(por Robert E. Howard)
De onde veio este
desejo sombrio?
Que era o vinho em
meu sangue?
O que corria em
minhas veias como fogo,
E batia em meu
cérebro como uma inundação?
Desnuda é a poeira do
deserto,
Profundo é o mar
esmeralda...
Mais desnudo o meu
desejo intenso,
Mais profunda a minha
fome.
Deusa, eu sento e
medito...
Elas se encolhem aos
meus olhos iluminados pelo Inferno,
As infelizes mulheres
nuas
Que apertei entre
minhas coxas.
Quando elas se
contorceram entre minhas mãos
E o oceano ouviu seus
gritos agudos
Incendiando as brasas
de minha paixão
Quando sonhei meus
sonhos sinistros.
A respiração delas
veio rápida e quente,
Suas tranças eram
redes do Hades;
O mundo e os mundos
deixaram de existir;
Carne contra carne
pulsante.
Seus membros brancos
se agitavam e debatiam,
Elas choramingavam em
meu aperto
E suas virgindades
estavam perdidas
Num estranho abraço
não-natural.
Por horas, meu prazer
matou o tempo
Nas verdes clareiras
árcades,
Enquanto eu passava
as manhãs ociosas
Com jovens camponesas
de quadris livres.
Sob os céus
estrelados,
Que presenciavam
cenas curiosas,
Abri as redondas
coisas brancas
De rainhas nuas e
assustadas.
O que foi isso que
desviou meu rosto
De rapazes gregos de
membros morenos,
Cansada de seus
abraços,
Para alegrias mais
obscuras e desoladas?
Uma infeliz cansada
de moedas,
Eu me cansei dos
primeiros encantos,
De jovens que
envolviam meus quadris,
Suspirei inquieta em
seus braços.
Já me deitei com
muitos rapazes,
Mas o vinho deles,
para mim, era dejeto.
Encontrei pouca
alegria neles,
Que abriam minhas
pernas flexíveis.
Voltei-me para os
amores que valorizo;
Encontrei alegria
entre perfumados caracóis de cabelo,
Nos suspiros amorosos
de uma virgem,
Nas lágrimas de
jovens nuas.
São estes o vinho do
prazer:
Os encantos livres de
uma garota,
E a risada de uma
mulher na noite
Enquanto ela fica
entre meus braços ardentes.
Deusa, eu sento e
rio,
Nua como a lua
desdenhosa...
O mundo e os mundos
são insignificantes
Diga, meu dia estará
próximo?
Tradução: Fernando Neeser de Aragão.