por Osvaldo Magalhães
em 07/10/2004
'Uma coisa eu sei: se a vida é ilusão, eu também faço parte dela; e, sendo assim, a ilusão é real para mim. Eu vivo, estou cheio de vida, amo, mato e sou feliz desta maneira.'
Este parágrafo, extraído da história 'A rainha da Costa Negra', publicada em Conan - Espada & Magia 4, faz parte de um diálogo entre o cimério e Bêlit. Nele, fica evidente a simplicidade com que Conan enxerga a vida.
Embora bárbaro e criado longe do requinte das grandes civilizações de sua época, Conan foi um homem inteligente e perspicaz. É claro que toda a sua personalidade foi fruto da imaginação de seu criador, Robert Howard. E este era um escritor que gostava de frases profundas. Então, quando começou a adaptar contos e romances da personagem para as HQs ou bolar suas próprias aventuras, o quadrinhista Roy Thomas seguiu pelo mesmo caminho. Eis alguns exemplos:
Quando jovem, em Venarium, Conan disse a um velho cego que, ao encontrar seu destino iria 'agarrá-lo pelo pescoço e fazer com que me conte o que está reservado para mim' (Conan, o aventureiro 1).
Certa feita, no Forte Tuscelan, comentou ao governador do local que '... ainda não vi nada, neste mundo, que o aço não possa cortar!' (Espada selvagem de Conan 14).
Diversas vezes, o bárbaro vaticinou: 'No dia em que não puder ficar de pé sozinho, é porque chegou minha hora de morrer'.
Essas, e tantas outras afirmações, que aleatoriamente ouvimos de Conan, são mais do que simples palavras. Constituem sentenças que nos fazem refletir e que nos levam a pensar na simplicidade do que nos cerca.
Para o cimério, a vida é fácil e prazerosa. Nós é que a complicamos. No entanto, ele vai ainda mais longe: 'Viver é dormir, morrer é despertar'. Será que estamos dormindo e o mundo que percebemos é apenas uma quimera dos sentidos? Então, se assim for, é lícito dizer que tomamos parte desta fantasia? E que a morte nada mais é do que o despertar para uma nova existência mais verdadeira e sem ilusões?
A idéia, como tudo mais em Conan, é simples e... estarrecedora!
Compartilhar