Uma Canção do Povo-Lobisomem

(por Robert E. Howard)


Enfie presas brancas na garganta da Vida,
Lamba o vermelho que jorra
Na fria escuridão das desnudas rochas negras,
No desfiladeiro onde corre o vento negro.

Mova-se furtivamente onde gigantescos matacões se equilibram
E as fendas rangem sob eles,
Sob as montanhas negras e nuas
Nos dentes do trovão que paira no alto.

Por que desejaríamos campos férteis,
Vales e fontes cristalinas?
Esta é a nossa sina – a trilha da fome,
O lobo e a montanha onde a tempestade espreita.

Sobre nós espreitam os deuses que berram
Onde a escuridão e o crepúsculo decepam;
Sob seus férreos cascos de bode,
Eles trituram nossos crânios para sempre.

Piedade, esperança e pena – tudo
Separa os penhascos negros;
A fome é tudo o que os deuses deixaram
E a morte que espreita sob ela.

Sacie presas loucas no sangue da Vida
Para matar a sede há muito saciada,
Antes que os vermes cegos subam em nossos ossos
E o bico do abutre sacie sua fome.



Tradução: Fernando Neeser de Aragão.

Fonte: The Horror Histories of Robert E. Howard.


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