Mississipi expulsa de sua escola por seduzir um aluno. Desamparada, ela procura a irmã Stella ("Stellaaaaaaaaaaaaaaaa!"), que mora com o marido em Nova Orleans. Stanley Kowalski (Brando), seu cunhado casca-grossa, logo suspeita da moça e parte para o ataque. Ele xinga, grita, esmurra paredes e demanda explicações. Machão clássico, Kowalski é o dono do pedaço e a intromissão de Blanche no seu relacionamento só faz despertar ainda mais seu lado selvagem. Na televisão, Kowalski foi interpretado com mestria por Ned Flanders, no episódio "Um bonde chamado Marge", na série Os Simpsons.

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11. Cap. Virgil Hilts (Steve McQueen), em Fugindo do Inferno (The great escape, 1963)

Dizem que Steve McQueen era o homem que as mulheres queriam ter e que os homens queriam ser. Tão querido assim, não é de se espantar que foi eleito pela revista Empire como um dos maiores astros da história do cinema. Um dos filmes que demonstra seu carisma e principalmente seus culhões é Fugindo do inferno. Para interpretar o prisioneiro de guerra que peitava os alemães no campo de concentração mais à prova de fugas desenvolvido pelos nazistas, McQueen exigiu que o roteiro fosse refeito adicionando partes em que ele pudesse mostrar na tela suas habilidades sobre uma moto.

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12. Tequila (Chow Yun-Fat), em Fervura máxima (Lashou shentan, 1992)

Antes de invadir Hollywood o cineasta John Woo já usava em Hong Kong as suas câmeras em slow-motion nas cenas de ação mais vertiginosas. Um dos seus atores favoritos desta época era Chow Yun-Fat, que depois acabou ganhando fama internacional com O tigre e o dragão (2001). Mas bem diferente do filme de artes-marciais dirigido por Ang Lee, Yun-Fat ficou famoso mesmo foi atirando pra tudo quanto é lado com a arma que tivesse à mão. Além de estrelar a trilogia Alvo Duplo, da qual Woo dirigiu os dois primeiros episódios, Yun-Fat filmou com ele Fervura máxima, na qual interpreta o policial Tequila. O longa é um banho de sangue e o detetive está lá para garantir que o maior número possível de mortes. Desaconselhável para jovens americanos que pensam em entrar em hospitais, restaurantes ou escolas atirando em qualquer coisa que se mova.

13. Jece Valadão, pelo conjunto da obra

Para terminar, o mestre no assunto, PhD em machismo, com ênfase em cafajestice, o primeiro e único Jece Valadão. O ator brasileiro é sinônimo de cabra macho, sim senhor. Foi a grande estrela da pornochanchada que dominou o mercado brasileiro durante os anos 70 e tem em seu currículo de ator, diretor e produtor pérolas como História de um crápula (1965), O mau caráter (1974), As sete faces de um cafajeste (1968) e Nós, os canalhas (1975). Seus papéis eram e são comentados pois fazia um tipo machão, rude, estúpido, grosseiro, cafajeste, calhorda e outros adjetivos do gênero que você queira listar. E o mais engraçado é que mesmo assim ele fazia muito sucesso com o mulherio. Foi casado, por exemplo, com a atriz Vera Gimenez, mãe da modelo, apresentadora de TV e groupie Luciana.
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