(por Robert E. Howard)
Rascunho A: “Quando Eruk, a orgulhosa cidade da rainha Tamuris, desafiou as hordas [de Natohk], ele usou sua magia para mudar o curso de um rio, de modo a enfraquecer as muralhas, abrindo uma brecha para seus falcões cavalgarem através dela”.
Rascunho B: “A profecia era a de que a tumba seria aberta por um príncipe dos ladrões do Leste, em cujas mãos havia o sangue de um sacerdote, uma virgem e um bebê recém-nascido, e que remontava sua linhagem inteira até Vatathas, o semi-lendário rei de todos os ladrões. [...] Amalric, sondando as cenas de uma vida turbulenta, se lembrou de uma batalha desesperada na fronteira norte, e de figuras selvagens correndo para dentro do combate – mulheres altas e flexíveis, completamente nuas, os olhos resplandecendo, os cabelos ondulando, as gotejantes espadas manchadas de vermelho em suas mãos. Ele sacudiu a cabeça”.
- Cena descartada da luta entre Conan e Kutamun (do rascunho B):
Ainda sobrou um homem, o qual não fugiria. No rodopiante caos vermelho, que fervilhava e se contorcia diante do cavalo empinado de Conan, uma figura terrível surgiu de repente, como uma aparição vermelha. Era o príncipe Kutamun, vestindo apenas uma tanga, a armadura despedaçada, o elmo de crista amassado, a espada quebrada e encrostada de vermelho. O sangue escorria de uns vinte ferimentos, mas o brilho em seus olhos escuros não se turvara; e, com um grito terrível, ele arremessou o cabo quebrado de sua espada no rosto de Conan e, com um salto, agarrou as rédeas do cavalo que relinchava. O cimério cambaleou na sela, meio atordoado: e, com uma espantosa demonstração de força, o gigante de pele escura forçou o cavalo para cima e para baixo, até o desvairado corcel se desequilibrar e cair sobre a sujeira de areia ensangüentada e corpos contorcidos.
Conan pulou quando o cavalo caiu e, com um rugido, Kutamun estava sobre ele. Engalfinhados numa mortífera luta corpo-a-corpo, eles oscilaram e fizeram esforço por um instante, para logo caírem juntos. Naquele louco pesadelo de batalha, Conan nunca soube exatamente como matou seu adversário. Apenas soube que uma pedra, na mão do stígio, se espatifou várias e várias vezes sobre seu capacete, enchendo-lhe a visão com reluzentes fagulhas vermelhas e, em algum lugar, sua mão que tateava agarrou uma adaga, a qual enfiou várias vezes no corpo do rival, sem diminuir aparentemente a terrível vitalidade do príncipe. O mundo girava diante dos olhos do cimério, quando, com um tremor convulsivo, o corpo que se comprimia contra o dele se enrijeceu e, em seguida, desabou.
Tradução: Fernando Neeser de Aragão.
Digitação: Edilene Brito da Cruz de Aragão.
Fonte: http://www.conan.com/invboard/index.php?showtopic=4177&view=findpost&p=74973