em 07/10/2004
Dos personagens criados para esses inúmeros contos, Conan, o Cimério, é o mais famoso de todos. Mesmo tendo sido criado há 70 anos, ainda hoje existem milhares de fãs 'que se espalharam pelo mundo como miríades de estrelas sob o firmamento'.
Quando a editora americana Marvel Comics passou a adaptar os contos de Conan para os quadrinhos, proporcionou aos demais personagens de Howard um lugar ao sol.
Todos eles são personagens verossímeis, relevantes e identificáveis. Por esse motivo, pelo sabor picante de realidade, quase todos foram adaptados para os quadrinhos.
A adaptação mais radical deu-se com Sonja, que originariamente era uma mulher russa (na época dela, a Rússia era conhecida como Rogatino), uma guerreira que participou do cerco a Sulleyman, na Viena de 1529. Roy Thomas a remodelou, mantendo seus princípios básicos e a enxertou na fictícia Era Hiboriana.
Os demais, como Kull, Salomão Kane e Bran Mac Morn mantiveram suas características primevas.
Sem mais delongas, passemos ao que realmente interessa, ou seja, a saga dos personagens de Howard nos quadrinhos:
CONAN:
'Gods of the North' (Frost Giant Daugth) - Adaptada aos quadrinhos como 'A Filha do Gigante do Gelo' para o Nº 14 do fanzine americano 'Star-Studded Comics', em 1968. Publicada no Brasil em 'A Espada Selvagem de Conan' (ESC) 81 e 202.
'The Queen of the Black Coast' (A Rainha da Costa Negra - 46 números. 1955-1966) - Publicada em um gibi pirata mexicano, que adaptava o conto de Howard.
Conan the Barbarian (Comic book 275 números, de 1970 a 1993 - Marvel Comics). O primeiro 'comic' sério sobre o Cimério. Basicamente, sua trajetória é muito boa. Mas sua qualidade flutuou bastante. No Brasil suas histórias foram espalhadas por diversas revistas, até encontrar abrigo na Conan, o Bárbaro, que durou até a edição 59.
1ª etapa (números 1 ao 24): Roy Thomas/Barry Smith (e Gil Kane). Excelente: primeiras aventuras de Conan, com algumas adaptações de contos clássicos de Howard. Primeira aparição de Sonja.
2ª etapa (números 25 ao 115): Chega John Buscema, substituindo a um Barry Smith que já havia alcançado a perfeição com seu último número. Buscema se converte no desenhista clássico de Conan, por excelência. Sua época dourada: a macrosaga da Rainha da Costa Negra (58-100) que algumas vezes incluía adaptações de contos de outros personagens de REH.
3ª etapa (números 116 ao 180): A época obscura: Roy Thomas se vai e os textos caem em mãos de gente como o repugnante Bruce Jones e Michael Fleisher (um dos melhores, apesar de tudo). Os desenhos decaem. Buscema agüenta bastante tempo, mas acaba delegando a outros, como Pat Broderick e Ernie Chan (bom arte-finalista, mal desenhista), a função de desenhar Conan.
4ª etapa (números 181 ao 231): Entra James Owsley no argumento e começa a tentar desenrolar o que poderia tornar-se uma grande e séria saga. Introduz uma multidão de personagens secundários, alguns dos quais bastante interessantes. A coisa melhora e amadurece com a chegada do desenhista Geof Isherwood, minucioso e detalhista, que iria melhorando cada vez mais. Nesta etapa, Owsley explora a personalidade de Conan como ninguém antes havia se atrevido. Sonja faz algumas memoráveis aparições, nas quais suas relações com Conan ganham um novo ponto de vista. A macrosaga acabou com a chamada 'Trilogia de Heku', por meio da qual a equipe realizou histórias mais autoconclusivas das viagens do Cimério pelo mundo hiboriano.
5ª etapa (números 232 ao 240): O desenhista de pedras. O estafante Ron Lim se esforçou muito com seus traços duros para que esta breve etapa (de um argumento patético) fosse, com certeza, a pior da série. Na tentativa de contar a vida da família de Conan, e a infância e juventude deste, o argumentista se atrapalha em todos os dados que, durante todos esses anos eram dados como certos sobre o tema (e que eram muito mais interessantes). No fim, Roy Thomas regressou (suponho que assustado) e tentou consertar o desacordo dizendo que aquilo era uma versão 'enfeitada' da história, que o Rei Conan conta a seu pequenino Conn. Muito triste
6ª etapa e última (números 241 ao 275): O regresso de Roy Thomas se faz notar. Apesar de não ser como os quadrinhos da época dourada, este é um trabalho digno que dá gosto de ler. Conan volta a ser Conan. Por infelicidade, a saga que Thomas estava desenvolvendo com um correto Ricardo Villagran viu-se interrompida pelo cancelamento da série (agora que começava a ganhar qualidade), e a história passaria a completar-se na revista 'The Savage Sword...' a partir do número 216.
Savage Tales: (revista em preto & branco, 10 números, 1971). Nesta revista, que seria a semente da futura 'The Savage Sword of Conan', foram publicadas as primeiras histórias de Conan em preto & branco, junto com outras de Kull, Salomão Kane, e outros heróis não-howardianos, como Ka-zar.
The Savage Sword of Conan (Vol I, revista em preto & branco, 235 números, 1974-1995). Segundo a Marvel, a 'versão adulta' do personagem, ou 'o que não se podia colocar nos quadrinhos tradicionais'. Fora alguns poucos seios desnudos na primeira época, não havia motivo para tanto (embora Conan em P&B seja muito melhor). Roy Thomas controlava, e a equipe habitual, com John Buscema no lápis, realizou obras-primas. Logo, paralelamente à decadência dos 'comic books' (com a partida de Thomas em 1980), a coisa foi baixando de nível, até alcançar níveis abomináveis. Antes de seu cancelamento, Thomas regressou, retomando com o Conan de sempre (com Buscema, de novo, e Chan finalizando). No entanto, já era demasiado tarde: tantos anos de baixa qualidade haviam afastado a maioria dos leitores.
Conan Saga (revista em preto & branco, de 97 números, 1987-1995). A Marvel reeditou as primeiras aventuras de Conan, no que devia ser a intenção de ordená-las cronologicamente (as boas, é claro), seguindo a ordem da vida de Conan. Para isso, mesclou materiais do 'comic book' e da revista, situando cada história em sua área da saga. A revista caiu em águas borradas quando perderam o controle dos materiais a reeditar.
Giant Size Conan (1974). Começou a adaptar, por Thomas/Kane, a única novela de REH sobre Conan: A Hora do Dragão. A série encerrou-se de súbito, tendo de completar a adaptação no número 10 de 'Savage Sword...'. No Brasil, foi mostrada nos primeiros números de Conan Rei.
King Size Conan e Conan Annual. 11 números especiais das revistas que a Marvel publicava naquele momento. Como nos casos anteriores, começou com material interessante, mas logo...
Conan Graphic Novels. Começou com a adaptação do primeiro filme e depois dela foram-se fazendo outras (1986-1987), algumas das quais eram muito boas. Todas foram publicadas no Brasil pela editora Abril.
King Conan (comic book, 55 números, de 1980-1989). Começou uma maravilha, com as adaptações de Thomas/Buscema das novelas 'Conan of the Aquilonia' e 'Conan the Avenger'. Logo veio uma breve época um pouco medíocre, que acabou quando James Owsley e o estupendo Geof Isherwood colocaram lenha no assunto. A partir do número 25 começou uma macrosaga, que passaria às mãos do desenhista Mike Docherty. O pobre Mike não era tão mal, mas alguns arte-finalistas terminaram de estragar o trabalho. A macrosaga se estendeu por demais, chegando a irritar alguns leitores. Owsley e Isherwood vieram ao resgate, mas já era muito tarde. Toda a série de Conan Rei foi publicada no Brasil pela editora Abril.
Conan the Adventurer (1994-95, 14 números). Uma boa tentativa da Marvel de relançar o personagem. Roy Thomas adaptou (muito livremente, isso sim) 'As Abominações de Yondo' de Clark Ashton Smith, e a mesclou com as primeiras aventuras do Cimério. Os soberbos desenhos de Rafael Kayanan recriaram o estilo de Barry Smith em sua plenitude gráfica. Uma pena não terem feito mais histórias. No Brasil, a revista teve 5 números mais ainda restam algumas histórias a publicar.
Conan The Savage (The Savage Sword of Conan Vol II). A Marvel Comics, numa última tentativa de salvar a revista em P&B, relançou a revista a partir de um novo Nº1, dando ao Cimério um aspecto mais obscuro, de acordo com as supostas preferências da juventude consumidora de quadrinhos. O trabalho do argentino Alcatena teve muita qualidade, e nisto também se inclui uma adaptação de 'Nas Montanhas da Loucura', de H. P. Lovecraft, com Bêlit, por Thomas/Buscema/Nebres. Outras mais a destacar: um episódio inovador de Tim Conrad e uma adaptação de um conto oriental de REH por Thomas/Isherwood (Espadas de Zhamakand/ESC 140).
Conan il Conquistatore. O Conan feito na Itália. Começou com um nível e uma qualidade interessantes, mas foi decaindo. A editora italiana não tardou em encerrar o projeto.
Conan the Barbarian: limited series. Dado o escasso êxito do Cimério na época, a Marvel resolveu, desde 1997, a limitar suas aparições a minisséries de 3 ou 4 episódios coloridos. Todas elas foram publicadas na ESC, pela Abril Jovem, em P&B.
O Conan espanhol: um projeto da 'Planeta de Agostini Comics' de tentar realizar um produto digno sobre o Cimério na Espanha. O assunto prometia ser, quando menos, bastante interessante. Lamentavelmente, parece que se contavam com fundos italianos que no final não chegaram; parece que o projeto foi abandonado. Algumas das histórias curtas feitas foram publicadas na revista espanhola 'El Reino Salvaje de Conan' que, aliás, reedita em P&B o material de 'King Conan'.
SONJA:
Começou suas andanças nas páginas do comic-book 'Conan the Barbarian' 23, em uma soberba adaptação de Thomas/Smith do conto de Howad 'The Shadow of the Vulture', mas os leitores se apaixonaram por ela alguns números depois, na obra-prima de Smith: 'A canção de Sonja'. Pouco depois (1975) já tinha uma série própria (que não durou mais que 7 números), que tinha o argumento de Thomas e os desenhos de feras como Esteban Maroto, Neal Adams, Dick Giordano e Frank Thorne e, inclusive, teve um cross-over com a série regular de Conan (que então estava em seu apogeu, em plena saga de Bêlit, a Rainha da Costa Negra).
Sua segunda série, (1977) desenhada por Frank Thorne, durou um pouco mais (15 números). Thorne, depois do cancelamento do título passou a desenhar uma série para adultos: Guita de Alizzar (inédita no Brasil), que era uma versão erótica de Sonja.
Anos mais tarde, em 1983, Tom de Falco e Mary Wilshire lançaram uma nova Sonja no mercado. Wilshire desenhou um novo uniforme para Sonja, cansada que estava daquele 'bikini de moedas' dos primeiros tempos (eu gostava mais daquele). A série, de enfoque mais humano e bastante feminista, não durou muito (13 números). Aqui, foi publicada como complemento das histórias da revista Conan, o Bárbaro (Abril Jovem).
A Cross Plains Comics publicou um 'one-shot' sobre ela (Roy Thomas/Steve Lightle) que é muito bom, e está preparando mais dois números
KULL:
Creatures of the Loose número 10 (1971) adaptava The Skull of Silence por Berni Wrightson.
Kull the conqueror: Em Junho de 1971, a Marvel lança esta coleção que adaptava grande parte dos primeiros contos de Kull. Originalmente desenhada por John e Marie Severin; uma verdadera obra-prima.Alguns contos de Kull foram adaptados e criados para 'Savage Tales' , 'The Savage Sword...' e 'Kull and the Barbarians', um experimento falido de 1975.
Kull the Destroyer (números. 16 a 29: 1976-1978), comic book em cores, com um Kull destronado vagando pela era Thuriana.
Bizarre Adventures n. 26. 1981. P&B. Um episódio maravilhoso de Dough Moench e John Bolton, chamado O Diabo no Espelho.
Kull the conqueror (Vol II). 1982. Comic book, colorido. Uns poucos números de grande qualidade com Buscema e Bolton.
Kull the conqueror (Vol III). 1983. Comic book, colorido. Durou só 10 números.
Kull, the Valley of Shadows (Graphic Novell de 1989). Uma história de Zelenetz desenhada por Tony De Zuñiga. Esta história foi publicada no Brasil na ESC em Cores 13.
SALOMÃO KANE:
Monster Unleashed número 1 (1973) 'Skulls in the Stars', por Thomas/Ralph Reese.
Kull and the Barbarians (1975), 3 números. Continham histórias de Kane.
Marvel Premiere 33-34 - featuring The Mark of Kane. (1976). Adaptação de Thomas e Howard Chaykin.
The Sword of Solomon Kane (1985) comic book colorido que só durou 6 números.
CORMAC MAC ART:
Todos os contos de Cormac foram adaptados em uma minissérie da editora Dark Horse; foram quatro números em P&B: Roy Thomas no argumento e E R Cruz na arte. Maravilhosas capas de John Bolton. Ainda não foi publicada no Brasil.
BRAN MAC MORN:
Todos os seus contos foram adaptados aos quadrinhos para a revista 'Savage Sword of Conan', por Roy Thomas, David Wenzell e Tim Conrad. No Brasil, suas histórias foram publicadas na extinta ESC.
Em 1990 a Dark Horse lançou uma minissérie de dois números que adaptou Kings of the Night, por Thomas/Baker e capas de Bolton. Esta história já havia sido adaptada por Thomas/Wenzell para a 'Savage Sword'. A Cross Plain Comics adquiriu os direitos da adaptação de Thomas/Tim Conrad/Barry Smith de 'Vermes da Terra' e a publicou em formato colorido.
OUTROS:
Em 1973 Roy Thomas, Gil Kane e Ernie Chan adaptaram 'O Vale do Verme' no terceiro número de Supernatural Thriller.
Em 1976 aparece 'Bloodstar' (segunda adaptação de O Vale do Verme), desenhado por Richard Corben.
'Almuric' (adaptação da novela homônima), texto de Roy Thomas, desenhos de Tim Conrad (excelentes). Foi publicada na revista Epic 2 a 5 (1980) e, posteriormente, em um álbum da Dark Horse, em 1991. Em agosto de 1991, a Dark Horse publicou uma minissérie de 4 números, 'Ironhad of Almuric', sequência da anterior (tudo inédito por aqui)
Uma história desenhada por Sandy Plunkett, publicada na Epic, narra os momentos finais da vida de Robert E. Howard.
A Cross Plains Comics está editando um comic book de luxo chamado Mithmaker, que adapta contos de REH; aliás, anunciou o lançamento de várias séries baseadas nos personagens de Howard: Wolfs Head, Marchers of Valhalla, e Robert E. Howard's horror.
Adaptado de um texto encontrado no site espanhol: http://www.dreamers.com/lospulps/home.html