(por Fernando Neeser de
Aragão)
Descendentes dos gigantescos macacos brancos das neves – os quais
haviam sido expulsos, há muitos milênios para o norte, pelos primeiros
hiborianos –, o povo alto e forte de Nordheim (com aparência e cultura humanas,
desde há muitos séculos antes de Conan) se divide entre os ruivos de Vanaheim –
os vanires – e os loiros de Asgard – os aesires. Todos, contudo, desconhecem
sua ancestralidade simiesca – tanto os bárbaros de pele clara das planícies
nevadas, quanto o adolescente moreno das colinas escuras que se aproxima
daquela tribo de aesires.
A maioria deles usa elmos decorados com chifres. Todos usam coletes de
malha metálica sob as roupas de pele. Todos estão armados – a maioria com
espadas e arcos, e alguns com lanças e machados. Quase todos usam enormes
escudos de madeira. São homens musculosos, de feições duras e barbas douradas.
Aqueles loiros, ao verem um jovem cimério se aproximar com um escudo
vanir na mão e uma bolsa de pele na outra, ficam desconfiados, com espadas,
machados, flechas e lanças de prontidão. Contudo, eles sabem que os cimérios só
usam cotas-de-malha quando as roubam de invasores vindos do norte, como eles –
ou ao invadirem o norte, como aqueles taciturnos guerreiros de cabelos negros faziam.
E – pelo fato de cobrir braços e pernas, além do tronco – aquela cota-de-malha,
usada pelo rapaz moreno, não é aesir nem vanir. Não havia qualquer indício de
que o jovem, tão alto quanto eles, fosse espião dos vanires – exceto pelo
escudo – ou houvesse roubado algum aesir. Niord, um homem de aproximadamente 40
anos e líder daquela tribo aesir, fica intrigado.
Sem pensar duas vezes, o cimério tira, da bolsa de pele, a ruiva cabeça
decepada de um vanir.
- Era um batedor, se esgueirando pela sua tribo, para ver as
possibilidades de invadi-la – diz o jovem moreno. – E os companheiros de tribo
dele estão a caminho... ouçam!
Sem pensar duas vezes, o rapaz deixa a cabeça cair ao chão nevado, vira
as costas para os aesires e desembainha a espada, pronto para a invasão
iminente.
Os ruivos de Vanaheim se aproximam como lobos, num bando furioso.
Haviam encontrado o corpo decapitado de seu batedor sobre a neve e seguido as
pegadas do jovem cimério, de nome Conan. Para um vanir não havia insulto pior
do que levarem a cabeça de um dos seus mortos.
Os guerreiros de cabelos dourados, por sua vez, ficam de prontidão, com
suas espadas, escudos, machados, lanças e arcos preparados. De escudos prontos,
os aesires se defendem da chuva de flechas vanires que se precipita sobre eles.
Apenas um loiro morre, enquanto outro é ferido na perna. Mesmo que a flecha o
deixasse aleijado, ele continuaria sendo aceito na tribo. Apesar dos aesires e
vanires terem o costume – desconhecido e ignorado pelo cimério – de matar
qualquer criança de seu povo que nasça defeituosa, eles consideram
“superficiais” quaisquer ferimentos que não causem a morte.
No momento seguinte, os aesires devolvem a saraivada de flechas sobre
os vanires que avançam temerariamente sobre eles, derrubando a primeira fileira
de ruivos e deixando uma quantidade muito maior de baixas entre ruivos que
entre loiros. Terminadas as flechas – capazes de voarem mais de 500 metros nas mãos dos
arqueiros de Nordheim –, ambos os grupos inimigos largam seus arcos e se lançam
ao ataque.
Niord estripa o mais adiantado dos vanires com sua espada, ao mesmo
tempo em que racha o crânio de outro com o machado. Um terceiro tenta atingir o
líder aesir por trás, mas é morto por uma estocada nas costas, dada pelo
recém-chegado cimério.
Com a estupenda força que um bárbaro possui, mesmo na velhice, o esguio
Gorm detém o braço de um ruivo com sua mão esquerda e arremete-lhe a espada no
peito, fazendo-o cair para trás, com o coração transpassado.
Um dos aesires decepa a cabeça de um vanir, num jato de sangue sobre a
neve, e em seguida é morto por outro ruivo, com uma lança no peito. Este, por
sua vez, não vive o bastante para se vangloriar, pois é atingido por uma flecha
aesir no pescoço.
Agachando-se como uma pantera, uma jovem guerreira aesir, de nome
Gullvia, se esquiva do golpe de espada de outro vanir e lhe decepa a perna
esquerda na altura do joelho, para, no momento seguinte, abrir a cabeça ruiva
de seu inimigo caído, num jato de sangue e miolos sobre o rosto enfurecido da
jovem loira.
Outro vanir tenta abrir o torso de um jovem aesir com um giro de sua
espada, mas este se esquiva, dando um salto para trás, e o desarma como
contragolpe. O ruivo acerta um chute nas gônadas do loiro e, largando a própria
arma, começa a estrangular o aesir com uma chave-de-braço por trás. O aesir,
desesperado com a asfixia, tateia por sua arma na neve e, ao achá-la, esmaga a
testa de seu pretenso assassino ruivo com o cabo da espada, à qual acabara de
recuperar.
Com as costas coladas às da bela Gullvia, e quase invulnerável em sua
armadura de cota-de-malha, Conan decepa a cabeça de um atacante vanir num giro
sangrento, ao mesmo tempo em que a aesir atrás do cimério mata outro ruivo, ao
cravar a espada no pescoço do mesmo. Ambos os vanires cambaleiam e caem sobre a
neve já tingida de vermelho. Como todos os cimérios, Conan é um lutador mais de
ofensiva que de defensiva. Assim, ele se afasta da jovem e corre atrás do
agrupamento mais próximo de guerreiros vanires, em meio àquele caos de gritos
de morte e triunfo, e do entrechocar de armas metálicas e de escudos de
madeira.
Um corpulento vanir investe contra Horsa, fazendo-o recuar aos
primeiros golpes de sua espada. Mas, apesar de mais leve, o aesir tem agilidade
e resistência superiores, de modo que, alguns minutos depois, o loiro reage
contra seu adversário, de tal maneira que somente a habilidade espadachim do
ruivo o salva da velocidade cegante de Horsa. Então, o loiro acerta um murro no
queixo do vanir, derrubando-o sobre a neve com a barba um pouco mais vermelha.
Agarrando uma ensangüentada adaga vanir caída ao chão, ele se esquiva de um
mortal giro descendente da espada de Horsa e se ergue de um pulo. Na investida
seguinte, o ruivo tem que cruzar a espada e adaga para aparar o giro do loiro;
no momento seguinte, o aesir acerta um poderoso chute na parte lateral do
joelho do vanir e, em seguida, enquanto o ruivo cai ao chão, atravessa-lhe o
pescoço taurino com a espada. O vanir morre, soltando golfadas de sangue pela
boca e narinas.
No momento seguinte, outro vanir, com um machado em cada mão, investe
contra Conan. Este, usando seu escudo, roubado do vanir que decapitara antes de
encontrar os aesires de Niord, apara o primeiro golpe do agigantado ruivo que o
ataca, empurrando este com a própria proteção que usara contra o machado do
rival. Em seguida, o jovem moreno gira a espada, tentando estripar o vanir, mas
este se esquiva e cruza os dois machados, aparando um segundo golpe de Conan,
e, descruzando os machados, empurra o jovem cimério à sua frente. Logo, o
atacante de barba ruiva erra um golpe com o machado esquerdo e, ao investir com
o direito, a lâmina deste fica presa no escudo nórdico de madeira usado por
Conan. Este, aproveitando que o ruivo chegou perto demais, enfia a espada na
cota-de-malha do vanir, de modo que a ponta desta atravessa peito, costelas e
coração do ruivo, até se sobressair pelas costas do musculoso atacante barbado.
Então, todos ouvem um grito:
- Taave está morto!
Logo, Conan e os aesires percebem que o vanir
morto pelo cimério era líder do bando, o qual bate em retirada.
* * *
Após a batalha, as demais mulheres da tribo saem ao campo, para
arrebentarem os miolos dos inimigos feridos com pedras, ou lhes cortarem as
gargantas com facas. Se fosse na Ciméria, Conan pensa, todas as mulheres lutariam como tigresas, como aquela linda jovem
espadachim. No entanto, as aesires – bem como suas vizinhas de Vanaheim – só
lutam quando acuadas; Gullvia foi a única que participou ativamente da batalha.
De qualquer modo, o adolescente cimério, por ter enfrentado inimigos
ainda mais fortes e ágeis que os próprios aquilonianos de Venarium, sente uma
onda ainda maior de alegria e triunfo que na sua primeira batalha, ocorrida
meses antes. Sem contar que, pelo fato inédito de um homem das colinas cimérias
lutar pelos aesires, um cimério é, pela primeira vez, acolhido e bem-vindo
entre aquele povo loiro.
Embora as mulheres preferidas dos aesires sejam um pouco mais magras
que as cimérias, as loiras de Asgard têm seios generosos, os quais atraem o
desejo do adolescente Conan – além disso, suas peles e revoltos cabelos, bem
mais claros que os do povo da Ciméria, fazem aquele recém-chegado jovem moreno
se lembrar dos gunderlandeses que enfrentara em Venarium. A diferença
é que os cabelos dos aesires são de um dourado bem mais intenso que o daquele
povo de cabelos claros do norte da Aquilônia – a cabeleira dos bárbaros de
Asgard possui um dourado vivo que captura a luz flamejante do sol. Sem contar
que seus olhos, tão azuis quanto os do jovem cimério, percebem detalhes microscópicos
desconhecidos aos olhos dos civilizados. Apenas Conan tem uma visão ainda
melhor que os aesires, vez que, ao contrário dos loiros, que cresceram em
planícies nevadas e ensolaradas, o cimério vivia até pouco tempo atrás numa
região de florestas escuras e quase sempre nublada.
Após terem cremado os corpos de seus mortos em piras funerárias e
curado seus ferimentos, os aesires acenderam duas grandes fogueiras dentro do
círculo de cabanas, além de fogueiras menores ao redor da aldeia – estas
últimas, para manter as feras à distância.
As cabanas aesires diferem das cimérias por serem feitas com caniços,
barro e pele de cavalo – havendo um predomínio maior das tendas de pele de
cavalo. Aquele povo loiro ri abertamente, não apenas nas batalhas, mas também
nos banquetes ao ar livre, onde gamos inteiros são assados e a cerveja
espumante – roubada dos
hiperbóreos a leste, enquanto os vanires, a oeste, preferem comercializá-la, em
troca de peles e âmbar, com barachos e zíngaros –, é servida em canecas de madeira e
chifres ocos de boi. Nestes banquetes noturnos, organizados após as longas
batalhas diurnas, aqueles bravos guerreiros do norte gargalham ao som de
canções bárbaras a noite toda.
O cimério fica extasiado e contagiado com tanta alegria – quase
inexistente entre seu povo, e da qual ouvira o avô falar, quando este lhe
contava sobre os povos hiborianos que vivem ao sul da Ciméria. Através dos
sorridentes Niord, Horsa e Gorm – este último, um dos homens mais velhos
daquela tribo –, o cimério fica sabendo que a concepção de vida pós-morte
daqueles homens de barbas loiras é menos sombria que a dos taciturnos moradores
das colinas escuras ao sul. Enquanto os conterrâneos de Conan acreditam que o
mundo dos mortos é um lugar frio e sem sol, sempre envolto em névoas, onde
fantasmas errantes lamentam pela eternidade, os aesires crêem em planícies
geladas – não muito diferentes daquelas nas quais eles vivem – e em corredores
fechados, os quais compõem um lugar chamado Valhalla, governado por Ymir, o
Gigante de Gelo e principal divindade daquele povo loiro, bem como de seus
vizinhos de Vanaheim.
Ao ser interrogado sobre o motivo de ter ido se aliar aos aesires,
Conan fala em como os relatos de seu avô – aliados à sua primeira batalha e à
morte do velho Tassach – o deixaram cada vez mais entediado com o cotidiano de
sua terra natal. Embora o falecido Tassach lhe tivesse falado das maravilhas do
sul, o cimério preferira se aliar a saqueadores tão fortes a ágeis quanto ele.
Tal elogio, aliado ao fato de Conan ter lutado por eles, deixa os aesires
lisonjeados e aumenta ainda mais a amizade dos loiros por aquele jovem
forasteiro.
Casais de desgrenhados cabelos dourados bebem cerveja e hidromel,
gargalham e se beijam, ao som das canções. Os homens cortejam as mulheres
ostentando proezas, e com relatos de rapina e matanças. Tais relatos de batalha
e massacres atraem até a mais esquiva das mais selvagens belezas de Nordheim. E
assim, Conan conta para Gullvia – que é filha caçula do velho Gorm – todos os
detalhes do que viu e fez em Venarium, alguns meses antes.
* * *
Embora a pele de Gullvia seja rosada pelo sol de Nordheim, seus firmes
seios fartos – assim como seu corpo – são tão alvos quanto a neve que recobre
aquelas planícies. Somente os bicos pontiagudos daquele busto são tão rosados
quanto a pele do rosto da filha caçula de Gorm. Não muito diferente dos
cimérios, o amor das mulheres aesires é como uma chama devoradora que destrói a
fraqueza.
Assim, no momento em
que Conan despe a parte superior da armadura de
cota-de-malha, Gullvia fica seminua e o abraça feroz e apaixonadamente,
pressionando-lhe os lábios nos dela, e os grandes e desnudos seios redondos no
musculoso peito peludo do jovem cimério. Este, por sua vez, beija a jovem loira
na boca, olhos, bochecha, pescoço e seios, fazendo-a gemer e ofegar de prazer e
desejo. Logo depois, despidos de suas respectivas tangas e totalmente nus, os
dois bárbaros já estão ofegando de prazer, devido à relação carnal que lhes
lateja cada vez mais nas genitálias unidas e palpitantes, levando Gullvia a
morder e arranhar pescoço e torso de Conan, e desembocando num intenso orgasmo
onde o jovem casal atinge o ápice do prazer e desejo, como uma bola de neve que
aumenta de tamanho antes do impacto explosivo.
Após breves minutos de descanso, o filho de Criomnthan e a filha de
Gorm têm outra não menos prazerosa relação sexual, na qual o cimério massageia
o clitóris e morde o busto volumoso e firme de Gullvia, ao mesmo tempo em que
esta arranha as fortes costas nuas de Conan, durante aquele segundo orgasmo, no
qual a aesir enrosca as pernas no torso nu do cimério. Ela nunca havia sentido
tanto prazer assim, apesar de ser sexualmente experiente.
Somente mais tarde, finalmente levados pelo sono, o jovem casal de
bárbaros adormece sobre seu estrado de peles, dentro daquela tenda também de
peles, com seus corpos aliviados pela doce mistura de cansaço e prazer,
decorrente de horas fazendo sexo.
A seguir: Prisioneiro na Hiperbórea.