Ghanara, o Império da Selva

(por Al Harron e Deuce Richardson)


“Conan afastou o olhar que seguia uma garota de Ghanara, de olhos ousados e lábios vermelhos, cuja saia curta deixava à mostra sua coxa marrom, a cada passo atrevido...” (Os Canibais de Zamboula).

“Tolkemec disse que eles vieram do leste, há muito tempo, da Antiga Kosala, quando os ancestrais daqueles que agora moram em Kosala vieram do sul e expulsaram os habitantes originais daquela terra” (Pregos Vermelhos).


Nas profundezas das selvas, ao sul de Ayodhya, paira o Império de Ghanara. Os ghanaras são um povo de pele excepcionalmente escura, além de ser um povo guerreiro e ferozmente orgulhoso, e, de todos os Reinos Dourados, aquele que poderia se tornar o maior.

As tribos caíram na selvageria e em guerras, tornando-se mais como os pictos e os povos dos Reinos Negros, do que seus vizinhos avançados. Após mais ou menos um milênio de constante guerra tribal, uma tribo chegou sob o governo de um chefe que afirmava ser descendente dos senhores lemurianos da guerra, do perdido Kumari, um dos mais poderosos reinos lemurianos. Unificando as tribos e destruindo quaisquer alianças rivais, o reino de Ghanara começou a existir, governando a extremidade mais meridional do continente. Agora mesmo, todas as tribos ao sul de Vendhya são chamadas de tribos “ghanara” pelos estrangeiros, mesmo que não estejam relacionadas àquele grupo em particular. Uma grande horda daqueles homens tribais conquistou o antigo reino de Kosala.

Estando na ponta do subcontinente vendhyano, Ghanara era um ponto essencial das rotas comerciais marítimas, da Costa Dourada até Kosala, Khitai e Hirkânia; desse modo, os portos de Ghanara se tornaram extremamente prósperos. Ghanara também se tornou um abrigo para piratas e malfeitores, como Messantia a oeste, embora a selvageria dos nativos e oficiais de Ghanara evite que o mercado negro domine o comércio aberto. Ghanara ostenta alturas de excelência na arte, religião e literatura de seu povo: arquitetura ciclópica; gigantescas esculturas de bronze e pedra, retratando figuras míticas e lendárias, e poesia épica, famosa por todos os Reinos Dourados.

O exército de Ghanara é composto, em sua maioria, de extremos: pessoas desarmadas que armam emboscadas na selva, completadas por chefes fortes e fanáticos religiosos na vanguarda e na infantaria de ataque, e poderosos elefantes servindo como o martelo do exército. Cada unidade militar é especializada em seu papel no campo de batalha, com pouco treino ou habilidade para trabalhar fora de seu ambiente, exceto por umas poucas unidades mercenárias e as elites. Eles são, deste modo, um exército perigoso, mas alguém pode ser frustrado com alguma astúcia – e um bom exército pode levar isso a cabo.

As terras de Ghanara são misteriosas e perigosas, mas, nas selvas inexploradas, deve haver tesouros e recursos incalculáveis, o que tornaria proveitoso desafiar as mortíferas terras tribais. Mesmo que as selvas provem não ter prêmios, a própria Ghanara não é um prêmio pequeno, a grande cidade que compartilha o nome do império sendo uma cidadela extraordinária, com uma arquitetura diferente da de qualquer uma no mundo. Ghanara não pode ser conquistada; no entanto, mercenários ghanaranos podem ser eventualmente contratados, através dos postos avançados nos assentamentos dos Reinos Dourados. Só existe uma unidade mercenária disponível em Ghanara: os Guerreiros Ghanaranos, os quais são espadachins pesadamente blindados, com escudos e cores brilhantes, embora sua pele e olhos escuros traiam sua origem ghanarana.

Após Conan, Ghanara ficou em eterna batalha com seus inimigos de Vendhya, ao norte, tomando grandes extensões territoriais, mas nunca conseguiram conquistar completamente os kshatriyas. Eles finalmente olharam para além do mar, a fim de aumentar seu império, conquistando as regiões meridionais de Kosala, Khitai e os Pântanos dos Mortos, e formando um grande império marítimo. Guerrear em três frentes de batalha significava que eles não poderiam estender seu império mais além e, na época da Era Glacial, o império entrou em colapso sob seu próprio poder. O grande império e gloriosa arquitetura de Ghanara foram varridos, quando o contorno atual do mundo tomou forma, embora salpicos daquele reino antigo possam ser encontrados em reinos e impérios do povo tâmil de Panjabe.



Tradução: Fernando Neeser de Aragão.



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