(por Robert E. Howard)
Fogueiras vermelhas no Norte
estão cintilando,
E tambores batem fortemente
através da noite sussurrante.
Sim, a selva sabe, até a folha
mais insignificante,
Que os homens de Mafu voltaram da
incursão.
Voltaram com as cabeças de cem
bravos,
Voltaram com cem escravos.
Sim, os homens tiram a sorte pelo
saque,
Enquanto as mulheres se curvam
sobre as panelas.
E o vento noturno sopra,
E a selva sabe,
Que os homens de Mafu
Derrotaram seus inimigos.
Chefes e conselheiros correm para
se empanturrar
Na festa da casa-palácio de Mafu.
Atravessam a porta e uma gota
vermelha
Cai despercebida sobre cada
cabeça emplumada.
E mal se olha para a coisa
horrorosa
Que outrora foi a cabeça do rei
de Goru:
Ele, que morreu diante do peso do
orgulho,
Pendia no alto, com os pés
amarrados à trave-mestra de uma cruz.
E os ecos tamborilam
Para o tambor que ruge,
Que se vangloria dos inimigos
Derrotados de Mafu.
E a luz da fogueira brilha,
enquanto formas esbeltas dançam;
E os guerreiros de Mafu giram numa
dança enlouquecida de sangue.
A grande fogueira ri calada, numa
rajada escarlate,
Enquanto as formas nuas e
saltitantes cambaleiam para trás.
Como criaturas da sombra na luz
que muda de forma,
Saltam num horrível ritual de
vodu.
E a luz da fogueira brilha em
dentes brancos à mostra,
Em rostos de olhos ferozes, entre
cabelos esvoaçantes.
E os dançarinos rodopiam
Através do redemoinho sombrio,
Zombando dos gritos agudos
De uma jovem cativa.
No Leste distante, perto de um
baobá,
Ao lado de um rio sombrio que
corre para o mar,
Arde uma pilha de ruínas caídas
Em meio a uma paliçada arruinada.
Velada por uma fumaça pavorosa e
amarela,
Nenhum som se ouve, exceto o
crocitar do abutre
E o rosnar dos chacais diante dos
ossos queimados...
Despercebido, o rio sombrio
zumbe.
E o rio flui,
E o vento da noite sopra,
Espalhando as cinzas
Dos inimigos de Mafu.
Tradução: Fernando Neeser de Aragão.
A Seguir: O Guardião do Ídolo (fragmento) – por Robert E. Howard.