Contos: Conan - Contra os Turanianos

por Victor Cunha
em 07/10/2004

História: Victor Cunha

Conan, o Bárbaro

Conan acabara de executar um roubo bem sucedido na cidade de Sultanapur, em Turan, que lhe rendera cerca de oito peças de ouro. Cansado, o cimério decidiu passar a noite numa estalagem local. Chegando lá, o bárbaro de bronze falou em voz alta:

- Estaleiro! Traga-me um pedaço de sua melhor carne, e uma caneca de seu melhor vinho!

Todos repararam no forasteiro, que parecia muito rico, pelo jeito com que falava. Já servido, Conan ouvia a conversa de dois homens encapuzados, que estavam em uma mesa atrás dele.

- Que Mitra nos proteja! Isso é arriscado demais! - disse um deles - Mas, se não fizermos o que Yezdigerd nos manda, estaremos mortos.

- É melhor ter uma chance de viver do que a morte certa - respondeu, com voz assustada, o outro.

Depois disso, os dois homens saíram, e Conan pensou: "O que aquele cachorro do Yezdigerd deve estar tramando agora?".

De qualquer forma, o cimério levantou-se, pagou o estaleiro e subiu para um dos quartos, acompanhado de uma virtuosa mulher. Pela manhã, Conan estava saindo da cidade, na direção de Akif, quando avistou os dois homens da estalagem, ambos a cavalo. Conan se aproximou dos dois, que lhe disseram:

- Bárbaro, nós somos homens de Yezdigerd. Ele nos recrutou para mata-lo!

- E vocês, por Crom, o que farão? - perguntou, desconfiado, o cimério.

- Nós cumpriremos as ordens!

Ouvindo isso, Conan puxa sua espada e, com rápido movimento, corta, com um só golpe, as cabeças dos dois homens.

- Eu sei que Yezdigerd não gosta muito de mim, mas não acredito que ele seria burro o suficiente para tentar me assassinar com apenas esses dois porcos! - falou, com arrogância, Conan.

- Está certo, cão! Mas você foi o burro, por não desconfiar de uma armadilha! Conan vira-se, e vê o próprio guarda real de Yezdigerd, Afaldhal, mais vinte de seus mais forte homens, armados e prontos para ataca-lo.

- Prendam o cão, e levem-no para o palácio, em Agrapur! Sua execução se dará em três dias, depois de estar aprisionado! - Disse, com visível satisfação, Afaldhal.

Dois dias depois, Conan já havia suportado todo o tipo de torturas que se pode imaginar, e sofrido tantas humilhações que até um porco ficaria com seu orgulho ferido. Afaldhal e seus homens se divertiam às custas do cimério, que clamava apenas por vingança. Nem a fome e nem a sede o abalavam tanto quanto as humilhações impostas por eles. No terceiro dia de viagem, Conan decidiu que era hora de agir. Não por causa de seus ferimentos, nem pela vingança, simplesmente por que eles estavam isolados, e Afaldhal não poderia, de forma alguma, pedir ajuda a alguma cidade vizinha, pois não havia nenhuma. O bárbaro estava sendo levado de maneira humilhante, mas pouco prudente. Ele estava amarrado na parte de baixo de um camelo, com a cabeça virada para cima, perto das patas dianteiras, que ia em segundo lugar, atrás de Afaldhal. No dorso do animal, ia viajando o mais forte daqueles guerreiros. Havia outros vinte cavalos, onde viajavam Afaldhal e mais dezenove homens. Apesar de as amarras estarem frouxas, em impossível até para Conan dominar todos aqueles guerreiros. O cimério, então, avistou uma ponte a sua frente. Ele já havia cruzado essa mesma ponte, e não havia um rio debaixo dela, mas sim um grande buraco, com estalagmites que pareciam afiadas lanças no fundo. A ponte era muito comprida, o que fazia com que todos ficassem em cima dela ao mesmo tempo. Quando Afaldhal se aproximava do final da ponte, Conan soltou seus braços, e, com um grande esforço, deu um forte soco na barriga do camelo. Isso fez com que o animal fizesse uma brusca parada, lançando seu montador para frente. Rapidamente, Conan arrebentou as amarras das pernas, levantou-se e agarrou a espada do guerreiro ali caído. Com um único golpe, encerrou a vida do homem e, quando os outros guerreiros estavam se aproximando, Conan saiu da ponte e, com a espada, cortou as amarras da mesma. Os homens de Afaldhal, então, foram todos, junto com seus camelos, para o fundo do abismo. Tudo foi tão rápido, que, quando o veloz Afaldhal percebeu o que acontecera, já estava a vários metros da ponte.

- Morram, cães turanianos! Agora, só falta o seu líder!

Afaldhal, entendendo o que se sucedera, desceu do camelo, puxou a sua cimitarra e, com total incredulidade, disse a Conan:

- Cimério, você realmente é um filho de uma cadela! Acabou com todos os meus homens!

Conan riu, com prazer, e respondeu: - A culpa foi sua, por achar que eu estava fraco e vencido!

- Mas isso de nada adiantou, bárbaro, pois eu vou liquida-lo com minhas próprias mãos! Hiáááááááá!

Afaldhal partiu para cima de Conan, que, num gesto de total desprezo, largou sua espada. Afaldhal, apesar de espantado, não deteve seu ataque. Era o que Conan, o cimério de bronze, queria. Quando Afaldhal lançou sua mão com a cimitarra para cima do bárbaro, Conan a segurou e, com um movimento, girou-a para baixo, fazendo com que a lâmina ficasse para o lado de Afaldhal. Depois, Conan penas empurrou a mão de Afaldhal, o que fez com que a lâmina entrasse, com extrema força, no peito dele, rasgando todos os seus órgãos. Afaldhal caiu no chão, todo ensangüentado, contorcendo-se em espasmos de agonia. Conan seguiu seu caminho, em sua nova montaria, deixando o agonizante Afaldhal para trás. Pois, afinal, o cimério tinha muito que fazer em Akif.
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