em 07/10/2004
História: Victor Cunha
Conan, o Bárbaro
O Rei Conan estava sentado em seu trono com seu pequeno filho Conn em seu colo, quando decidiu que já era hora de contar a ele sobre suas inúmeras façanhas. Disse Conan: - Filho... Nesta vida já fui tudo o que um homem pode ser. Fui ladrão, mercenário, pirata e soldado. Naveguei por todo o Vilayet, participei de muitos combates, e já roubei todo o tipo de tesouro desta terra. Porém, o maior tesouro que já encontrei está diante de mim.
- Papai... - disse Conn - Conte alguma dessas façanhas para mim.
- Está bem. Vou lhe contar da vez em que enfrentei um gigante chamado Tundro. Tudo aconteceu quando eu tinha cerca de vinte e oito anos. Eu acabara de visitar minha terra natal, a Ciméria, e estava na cidade de Kathala, na Nemédia, me dirigindo para a cidade de Akbitana, localizada na Corinthia, onde tinha negócios a tratar. Logo quando cheguei a Kathala, ouvi rumores sobre um homem muito alto e forte, que estaria seqüestrando as mulheres mais belas do lugar. Por Crom! Eu não podia deixar as coisas assim e ir embora. Fiquei sabendo que o gigante provavelmente estava escondido nas montanhas ao norte da cidade, mas que ninguém naquela pequena vila tinha coragem de ir lá. Segui para o lugar e, depois de três dias, encontrei uma caverna muito alta e comprida...
Conan entra na caverna, de espada na mão, e, ao primeiro passo, o chão cede sob seus pés e ele cai numa câmara subterrânea.
- Demônios de Crom! Uma armadilha!
- Isso mesmo, Cimério! - Uma estranha voz responde.
- Quem está aí? Conan pergunta.
- Isso você mesmo terá que descobrir - Responde, outra vez, a voz.
Olhando ao seu redor, Conan percebe que as paredes são separadas e lisas, o que impede a escalada.
- Olhos de Mitra! Deve haver uma passagem secreta!
Conan empurra as pedras das paredes e do chão, uma a uma, até que ouve um barulho. De repente, as paredes começam a se mover na direção de Conan!
- Pelos deuses do inferno! - grita Conan.
O Cimério finca sua espada em uma das paredes, até que a outra parede bate nela, e elas param de se fechar. Conan sobe em sua espada, e fica mais ou menos a um metro e meio da superfície. Ele percebe que sua espada começa a rachar, e, com a força de um leão da montanha, dá um grande salto, agarrando-se na borda do buraco. A espada se quebra, e Conan já está seguro, na parte de cima.
- Quando eu agarrar o sujeito que me colocou nesta armadilha, vou lhe arrancar os pulmões e oferecê-los a Crom! - pragueja o gigante da Ciméria.
Continuando seu caminho com cuidado, Conan chega a uma espécie de sala de sacrifícios, com velas acesas e um altar de pedra no chão. Há também algumas roupas de mulher espalhadas pelo lugar, e muito sangue no altar. Tudo já estava bastante claro para Conan:
- Aquela voz de antes deve ter raptado as mulheres para oferecê-las a algum deus. Mas por que tantas mulheres? Os deuses geralmente só aceitam um sacrifício por vez, e a cada vários meses.
Não parecia lógico para Conan a tal voz estar estocando as mulheres, e ainda por cima, nuas. Aquela era a única sala da caverna, então as mulheres e a voz deveriam estar todas em um outro lugar. Conan fez o caminho de volta à entrada da caverna. E, quando lá chegou, viu uma das piores cenas que viria a presenciar. Um homem de uns três metros de altura, muito musculoso, com uma imensa clava na cintura, alimentava-se dos pedaços ensangüentados de mulheres. Vendo tal cena, Conan quase vomita de nojo.
- Então você conheceu minha "cozinha", Bárbaro? Aposto que pensou que eu estava sacrificando essas mulheres, não é mesmo? Eu aproveitei enquanto você estava preso na minha armadilha, para trazer as rameiras para cá e fazer um pequeno lanche - diz, com total sarcasmo, o gigante.
Conan apenas ouve, quase furando suas mãos de tanto aperta-las com os dedos, em sinal de grande raiva.
- Eu me chamo Tundro, e sou um deus das trevas. Vim até essa terra para saborear o meu alimento favorito: carne humana, especialmente de mulheres - continua Tundro.
- Eu juro por Crom que estas são as últimas mulheres que você comerá, suíno! - grita o Cimério.
Conan se atira para cima de Tundro que, mostrando grande agilidade, saca sua clava e atinge o peito de Conan, mandando-o longe.
- Não posso deixar a raiva me dominar - pensa Conan - Devo ser racional.
O Cimério bronzeado se levanta, mas não antes de esconder um pouco de areia em sua mão.
- Há, há, há, bárbaro estúpido! Você não pode derrotar um deus, ainda mais quando este é Tundro! - Grita, com total desprezo, o gigante chamado Tundro.
- Eu já enfrentei muitos deuses, cão, e todos eles, em suas formas mortais, tinham um ponto fraco - responde Conan.
O bárbaro se precipita em direção a Tundro, que se prepara para acerta-lo com a grande clava. Percebendo isso, o Cimério abre sua mão e lança a areia nos olhos de Tundro, que fica sem poder enxergar e solta sua clava. Vendo que seu inimigo está cego, Conan saca um punhal que carregava consigo e atinge Tundro consecutivamente, no peito, nas costas, braços e pernas, e se afasta em seguida. Tundro geme de dor e cai no chão, empapando-se com seu próprio sangue. Conan sente-se aliviado, pensando ter derrotado seu forte adversário. No entanto, novamente Tundro ri, e levanta-se.
- Muito bem, Bárbaro, parece que eu o subestimei. Mas não subestime a resistência de um deus! - Fala, com calma, Tundro.
O gigante das trevas chuta sua clava para longe, pedindo um combate sem armas. Conan atira seu punhal para longe. Ambos, Conan e Tundro, disparam um em direção ao outro, e o que se segue é uma seqüência de socos, chutes e cabeçadas de ambas as partes. A luta parece equilibrada, Tundro é mais forte e ágil, mas perdeu muito sangue.
- E então, Tundro, cansado? Pergunta, Conan, rindo.
- Nem um pouco, pequenino!
Tundro velozmente parte em direção a Conan, e é tão rápido que agarra a cabeça de Conan e o levanta do chão antes mesmo de ele se mexer. Tundro começa a apertar o crânio do Cimério, que segura seu braço. A força de Tundro é tanta que Conan começa a perder os sentidos. Porém, o bárbaro ainda tem forças para juntar suas pernas, que estão suspensas, e acertar um poderoso chute no rosto de Tundro, que solta Conan. O Bárbaro, por sua vez, percebe que, atrás de Tundro, há uma íngreme elevação, com muitas pedras soltas. Conan empurra Tundro para a elevação, com um poderoso golpe, o que faz com que ele se choque contra ela. As pedras despencam sobre Tundro, que é acertado por todo o seu corpo. Conan esboça um sorriso, quando vê que uma das pedras abre o crânio de Tundro, enquanto outras quebram todos os ossos de seu corpo. Estava acabada uma das mais difíceis lutas da vida de Conan, onde prevaleceu a astúcia do Cimério, e não a força bruta de Tundro. Restava a Conan, agora, a penosa obrigação de levar à cidade a notícia da morte das mulheres e de Tundro.
- Puxa, pai, o senhor é mesmo muito forte e esperto! Espero ser como o senhor, um dia. - Fala Conn, com notável entusiasmo.
- E você será, príncipe, pois você tem sangue Cimério!