em 07/10/2004
Pathenia, 10.000 A.C.
Cercada de montanhas e superstições, o vento gelado do inverno não adentra por suas grossas e profundas cavernas. Montanhas escuras e malditas, conhecidas como inferno branco, onde não há caminho para viajantes, e os que vão desavisados, nunca mais voltam. Ninguém sabe o que habita as cavernas, seriam homens ou monstros? Mas uma caverna em especial é quente, quente como o inferno.
- Oh demônios das profundezas, eu os invoco para essa dimensão, que seu sombrio poder faça os céus escurecerem, fazendo o dia ficar noite, e a luz virar sombra, que os rios de sangue banhem seu poder, e que a podridão da terra lhes faça um lar.
Dentro da caverna, uma figura encapuzada fazia invocações para seu Deus negro. No fundo ele brandia e uivava feito um louco, com as vestes todas ensangüentadas, escritos indecifráveis nas paredes, feitos com sangue de carneiro.
- Senhor dos infernos, Deus da perdição, eu o invoco para esse mundo...
E ele continuava a fazer suas invocações, que ecoavam pela caverna, e não produziam nada alem disso. O Sacerdote já estava desanimando, havia vários semanas de tentativas, e nada dava certo, já tinha tentado invocar Set, o deus serpente, Dagoth, Xotli, e quantos outros que nem lembrava mais, mas agora estava cansado, não tinha mais ovelhas para sacrificar, e era covarde demais para fazer um sacrifício humano, e após mais uma tentativa frustrada, resolveu dormir.
Nas montanhas geladas de Pathenia, um grupo de ladrões estava perdido, pois estavam fugindo desde Turan, por causa da um roubo de jóias.
- Por Mitra, Telonius, nós precisávamos vir a esse inferno gelado?
- Claro que não Pérricos, poderíamos ficar nas masmorras quentes de Turan, sendo açoitados pelo carrasco até que resolvessem enforcar nossas cabeças.
- Ta bom, mas justo aqui? É frio, não tem caça, nem cidades, nem viva alma.
- Concordo com Pérricos, Telonius, nós poderíamos ir para Aquilônia, ou Zíngara.
- Não, aqui é o melhor lugar, daqui alguns meses cessam as buscas e a gente pode voltar.
- E o que vamos fazer por aqui alguns meses, sem mulheres e sem bebida? Virar sacerdotes de Ymir? EU ODEIO GELOOOOoooo..........
Dizendo isso, Pérricos escorrega por uma encosta, e desce a grande velocidade no gelo, batendo em algumas árvores no caminho. Telonius e Marcus, olham a descida descontrolada do colega de roubos, e sentam no chão de tanto rirem do tombo do companheiro. Eles chamam o companheiro, mas não obtém nenhuma resposta dele.
- Será que Pérricos morreu?
- Que morreu que nada, quem disse que vaso ruim quebra? No mínimo bateu com a cabeça, e esta dormindo, vamos descer para ver o que aconteceu.
E os dois amigos descem pela encosta, devagar para não ter o mesmo destino de Pérricos. Chegando la embaixo, eles vêem Pérricos parado no lado da encosta, olhando fixamente a parede, e o chamam.
- Pérricos, venha aqui.
- Telonius, Marcus, venham dar uma olhada no que eu achei.
Os três bandidos então olham uma caverna, de onde sai um gostoso bafo quente que aquece o lado de fora da caverna, onde a neve derrete, e até grama tem. A entrada da caverna é estranha, na lateral da entrada, no chão, há uma fileira de pedras de cada lado, sendo as primeiras mais altas, e as ultimas mais baixas, lembrando a parte debaixo de uma boca demoníaca. A parte de cima da entrada era uma coisa monstruosa, parecendo realmente que a caverna tinha a cabeça de um demônio na entrada. Enquanto Pérricos e Marcus olhavam a caverna, Telonius andou alguns passos para trás, e deu uma olhada de longe. A entrada da caverna era a cabeça de um demônio, um demônio que tinha um queixo gigantesco.
- Telonius, venha, vamos entrar na caverna.
- Eu não vou entrar, essa caverna deve ter um demônio lá dentro.
- Deixa de ser medroso- fala Marcus- isso é detalhe, pode ser que lá dentro tenha um grande tesouro, e a entrada da caverna tenha sido esculpida justamente para afastar ladroes medrosos como você.
- Sabe Marcus, você pode estar certo, vamos entrar.
Então, Pérricos, Marcus e Telonius adentram a grande caverna, e se depois de alguns minutos alguém passasse no local, somente iria ver uma cabeça de demônio esculpida na rocha, sem a entrada da caverna.
O sacerdote chamado Ptah-Lifus, depois de uma noite mal dormida, acorda, resolve fazer um café e decide fazer somente mais uma tentativa. Se hoje não conseguisse invocar um demônio, ele contrataria uns mercenários para sua vingança. Vingança era sua motivação, mas será que depois de todas essas semanas, os Kushitas ainda estariam ao sul da Stygia, sua terra natal? Será que ainda teria alguém vivo para ele salvar? Essas ultimas semanas não foram fáceis. Ele tinha ouvido sussurros na Stygia sobre essa caverna, e não foi fácil achá-la, ele dera muita sorte de escorregar na neve, e cair em frente dela. Ninguém sabia quase nada sobre ela, mas todos falavam que era o canal de acesso a vários demônios, mas ele não conseguia entender nada quando eles falavam para não tentar invocar nenhum demônio do sétimo circulo. Quantos havia? Como ele faria para não invocar, se ele queria invocar. Depois de duas semanas de tentativas insossas, ele tentaria hoje pela ultima vez, à tarde, depois ele percorreria novamente os quilômetros de galeria da caverna, até a saída. Vingança, essa era sua determinação, contra os Kushitas que invadiram sua aldeia, mataram seus pais e amigos, e aprisionaram tantos outros. Mal conseguiu escapar com vida, mas precisava voltar, sua irmã la ficara, pois o líder dos bandidos a queria como mulher, como mostrou na noite da fuga, a violentando na frente dele. Naquela noite ele decidiu fugir, mas na fuga a prenderam de novo e, ele, como o covarde que era continuou fugindo, não voltando para libertá-la, mas agora ele estava decidido, se não conseguisse invocar o demônio que o livrasse daqueles bandidos, ele ia contratar mercenários para fazer o serviço.
- Telonius, acorde.
- Que foi Marcus?
- Acorde Pérricos e levantem, algo de grave aconteceu.
- PÉRRICOS, ACORDE, grita Telonius, o que aconteceu Marcus?
- A saída sumiu.
- Por Mitra, eu sabia que a gente não devia ter entrado aqui, a culpa foi sua.
- Agora é tarde para chorar, nossa única chance é continuar a explorar a caverna.
- Sei não Marcus, fala Pérricos, e se a cada vez que entrarmos mais, ela se fechar atrás de nós?
- Por Mitra, nós vamos morrer aqui dentro, desespera-se Telonius.
- Cale-se Telonius, fala Marcus. Se essa caverna for mesmo demoníaca, pode ser que a noite ela abra passagem, vamos esperar.
Todos concordam com essa alternativa, mas algumas horas depois, eles escutam um lamento vindo do final da caverna, e concluem que alguma coisa esta la dentro com eles. Eles afinam os ouvidos e conseguem escutar algumas coisas.
- ... Senhor das.... servo......inimigos.......tesouro.....
- Marcus, escutou isso? Um tesouro, deve ser pessoas no final da caverna, vamos explora-la, roubar o tesouro e fugir a noite quando a caverna abrir. Diz Pérricos.
- Eu não vou. Já reclama um desesperado Telonius.
- Azar o seu então, fala Marcus, o tesouro será somente nosso.
Nisso Pérricos levanta, e junto com Marcus partem para o fundo da caverna, para buscar o tesouro.
- Senhor das trevas, soberano do inferno, seu servo Ptah-Lifus o invoca para devorar seus inimigos. Demônio da escuridão, venha destruir meus inimigos e receber seu tesouro.
Ptah-Lifus, o sacerdote Stygio gritava a invocação com todas as suas forças, o que fazia o eco percorrer os quilômetros de galerias da caverna. Após seu almoço, ele estava tentando pela ultima vez fazer a invocação, ainda mais que as ovelhas para os sacrifícios tinham acabado, e não teria como ele continuar.
- Senhor da escuridão, Deus das trevas e podridão eterna, escuta esse servo e manda um sinal.
O sacerdote continua toda a tarde, muda o teor as invocações, mas o resultado é e mesmo, nada. Quando esta desistindo, ele escuta vozes atras de si.
- Olha Marcus, um sacerdote Stygio, ele deve estar guardando o tesouro.
- Tesouro? - Pergunta Ptah-Lifus, que tesouro?
- Não se faça de mentiroso sacerdote, nós escutamos você falar em tesouro, e ele vai ser nosso.
- Mas aqui no tem nenhum tesouro.
- Pérricos, o sacerdote precisa sentir a ponta da espada, vamos amarrar ele naquela parede, onde estão aquelas carcaças, e vamos descobrir onde esta o tesouro.
Eles amarram o sacerdote juntamente das carcaças de ovelhas, e vasculham o fundo da caverna. Eles desmontam o altar que Ptah-Lifus tinha montado, derrubam sua cama, vasculham palmo a palmo, mas não acham o tesouro, e resolvem torturar o sacerdote. Eles pegam a pedra que o sacerdote usava para degolar as ovelhas, e o amarram totalmente nu em cima dela. Com a ponta da faca, Marcus começa a descascar as unhas do pé do sacerdote, que urrava de dor, mas se não havia tesouro, como ele poderia dizer onde estava. Pérricos, do outro lado, usava a faca no peito do sacerdote, onde fez uma grande estrela de cinco pontas, que logo se encheu de sangue. Quando Marcus resolveu cortar os dedos do pé do sacerdote fora, ele deu um grito bestial, e desmaiou de dor.
- Por Isthar, Marcus, não exagera senão a gente mata esse coitado antes dele falar onde o tesouro esta.
- Ora bolas, foi só um dedinho.
- Dedinho por que não foi o teu, deixa eu acordar esse canalha.
E Pérricos esbofeteou Ptah-Lifus até ele acordar. Ele chorava de dor, mas Pérricos não tinha dó. Ele continuou a percorrer com a faca toda a pele do sacerdote, sempre fazendo estrelas de cinco pontas, mas o sacerdote, que não sabia de nada, não dizia onde estava o tesouro.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH......................................
- Por Bel, que grito é esse? Se assusta ainda mais o já desesperado Telonius.
- AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH...........................
- Eles devem ter achado a pessoa que estava falando antes. E essa droga de saída que não aparece, já é noite, eu tenho certeza, por que não aparece?
- Pare Pérricos, ele desmaiou de novo.
Marcus se levantou de onde tinha sentado, e foi ver o sacerdote, ele estava morto.
- Por Bel, Pérricos, você o matou, agora nunca vamos saber onde estava o tesouro.
Sendo assim, Pérricos e Marcus destruíram tudo, e atearam fogo no local, e voltaram ao início da caverna.
Alguns minutos depois, Ptah-Lifus, que não estava morto, acorda e vê tudo pegando fogo, todo ensangüentado, e não agüentando de dor, resolve fazer um último pedido.
- Oh senhor da escuridão e Deus da podridão, deixai esse pobre servo ser o instrumento da vingança contra esses bandidos.
Dizendo isso Ptah-Lifus morre, e quando o fogo estava para consumir totalmente o local, ele cessa, e no fundo da caverna abre uma passagem, demônios menores aparecem de dentro dessa passagem e vão até a pedra onde jaz Ptah-Lifus, a levantam e jogam para dentro, indo logo atrás. A passagem se fecha, e tudo escurece. Só resta o cheiro de carne queimada das carcaças das ovelhas.
- Onde estou? Pergunta assustado Ptah-Lifus.
- Você não queira estar aqui? Então aqui esta. Você me chamou e eu atendi.
Ptah-Lifus vira e vê uma massa disforme de carne com uma grande cabeça, ostentando um grande queixo. Esse demônio estava sentado no trono feito de ossos humanos e não humanos. Seus pés estavam em cima de corpos, que urravam de dor e queimavam. Ele olhou para cima, mas só conseguia ver um céu de sangue e fogo. O fedor da podridão e do sangue irritava suas narinas. Atrás dele havia vários demônios que o olhavam, mas nenhum tinha coragem de olhar para cima, para o grande demônio.
- Por Isthar, quem é você demônio?
- Por Isthar? Você invoca um deusinho menor na minha presença? Você esta diante do senhor do oitavo circulo infernal, eu sou o flagelo dos céus, e senhor absoluto do inferno. Eu sou Malebólgia, e você esta aqui por que quer vingança.
- Sim, eu quero vingança contra os Kushitas e contra os ladrões. Mas por que o senhor não me salvou antes? Por que não apareceu quando eu fazia as invocações?
- Salvar você?? Ah ah ah ah ah ....
Malebólgia deu uma grande gargalhada, que fez o inferno tremer. No quarto circulo, um demônio que estava colocando no inferno o segundo irmão Flebíaco se assustou, e derrubou o demoniozinho de cabeça no chão.
- Eu não salvei, você está morto, por isso veio para aqui.
- Morto? Eu? Mas.....
- Sim, você está morto, e quer sua vingança. Está disposto a pagar o preço? Você está disposto a receber o poder para voltar a terra e vingar sua morte e reencontrar sua irmã?
- Poder para me vingar... poder para salvar Jafar, sua irmã, poder para matar todos os Kushitas.- Ptah-Lifus pondera sobre isso. Mas qual será o preço? Para ele não importa, salvar Jafar e destruir os Kushitas vale qualquer preço.
- Sim, Malebólgia, eu aceito.
Sul da Stygia
- Ah, ah, ah, depois de tanto tempo, ainda correm como cordeirinhos. - Fala um enorme guerreiro de ébano, arqueando o arco com a flecha, enquanto se diverte mirando nos stygios. Ele fez esse jogo nos anos de ocupação dessa pequena aldeia. Num cercado ele coloca vários stygios, e manda eles correrem, ele vai com o arco, e usa dez flechas. Os aldeões têm que correr para que ele não possa mirar para acertá-los. Mas nunca nos jogos, ele desperdiçou as dez. Os aldeões ficam desesperados, imaginando que será hoje.
A aldeia, situada ao sul da Stygia, perto de Darfar e Kush, sempre foi caminho de mercenários, mas desta vez, os mercenários Kushitas ali se estabeleceram, e iniciaram um reinado de terror, que parece que nunca irá acabar.
- Jafar, venha minha pequena.
- Sim, meu senhor.
- Boa menina, e quem diria que depois de todo esse tempo você fosse ficar mansinha feito uma gatinha.
Jafar nada fala, depois de muitas surras, ela aprendeu seu lugar, ah se Ptah-Lifus não tivesse sido covarde, e voltasse para lhe salvar, agora ela poderia estar longe. Como ela odiava Ptah-Lifus, por ter fugido sem ela. Agora ela fazia parte do harém do chefe Kushita, Borgos, um negro enorme, forte, e muito cruel, que a estuprou diante de seu irmão, sem que ele fizesse nada para defendê-la, e após sua tentativa de fuga, a cedeu para todo seu batalhão, que era para servir de exemplo, como ele sempre falava. A noite, Jafar conversava com uma criada.
- Como eu odeio minha vida.
- Não fala isso senhora, a senhora esta viva, tem comida todos os dias, e não vai para o curral.
- Eu preferia ir para o curral, para não ter que me deitar com o monstro do Borgos todos os dias. - Pelo menos hoje ela teria uma folga, o maldito tinha arranjado carne nova para saborear. - Como eu queria ter fugido aquela noite.
- A senhora nunca mais teve noticias de seu irmão?
- Não.
Quatro anos depois
Norte da Hirkânia, entre a cadeia de montanhas da Pathenia e a cadeia de Turan, próximo ao mar Vilayet. Numa pequena aldeia esquecida pelo tempo.
- Chefe, chefe. - Entra gritando na aldeia um jovem, praticamente sem fôlego.
- Calma criança, o que aconteceu?
- Chefe, uma desgraça, uf uf, um monstro... uf .... atacou na colina ... uf uf.... matou a todos..... uf... somente eu consegui fugir.
- Como? Um monstro atacou vocês? Vocês quem? Quem mais estava com você?
O jovem se retrai, perante a noticia que teria que dar ao chefe?
- Estava eu, o filho e a prima de ferreiro, e.....
- E quem mais?? Diga?
- Sua filha chefe?
- Minha filha? Escutando as palavra do pequeno rapaz, o desespero toma conta do chefe da aldeia, sua única filha, o único bem que a falecida esposa tinha lhe deixado, morta nas mãos de um monstro.
- Mitra, como pode deixar isso acontecer? Diga rapaz, onde vocês estavam quando tal catástrofe aconteceu?
- Nos estávamos na praia, namorando escondido.
- Namorando, você levou minha filha para namorar na praia?
- Não, não chefe, eu namoro a prima do ferreiro, era o filho dela que estava com ela, quando o monstro nos atacou.
- Homens, às armas, vamos a praia caçar esse monstro.
Ouvindo isso, o jovem se desespera, se joga ao pés do chefe, implorando que ninguém vá, o monstro era invencível, matou a todos sem o mínimo de esforço. Parecia humano, mas não era, tamanho o força e rapidez dos golpes. Em vão, ele tentava convencer o chefe a ficarem e protegerem a aldeia, mas o chefe queria sangue, queria vingança pela morte da única coisa que lhe fazia viver, sua amada filha.
Sul da Aquilônia fronteira com a Zíngara.
Um jovem soldado esta subindo a colina, num reluzente cavalo malhado, ele não imprime grande velocidade, e seu semblante esta sereno. No alto da colina um destacamento militar o aguarda. Vários soldados armados, com uma grande efígie de Leão em seus peitos. Em frente a todos eles, um gigante de bronze, com longos cabelos que um dia já foram tão negros quanto a noite, mas agora ostentam alguns fios de cabelos brancos. Com seus brilhantes olhos azuis, ele cuida o horizonte, mas sem descuidar do cavaleiro que está chegando. Em sua armadura a efígie do Leão resplandece, quando o sol que está se pondo banha sua armadura. Armadura essa que fica gigante, devido aos seus ombros largos e força de seus braços. Braços talhados por inúmeras batalhas, com cicatrizes que poucos espadachins conseguiram deixar, antes de morrerem, é claro. Em sua mão direita, um machado de duas laminas reflete a luz do sol. O cavalo do Rei, é um poderoso garanhão negro, com potentes pernas e patas, uma crina e rabo tão negros quanto a mais escura das noites, como não poderia deixar de ser um cavalo imperial, e seu olhar tinha o mesmo ar selvagem e indomável de seu Rei. E o Rei está imponente em seu garanhão. O jovem soldado, com grande orgulho desce do cavalo e se prostra diante de seu rei.
- Senhor, não há nem sombra das forças Zíngaras que estavam em vosso reino.
- Tem certeza?
- Sim meu senhor, fiz a batida ainda algumas milhas para dentro da Zíngara, e nada achei, somente os rastros.
- Então os covardes fugiram, - fala com uma voz imponente, o Rei Conan, mas o que eles estavam fazendo aqui?
- Por Mitra Chefe, não vá a praia, o monstro ainda pode estar lá.
- Cale-se covarde, por Isthar, se você fosse homem de verdade, você poderia ter salvo as meninas, mas não passa de um covarde.
O Chefe da aldeia arma um grande destacamento, todos os homens da aldeia querem ir a praia para caçarem o monstro mas, temendo deixar a aldeia desprotegida, metade dos homens ficam, para protegerem as mulheres e crianças. O restante se arma, e partem rumo a floresta. Que antecede a praia. O chefe, chamado Leandricus, obrigado o jovem rapaz, chamado Jovar a lhes acompanhar, e o fez contar como tudo aconteceu,
- Bem chefe, estávamos eu e a Lisa num canto da praia, Claudios e sua filha Betla atras da rochas. Nós estávamos namorando, quando Betla gritando desesperada, e quando levantamos de onde estávamos, nós vimos o monstro segurando somente a cabeça de Claudios. Sua filha correu em nossa direção, mas antes dela chegar até nós, o monstro largou a cabeça, e sua correntes vieram em direção dela, e prendendo nas pernas e braços, e a levaram de volta ao monstro. Ele olhou fundo nos olhos de sua filha, e enquanto isso, eu subi na rocha para ataca-lo pelas costas. Quando eu estava em cima das rochas, peguei um pedaço de pau, e quando fui ataca-lo, ele olhou para mim, e disse algo que não entendi até agora.
- O que ele falou?
- 'Esta não é ela!' E, olhando para mim, com as correntes ele destroçou o corpo dela. Lisa que estava escondida, se desesperou e gritou, ele olho para ela, e novamente as correntes buscaram o corpo dela, daí eu fugi.
Escutando isso, o chefe da um potente chute no jovem Jovar, que o faz cair do cavalo. Como ele poderia ser tão covarde, se ele tivesse atacado, o monstro poderia ter soltado sua filha, dando tempo para ela fugir.
- Jovar, volte para a aldeia, eu não quero um covarde conosco.
Nisso Jovar volta correndo para a aldeia, enquanto o destacamento continua em direção a praia. Chegando a praia, Leandricus tem uma visão que vai carregar por todo resto de sua vida, sua filha, com as pernas e braços arrancados, esta jogada na areia, com os pedaços colocados nos lugares, e seu sangue formando um pentagrama embaixo dela. Ele vê a cabeça do filho do ferreiro, que estava em prantos a procura do corpo, para poder ao menos lhe dar um enterro digno. Mas o corpo de Lisa não estava ali, será que ela poderia estar viva?
Sul da Aquilônia
- E então meu Rei, quais são suas ordens?
- Eu quero que um destacamento fique por aqui, patrulhando essa fronteira, e descubram o que os zíngaros procuravam em meu reino - Fala Rei Conan - Nós voltaremos para casa.
Nisso, o Rei sente um calafrio lhe percorrer a espinha, Conan não gostava desse calafrio, pois foi o mesmo que sentiu semanas antes de Bêlit morrer, e o tornou a sentir de novos dias antes de sua amada Zenobia também vir a falecer. Será que isso era o prenúncio de mais mortes? Mas quem seria o próximo, se desde a morte de sua rainha, ele não voltou a amar?
Jovar, chegando na aldeia, descobre que o horror já passou por ali, corpos mutilados, poças de sangue, as moscas já estão voando por ali. Conforme ele vai andando pela aldeia, ele vai vendo pedaços de corpos pelo chão, pendurados em arvores, cabeças jogadas nos cantos, onde as formigas estão brigando com os ratos sobre quem tem o direito de ficar com os restos. Até os cães estão desmembrados, mas somente corpos masculinos estão no local, será que as mulheres conseguiram fugir? Essa vã esperança cai por terra, assim que ele chega na praça principal da aldeia. Uma enorme pilha de corpos estava la, todas as mulheres da aldeia, decapitadas e desmembradas, no chão, uma enorme poça de sangue, mas não o fedor caraterístico, o que significa que isso aconteceu a poucos minutos. Assustado, Jovar começa a andar para trás, mas tropeça e cai sentado, quando ele olha, grita. Ele tinha acabado de tropeçar na cabeça de sua mãe. Jovar começa a chorar e gritar, e levanta para sair correndo. Assim que ele levanta e vira, ele bate numa parede e cai de costas no chão. Ele limpa os olhos cheios de lagrimas, e olha onde bateu, e seu coração para.
- Onde ela está?
- Por favor, implora Jovar, não me mate.
- Onde ela está?
- Não me mate, eu faço qualquer coisa.
Spawn, com suas correntes ergue o jovem até sua altura, coloca o cara dele a poucos centímetros da sua, e pergunta novamente.
- Onde ela está?
- Eu não sei de quem você esta falando.
Mas para Spawn isso não importa, ele quer saber onde ela esta, se ele não sabe, morre. Spawn, solta o machado de lado, e com suas mãos, segura a cabeça de Jovar, e quando ia arrancar, uma lança traspassa seu corpo, e ele solta Jovar, que não perde tempo em sair correndo.
- Monstro, nós achamos Lisa, achou que não desconfiaríamos que você viesse aqui? Agora você irá pagar pelo que fez.
Alguns momentos antes.
- Chefe, venha aqui.
- Achou Lisa?
- Não, mas tem um carreiro feito aqui.
Leandricus vai olhar o carreiro, e vê uma devastação na floresta em linha reta, o monstro passou derrubando arvores e quebrando arbustos.
- Homens, vamos seguir o caminho que acharemos o monstro.
Então todos, como exceção do ferreiro e mais um homem, que ficaram para enterrar os corpos, eles saem em busca de vingança. Para Leandricus, nada mais importa, somente a cabeça do monstro na ponta de sua lança. Depois de adentrarem a mata, eles começam a achar sinais de sangue, que vão aumentando na mesma proporção que diminui a esperança de acharem Lisa viva, e quando a acham, é aterrador. Seu corpo foi cortado em varias partes, suas entranhas estavam do lado de fora do corpo, sua cabeça sem vida estava em cima de uma vara fincada no chão, olhando para quem chegasse no local, e abaixo da cabeça, escrito em sangue a frase:
'Onde ela está?'
- Chefe, a pista vai em direção a aldeia.
- Maldito, ele fez isso para nos despistar, ele deve estar atacando na aldeia. Vamos voltar para lá.
Aldeia, ao entardecer.
- Maldito seja, monstro, mas sua carnificina acaba por aqui, agora você vai morrer. - Dizendo isso, Leandricus investe contra o Spawn, que retira a lança de seu corpo, e sem sair do lugar, enfia a mesma lança no cavalo de Leandricus, com uma força tão grande, que atinge ainda seu cavaleiro.
- Mal...dito... não...vou pod...er vingar min....ha fil....ha!
Essas foram as ultimas palavras do chefe da aldeia, até que Spawn soltou a lança, e ambos, cavalo e cavaleiro tombaram mortos para o lado, com Leandricus esvaindo sangue pela boa e pelo ferimento. Todos os cavaleiros, tomados pelo horror e pela fúria, investem contra Spawn, que faz brotar de suas mãos um grandioso machado vermelho sangue de duas lâminas, e o gira ao redor da cabeça, assustando os aldeões, que descem de seus cavalos, e estudam a melhor maneira de atacar o monstro. Os aldeões cercam o monstro, que continua a girar seu machado sobre sua cabeça, e quando um aldeão parte ao ataque, ele o divide em dois com seu machado, o atingindo na linha da cintura, fazendo sua pernas tomarem no lugar, e seu tórax cair aos seus pés.
- Onde ela está??
Mas os aldeões não escutavam o que Spawn falava, apenas Jovar, assustado, num instante de lucidez, teve uma idéia.
- Monstro, ela não esta aqui.
Instantaneamente, Spawn para de girar o machado, e os aldeões para, devido ao grito de Jovar. Imediatamente Spawn atravessou a distancia que o separava de Jovar, e o pegando pelo pescoço, tornou a perguntar.
- Onde ela está?
- Ugh, não.... consigo... respirar.... me solte... que eu digo....
Spawn solta Jovar, que desaba totalmente no chão, arrependido da idéia que teve, mas agora ele não poderia voltar atrás, pois senão a morte seria uma certeza.
- Ela não está aqui, ela está em Zíngara, numa cidade perto do mar, que tem um grande porto.
Spawn dá as costas para Jovar, que corre em direção oposta a ele, mas os aldeões queriam vingança por todas as mortes, e investem contra ele. O que se segue é uma carnificina digna do quarto circulo infernal. Cabeças sendo arrancadas, membros decepados, pessoas sendo espancadas até a morte com partes do próprio corpo. Spawn não usou o machado, somente as mãos para estrangular e matar todos os aldeões, com exceção de Jovar, que corria em direção a floresta, como se o próprio demônio estivesse em seu encalço. Ele correu até não agüentar mais, e sem olhar para trás, pois se ele olhasse, nunca mais conseguiria fechar os olhos, tamanho o horror que ocorreu na vila. E pensou:
- Bem, se ele vai para a Zíngara, eu estou indo para Khitai.
Aquilônia
Uma grande recepção esta sendo preparada na volta do Rei. O salão de festas do Rei esta sendo arrumado, com grandes almofadas, a cerveja e o vinho já estão sendo postos a gelar, e diversos javalis e búfalos estão sendo preparados para a festa. Ultimamente, após o falecimento da Rainha Zenobia, somente as festas eram momentos de descontração para o Rei, as festas e as saídas de patrulha e caçadas.
Zamora, ao sul
Num de seus bares, jovens delinqüentes contam que, quando passaram pela capital de Turan, Aghrapur ouviram um boato de uma vila que foi devastada numa noite apenas. Ninguém sobreviveu, assim contam os caçadores que passaram pelo local, e ainda dizem, que a cena era tão dantesca, que a quilômetros da vila você não agüentava o cheiro de carne podre que estava imperando no local. Um ancião que estava no local, se aproximou dos jovens.
- Vocês estão falando de uma vila devastada?
- Sim velho, por que?
- Cheiro de podre, pedaços de corpos por todos os lados, mas as casa intactas?
- Sim velho, esta sabendo de alguma coisa?
- Eu estou vindo do norte, e passei por uma vila nas montanhas que corresponde a sua descrição?
- Exatamente, essa vila fica nas montanhas, norte de Turan, na encosta do mar Vilayet, então é verdade o que dizem?
- Não sei - responde o velho - essa vila que eu passei, fica ao norte daqui de Zamora.
Dizendo isso, o velho abaixa a cabeça, os jovens ficam mudos, seria muita coincidência, ou como a maioria dos boatos, aquele também não teria fundamento?
Aquilônia
Noite de festa, o Rei Conan chegara cedo da patrulha que fez nas fronteiras com a Zíngara, na volta resolveram fazer uma caçada, e trouxeram carne para abastecer uma semana de festa. Essas festas eram agora os raros momentos que alguém via o Rei se divertindo. No salão de festas, estava uma grande mesa disposta em ferradura, onde ao centro eram feitas apresentações e disputas, para alegrar os convidados. Ao lado da cadeira do rei, havia uma fonte que jorrava vinho abundante, onde os convidados iam encher seus canecos. Logicamente, no final da festa, alguém adormeceria dentro da fonte, mas ai ela já estaria seca. O Rei esta vendo dois jovens gladiadores, fazendo uso de seus corpos numa luta sem armas, querendo mostrar ao rei que merecem fazer parte da força de elite que acompanha o rei em suas patrulhas. Na madrugada, após muita carne e vinho, o Rei está sentado numa outra sala, sobre umas almofadas, vendo varias dançarinas dançando ao centro do salão, quando seu conselheiro sai detrás de uma coluna, e cochicha algo rapidamente ao ouvido do rei, o que faz os dois saírem imediatamente dali.
Norte da Nemédia
Na praça não se ouve falar em outra coisa, o boato corre com rastilho de pólvora. Uma aldeia ao norte de Turan, outra aldeia ao norte de Zamora, e seguindo pelas montanhas, varias aldeias na Brithúnia, e agora isso está acontecendo ao sul da Nemédia. Aldeias inteiras esta desaparecendo de um dia para outro, nada é queimado, nada é destruído, mas todas as pessoas são mortas, não respeitando mulheres e crianças, os homens são brutalmente mutilados, pernas e braços são arrancados, cabeças estão partidas ao meio, as ruas da vila estão parecendo um rio de sangue, mas as vilas têm algo em comum, todas têm a inscrição: - Onde está ela? Nas paredes da casa, e no peito de algumas vitimas. E agora esse terror esta se dirigindo a Aquilônia.
Aquilônia, ao amanhecer
O rei está reunido com conselheiros e alguns generais.
- Onde isso começou?
- Parece que em Turan, Senhor, vindo pelas montanhas por Brithúnia, Corinthia, Nemédia, já teve um relato em Ophir, mas indica que está vindo para a Aquilônia.
- Alguma descrição da criatura?
- Somente um relato de um moribundo na terceira aldeia ataca na Brithúnia Senhor, fala de um monstro com duas pernas, correntes espalhadas pelo corpo, parece que seu corpo é todo queimado, e ele carrega um grande machado de duas laminas. Em todas as aldeias foi achada a inscrição.
- Onde está ela? Mas ela quem? Uma sacerdotisa que o invocou, alguém que ele foi invocado para matar? Quem pode ser essa pessoa, e onde ela esta?
- Senhor, o que nós podemos fazer?
- Reúna o exército, se essa criatura esta vindo para a Aquilônia, nós vamos fazer ela se arrepender disso.
No meio da manha, todo exercito estava em frente ao palácio, esperando ordens do rei. Mas o que todos se perguntavam, era o por que de haver duas formações, esse murmúrio geral cessou assim que o rei apareceu a cavalo em frente a suas tropas.
- Soldados, vocês já estão sabendo que uma criatura esta vindo em nossa direção, mas relatos feitos hoje de manhã, nos mostraram que essa criatura sempre ataca a cidade, dando a volta para não encarar o exército de frente. Hoje vocês estão com duas formações, pois uma vai ficar para proteger a cidade, enquanto eu levarei a outra formação a caça da criatura, que esta se tornando um flagelo. Até agora essa criatura só atacou pequenas aldeias, lutando contra camponeses, e devido a sua velocidade, nenhum exercito vizinho se armou para destruir a criatura. Que é o que faremos, nós daremos um fim a sua existência.
Após o discurso, o Rei sai com seu cavalo, e a primeira formação marcha atrás dele. A Segunda formação começa a armar uma barreira em torno da cidade, para proteger contra a vinda da criatura.
Sul da Stygia
- Senhora, está tudo bem?
Jafar está debruçada na janela, fitando as estrelas, e nem ouve a criada entrar. Seus pensamentos estão absortos.
- Senhora?
- Ah, é você, o que quer? O monstro do Borgos esta me chamando?
- Não senhora, todos estão bêbados demais para pensarem em mulheres. Só queria avisar que as mulheres foram todas avisadas de suas idéias.
- Bom, se tudo der certo, no máximo em uma semana estaremos livres finalmente desses porcos.
- Tomara senhora, e que a criatura venha para ca depois de fugirmos.
- Criatura? Do que você esta falando?
A criada conta para Jafar sobres os boatos de monstro que estava devastando inúmeras vilas, não deixando ninguém vivo para contar história.
Montanhas ao norte de Ophir, na fronteira com Aquilônia
Ao entardecer, com o acampamento marcado, o Rei está a espera de seus batedores. Que não tardam a chegar.
- Rei Conan, visitamos a ultima aldeia conhecida que a criatura passou, não achamos rastros da criatura, por que a aldeia foi totalmente queimada.
- Queimada? Mas isso não é modo da criatura agir.
- Foram os aldeões de aldeias vizinhas, meu Rei, eles quiseram limpar o lugar do mal que ali passou.
- Mas então para onde a criatura pode ter ido, para nosso reino não foi, pois deixei ordens expressas de que se isso aparecer lá, imediatamente alguém deve vir avisar.
O Rei vai para sua tenda, e um conselho de guerra é formado, visando achar e exterminar a criatura, que sumiu sem deixar rastros.
Uma semana depois, Sul da Stygia...
- Então todas entenderam bem? - Jafar esta pondo seus planos para as outras - essa noite eles vão fazer a maldita comemoração novamente, e é nossa chance de fugir. Durante o jantar, nós vamos drogar a bebida dos Kushitas, e quando eles tombarem, a gente foge daqui.
- Mas para onde vamos?
- Para bem longe, pois se continuarmos aqui, nós morreremos nas mãos desses malditos, ou vocês preferem continuarem vivendo como esses últimos quatro anos?
Então as mulheres entram num consenso, elas fugiriam cada uma para um lado, para dificultar a captura, caso os Kushitas acordassem antes do tempo. Enquanto preparavam a droga, Jafar e sua criada conversavam.
- Senhora, posso fugir junto com a senhora?
- Você esta aqui como minha criada somente por imposição daquele porco, depois dessa noite você será livre, não precisa ficar comigo.
- Eu sei senhora, mas minha família foi toda morta pelos Kushitas, e a senhora é a única família que me restou.
- Bem, então você vai ter que agüentar uma viagem até a Zíngara, pois vou para a casa de uma prima que mora la, casada com um comerciante.
Khitai
- Finalmente cheguei - fala Jovar - agora estou a salvo do monstro.
Jovar chega a Khitai, e resolve começar uma nova vida, sabia alguma coisa de ferreiro, pois vivia com o Claudios, e alguma coisa aprendeu sobre essa arte.
Aquilônia
Conselho de Guerra, rei Conan esta falando.
- A criatura sumiu sem deixar rastros, então vamos dividir nossa formação, metade vai ao norte procurar rastros, e metade vai ao sul. Quem achar primeiro, manda um batedor chamar a outra divisão, para acharmos e atacarmos a criatura.
- É uma boa idéia dividirmos nossas forças Rei? A criatura dizimou vilas inteiras.
- Sim, vilas inteiras de aldeãos pacatos, que a única ferramenta que sabe manejar são enxadas e foices, nosso exercito com certeza dará cabo da criatura.
E assim ocorreu a divisão, o rei foi com suas forças ano norte, e a outra foi em direção a Ophir, circundando as montanhas para achar algum sinal.
Porto da Stygia
Jafar e sua criada conseguem fugir da famigerada aldeia, pena que nem todas conseguiram, elas correram dias e dias, ela viu seus perseguidores em seu encalço, mas miraculosamente ela conseguiu se esconder e eles não a acharam. Agora ela vai embarcar num navio diretamente para Zíngara. Já faz uma semana que ela esta livre, e ele prefere morrer a voltar aquela vida.
Aquilônia
- Senhor, nossa retaguarda avistou um batedor vindo em nossa direção.
- Vamos parar, ele pode ter noticias da criatura.
Uma hora depois o batedor chega até o Rei, e lhe passa o relatório.
- Senhor, quando nos separamos, fomos circundando as montanhas, com intuito de achar o rastro da criatura. Então como uma hora ou outra nós deveríamos cruzar com o rastro da criatura, nós fomos numa linha até a fronteira de Argos, quando estávamos no meio do caminho, achamos outra aldeia, mas essa tinha sobreviventes, que nos relataram sobre a criatura.
- Então não embrome mais homem, conte tudo que eles contaram.
Então, ao redor da fogueira, com Conan e seus oficiais em volta, o batedor começa seu relato macabro.
- Cerca de uma hora de distância da aldeia, o vento nos trazia um cheiro de morte, que aumentava a cada passo que dávamos. Depois dessa hora, chegamos na aldeia, e na entrada já víamos cadáveres mutilados, com suas partes espalhadas pelas arvores. a aldeia esta totalmente banhada de sangue, mas de repente ouvimos alguns gritos, e olhamos uma mãe e uma filha saindo de dentro de uma casa, dando graças a Mitra por termos chego. Ela relatou que a criatura era mais alta, dando a impressão de que estava em cima de um cavalo, mas não estava, empunhando um grandioso machado de duas lâminas, ela decepava cabeças, perguntado 'onde está ela'. A mulher contou que ele repetia essa pergunta indefinidamente. Depois de matar todos, menos ela e a filha que ficaram escondidas dentro de casa, a criatura absorveu o machado...
- Absorveu?
- Eu também não entendi meu Rei, parece que a criatura deixa o machado guardado dentro dela, mas depois que isso aconteceu, a criatura começou a despedaçar os troncos com as mãos, deixando vísceras a mostra, e entoou um lamento, alguma coisa assim, e foi embora, mas falou uma frase, que ela não entendeu inteira, somente a palavra Zíngara. Depois de algum tempo, quando ela se encorajou a sair, ela escutou um barulho de mastigação, e quando olhou, viu vários demônios menores, parecendo porcos com duas patas e chifres, comendo algumas vísceras e restos mortais, o que a fez se trancar novamente em casa, e somente sair quando escutou nossas tropas. Então eu vim diretamente para ca, avisar meu Rei, enquanto eles continuam a caça da criatura.
O Rei, até então calado com o relato, levanta e dá ordens, que assim que amanhecer, eles estarão em marcha.
Zíngara, alguns dias depois
- Bem senhora, chegamos. A senhora sabe onde moram seus parentes?
- Eu sei que ele tem um comércio por aqui, mas não será difícil de achar.
Assim, Jafar e sua criada partem em buscar de achar sua prima, e se estabelecer ao sul da Zíngara.
Argos, fronteira com Zíngara
Conan e seu exército acham a segunda formação. Morta. Não há sobreviventes, nem agonizantes, somente mortos despedaçados. Quando Conan e seu exercito chegam, eles vêem os demônios menores devorando seus companheiros de batalhas mortos, e partem ao ataque, fazendo os demônios fugirem para as fossas abissais.
- Como pode isso, guerreiros, todos destroçados - brada um jovem soldado.
Todos estão desesperados, pois amigos e irmãos estavam naquela formação. O rei então ordena que um cavalariço vá ao palácio, e traga metade dos soldados que la estão. Pelo caminho da criatura, ela está indo em direção ao mar, e não vai mais passar pela Aquilônia.
Oitavo círculo
Malebólgia sorri, há séculos um Spawn não lhe dava tantas almas. Ele pega o pequeno demônio ao seu lado, e o ergue pelo pescoço.
- Veja Violador, um dia você será tão mortal e sanguinário como ele.
A pequena criatura olha, e decide que será ainda mais mortal e sanguinário, que um Spawn nunca será páreo para ele.
Zíngara
Um cavaleiro chega as pressas na cidade, berrando para os cidadãos saírem da rua, pois o demônio esta vindo. Ele corre em direção a guarnição da cidade, e os clama a batalha.
- Rápido, um monstro esta vindo em direção a cidade, ele dizimou totalmente a patrulha, e esta vindo para cá.
Rapidamente, todos os soldados se armam e vão esperar o monstro na entrada da cidade, e o vêem chegando. O Spawn, assim que vê a turba, retira de dentro dele seu machado, e o empunha acima da cabeça, partindo para o ataque.
- Onde está ela? - É tudo que a criatura grita.
Corpos vão sendo despedaçados, flechas são disparadas contra o Spawn, que cravam em sua pele, não surtindo efeito algum. Ao longe, o Rei Conan vê a cidade, e manda seus soldados apertarem o passo, para chegarem em tempo. Enquanto isso, Spawn vai colecionando mais vitimas, todos despedaçados por seu machado. Chega até a ser difícil para ele andar sobre os cadáveres, que ele vai empilhando na matança. Sangue vai sendo espirrado nas paredes próximas, o chão esta cada vez mais liso, das vísceras e sangue que vão se espalhando pelo chão. Spawn se aprofunda cada vez mais na cidade, os moradores fogem para dentro de suas casas, e alguns para o mais longe possível do monstro. Conan chega, e manda todos ao ataque. O que se segue então é uma carnificina total, como as ruas são estreitas, os soldados não conseguem atacar todos de uma vez, mas vão fazendo o monstro recuar, até o porto. Do outro lado da cidade, Jafar esta conversando com sua criada.
- Está é uma cidade maravilhosa, ainda mais longe daquele porco do Borgos.
- É verdade senhora.
- Já te disse para me chamar de Jafar, aqui eu não sou mais sua senhora, ou esqueceu que a gente esta trabalhando juntas agora?
Nisso, elas vêem diversas pessoas correndo e uma histeria coletiva, onde todo mundo grita que o monstro está vindo. A multidão, correndo para entrarem nos barcos, atropelam as duas mulheres, que caem na água.
A carnificina continua, como os soldados não conseguem atacar em larga escala, Spawn brande o machado nos soldados como se fosse um colono ceifando milho, pouco esforço e muita matança, Conan consegue chegar até o Spawn, o atacando com grande força e fúria, mas o monstro não demostra cansaço, que Conan vem sentindo nesses últimos dias de intensa cavalgada. Spawn ataca Conan, e com o machado consegue desarmá-lo, quando ia dar o golpe final, os soldados fazem nova investida contra Spawn, que logo se esquece de Conan.
- Onde está ela? - Spawn vai gritando isso a cada cabeça que ele decapita. Conan então volta ao seu cavalo, e pega seu machado, e vê uma ironia na situação, finalmente ele achou alguém que sabia usar um machado de duas laminas tão bem quanto ele. Spawn já tinha chacinado praticamente todo o batalhão, os poucos vivos estavam mutilados demais para portar uma arma, e eis que Conan volta com o machado, e parte para o ataque. O que se vê é um duelo de titãs, duas forças superiores atacando com suas vidas, com o auge de suas forças, quando os machado se tocam no ar, eles relampeiam, quando um erra o ataque, e seu machado bate no chão, ele abre uma fissura de alguns metros, tamanha é a força despendida pelos dois titãs. A luta já chegou no porto, onde varias pessoas assistiam tudo de dentro de seus barcos, até que uma mulher emerge pela lateral do cais.
- Saia daí mulher, o monstro irá matá-la.
Quando Jafar olha para a criatura, dá um grito, e Spawn escuta, e vira para olhá-la. A criatura reconhece a irmã, e baixa o machado, Conan fica atônito, será que essa mulher é a pessoa que a criatura esta procurando? Mas que intenções Spawn tem? Ele abaixou o machado, pelo menos isso.
- Jafar, é você?
- Quem... quem é você?
- Sou eu, seu irmão, eu vim salvá-la.
- Salvar-me? Seu maldito, você me deixou apodrecendo na cama de Borgos por quatro anos, entendeu, quatro anos, eu odeio você por isso, e no que você se transformou, num monstro, eu odeio você, eu odeio você.... vá embora, e que Mitra te amaldiçoe.
Spawn fica estático pelos berros da irmã, ela o odeia? Faz quatro anos? Ela é uma ingrata, tudo que ele abriu mão, para voltar salvá-la... ela não merece viver. E Spawn levanta o machado acima da cabeça. Conan, que estava assistindo tudo, se joga contra a criatura, a jogando na água. Conan ajuda a jovem a se levantar, e a manda fugir, pois ele vai tentar deter o demônio. Quando Spawn sai da água, não existe mais nada de humano nele, somente o ódio, ódio dos homens que o mataram, ódio de Malebólgia que o transformou nisso, ódio de Jafar por ser tão ingrata, então ele segura seu machado, e ataca Conan, que se defende, e a luta recomeça, na mesma proporção de antes, as faiscas que saem dos machados podem ser vistas do outro lado da cidade, o barulho das armas, parecem trovões anunciando uma tempestade, Spawn, com uma força que parece não acabar nunca, ataca com seu machado como se fosse um martelo, batendo sempre por cima, Conan, ainda cansado dos longos dias de cavalgada, começa a ceder terreno, mas nem por isso deixa de desferir golpes alucinantes. O Spawn dá outro golpe superior, mas Conan se esquiva, e bate com o cabo do machado na cara do Spawn, que se enfurece mais ainda. Realmente não há mais nada de humano ali. Conan gira o machado, e ataca novamente o Spawn, conseguindo cortar sua perna, mas, atônito, vê a ferida cicatrizar, e tenta imaginar se esse demônio pode ser morto. A luta continua, com seus machados relampeando e trovoando sobre suas cabeças, mas agora Conan já conhece seu oponente, e monta uma estratégia que pode dar certo. Quando Spawn ataca novamente Conan por cima, ele pula para o lado. Spawn crava seu machado no chão, e olha para Conan, no rosto de Conan ele descobre que perdeu a luta, seus olhos voltam a ficar humanos, e seus lábios balbuciam um obrigado.
Conan ergue seu machado, e antes do Spawn ter chance de se defender, ele decapita o Spawn, que cai no solo. Conan então, chuta sua cabeça para longe, e desmembra todo seu corpo. E após a luta, ele senta num barril que miraculosamente permaneceu intacto na luta.
Aquilônia, alguns dias depois.
Uma grande festa estava sendo dada em homenagem ao rei, que os tinha livrado desse grande mal. O palácio tinha duas novas criadas, e uma delas era Jafar, que depois da luta viu que a morte do irmão foi boa, pois o livrou do grande mal que o estava possuindo.
Interlúdio - Pathenia, um ano depois.
Dois jovens estavam fugindo de soldados.
- Por Set, Terrycus, você precisava dormir com a filha do capitão a guarda?
- Precisava, a gente se ama.
- Mas precisava roubar as jóias da mãe dela?
- Claro, senão a gente não ia ter dinheiro para casar, o que não precisava era o pai dela ter descoberto.
Os jovens estão fugindo, com os soldados a seu encalço, quando na encosta de uma montanha, os cavalos pisam em falso, e os dois descem ladeira abaixo.
- Veja, uma caverna, vamos nos esconder la dentro.
Quando os dois jovens entram na caverna, eles vêem três esqueletos na entrada da caverna, esses esqueletos não tinham os ossos dos dedos, e suas juntas estavam todas esmigalhadas, como se tivessem perdido os dedos tentando escavar uma saída. Uma sensação de morte passou pelo corpo dos dois jovens, e eles decidiram que era mais seguro se entregarem para os guardas, que estavam esperando eles do lado de fora.