Matérias e Entrevistas: Análise da carreira de Conan

por Osvaldo Magalhães
em 07/10/2004

Como é do conhecimento de todos, Conan da Ciméria foi muitas coisas em sua turbulenta vida: ladrão, soldado, mercenário, pirata, comandante de exércitos, general e rei. Mas, diferente das demais pessoas, ele não traçou um plano de carreira - como fazemos hoje em dia - apenas usou sua espada para obter algum sustento. Talvez o destino - ou o puro acaso - tenha feito com que ele exercesse cargos e funções que a maioria dos homens civilizados e bárbaros não poderia.

É sobre isso que reza esta análise: os motivos pelos quais Conan se tornou tão famigerado e conhecido em sua época.

Entretanto, para evitar dúvidas e confusões, irei ater-me apenas à saga original, ou seja, aquela dos contos de Howard e de De Camp, porque a carreira de Conan é muito "extensa" e uma análise não poderia cobrir tudo isso, cabendo à cronologia, publicada neste site, essa função.

Os fatos comentados aqui não são definitivos e nem buscam firmar uma verdade, apenas procuram esclarecer os motivos que levaram Conan a se tornar o maior guerreiro de sua época. Ele participou das mais importantes batalhas de seus dias e realizou proezas que homem algum poderia realizar. E é assim que nascem as lendas: muito do que é dito é verdade, mas quando um fato passa de boca em boca tende a ser aumentado... exagerado. Mas as pessoas sempre acabam acreditando.

E, após a leitura, você irá perceber que Conan foi um guerreiro famoso não só por seus adjetivos e força de vontade, mas também por coincidências e por armadilhas do destino.

A saga de Conan é a seguinte:

Conan, que era filho de um ferreiro, nasceu em um campo de batalha na gélida e lúgubre Ciméria, durante uma luta entre sua tribo e um bando de invasores vanires.

Durante seus primeiros quinze anos ele conviveu com seus conterrâneos naquela nação bárbara, bem ao norte da Aquilônia.

Após seu batismo de fogo, quando do cerco à fortaleza aquiloniana de Venarium, que até então estava encravada em terras cimérias, Conan deixou sua tribo para viver aventuras no norte e, posteriormente, no quente e misterioso sul.

Ele conviveu com os aesires durante algum tempo, pilhando e matando, e com eles fez grandes amigos e inimigos mortais.

Soldado

Após fugir de uma masmorra na Hiperbórea ele chegou à Britúnia, onde os acontecimentos o levaram a ingressar, pela primeira vez, em um exército civilizado.

Ladrão

Sua primeira aventura como ladrão de que se tem notícia foi na Torre do Elefante, em Arenjun. Por ser jovem e inexperiente, e averso à lei por natureza, ele opta por se ladrão, cuja atividade lhe garantia ganhos fáceis e prazeres quase desconhecidos para um bárbaro adolescente.

Em Arenjun, a Cidade dos Ladrões de Zamora - que não se pode considerar como o melhor lugar para se iniciar uma carreira de ladrão -, Conan tem sua oportunidade de mostrar seu valor. Embora ele fosse mais ousado do que experiente.

Ele passou um bom tempo pilhando na região, sempre fugindo de uma cidade a outra ou de um estado a outro, com alguma patrulha de guardas em seu encalço.

Durante esse período, Conan tornou-se bastante conhecido nas regiões de Zamora, Corínthia e Nemédia, mas era uma fama nada auspiciosa.

Mercenário

Capturado e jogado em um navio, Conan chega a uma ilha e provoca uma revolução. Fugindo da ilha, conhecida como Bal-Sagoth, ameaçada por uma maldição e quase submersa, Conan e seu companheiro vanir, Fafnir, acabam se tornando mercenários do exército turaniano, em sua campanha sagrada contra Makkalet. Ele vende sua espada para Turan, mas muda de lado e acaba como soldado da sitiada Makkalet.

Pouco antes de desertar do exército turaniano, Conan deixa uma cicatriz no rosto do príncipe Yezdigerd, ganhando um inimigo poderoso e raivoso por quase toda sua vida.

Soldado de Turan

Após o cerco de Makkalet, Conan chega a Aghrapur, a capital de Turan, e uma situação adversa acaba obrigando-o a se alistar no exército turaniano, onde aperfeiçoa suas qualidades beligerantes.

Durante esse período ele chegou a viajar em uma missão a Khitai, no extremo leste, onde fez mais inimigos, mas também bons amigos.

Passados alguns meses em Turan, Conan se torna capitão, embora não tenha aproveitado por muito tempo essa posição.

Pirata

Obrigado a fugir de Turan ele passa um curto tempo como mercenário, junto com seu amigo Murilo, na Nemédia. Chegando a Argos, mais uma vez, situações adversas o obrigam a tomar um navio para o exterior. Durante a viagem a embarcação de Conan é atacada pelos temíveis Corsários Negros, comandados pela shemita Bêlit, a Rainha da Costa Negra.

Devido às suas qualidades, o Cimério se torna amante e primeiro-imediato de Bêlit, passando três longos anos como pirata no Mar do Oeste e vivendo seu maior amor.

No período em que conviveu com Bêlit, Conan ficou conhecido como Amra, o Leão, e as cidades costeiras do Mar do Oeste não o esqueceriam por um bom tempo, assim como as tribos do sul.

Mercenário em Kush

Após a morte de Bêlit, Conan, mais experiente, adentra as selvas da Costa Negra, onde é capturado por uma tribo de negros. Vencendo o chefe da tribo em um duelo, Conan se torna o líder guerreiro dos Bamulas e passa algum tempo com eles, até ser obrigado a fugir para Kush, onde emprega sua espada como mercenário e comandante do exército kushita.

Comandante

Ao sair das terras do sul, Conan passa um longo tempo como mercenário em Shem e em Koth e finalmente chega a Khorajá, onde um oráculo instrui a princesa Yasmela a nomear o primeiro homem que encontrar nas ruas comandante de seu exército. Conan, que passava por perto, foi o escolhido.

Kozaki

Contratempos em Koth levam Conan a se tornar líder dos kozakis. Ele transforma o bando em uma confederação, tornando a vida dos turanianos um inferno.

Yezdigerd, que já o odiava, passa a odiar mais ainda.

Pirata do Vilayet

Após o desmantelamento da confederação kozaki, Conan foge com uma escrava para uma ilha desconhecida, enfrenta os piratas da Irmandade Vermelha e torna-se seu líder. Com os piratas, sua fama cresce ainda mais.

Zuagir

Cansado do mar, Conan chega a Khauran e galga o posto de comandante do exército.

Salomé, bruxa e irmã da rainha Taramis, se faz passar por rainha e Conan é crucificado à beira do deserto.

Olgerd Vladislav, o líder dos zuagires, retira Conan de seu martírio mas acaba perdendo o posto de chefe para o Cimério, que passa ao comando dos lobos do deserto.

Durante meses os zuagires só conheceram o sucesso ao lado de Conan, até que o Bárbaro os deixa.

Entre os Afghúlis

Rumando para Vendhya, Conan, o ex-zuagir, se torna líder dos afghúlis, montanheses rebeldes que atormentam a vida do soberano local.

Quando alguns subchefes afghúlis são presos , Conan tem sua chance de libertá-los quando rapta a princesa Yasmina. Entretanto, seus homens são mortos por uma acólito dos Profetas Negros, os quais Conan acaba enfrentando e matando.

Ele fica algum tempo com os afghúlis, mas sua liderança é instável e ele resolve voltar para o oeste.

Baracho e bucaneiro

Depois de uma campanha malfadada com o exército popular de Almuric (Amalrus) e uma experiência aterradora em Xuthal, Conan decide se tornar um pirata baracho. Ele chega ao posto de capitão, mas após alguns altos e baixos decide abandonar os piratas fugindo em um barco furado. Nessa ocasião é resgatado por um navio bucaneiro de Zíngara. Em pouco tempo ele toma o navio, se torna capitão, e volta a atormentar os navios mercantes, desta vez como bucaneiro zíngaro, um outro ramo pirata rival dos barachos.

Foi como bucaneiro que Conan ganhou mais um grande inimigo: Toth-Amon, o mais terrível mago da Stygia.

General

Retornando à terra firme, ele passa um longo tempo sem voltar ao mar.

Conan, já bem próximo dos 40 anos, vai avançando rumo ao norte até chegar à fronteira entre a Aquilônia e as terras pictas, onde se emprega como batedor do exército aquiloniano.

Devido a seu prestígio ele chega ao posto de capitão e, após o Massacre dos Prados, alcança o generalato.

Rei

Sua bem-sucedida campanha contra os pictos o leva a Tarântia, a capital aquiloniana. Lá, ele é traído e jogado em uma masmorra. Com a ajuda de amigos, Conan foge e volta meses depois à frente de um exército de libertação.

Seu exército cresce, pois a fama do Cimério já era grande naquela época e todos queriam ver a cabeça do rei Numedides, o Louco, em uma estaca.

Ele toma a coroa de Numedides e se torna o Rei Conan I, da Aquilônia.

Como rei, Conan enfrentou e matou seus mais terríveis inimigos do passado: o mago estígio Toth-Amon e o rei turaniano Yezdigerd.

Imperador

Forçado a se defender de nações inimigas, ele guerreia, vence e amplia o domínio aquiloniano tornando-se imperador.

De volta ao mar

Sombras vermelhas surgem em seu reino e Conan abdica do trono, em favor de seu filho Conn, para se lançar uma vez mais ao mar em busca de um continente perdido e de seus inimigos desconhecidos.

Ele viveu experiências diversas em seus últimos anos de vida nas regiões próximas a Antillia, mas a lenda não conta mais nada sobre isso...

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