Autores: Terror no Monte Uskuth – Kurt Busiek (roteiro) & Cary Nord (arte)
Preço: R$ 4,90
Número de Páginas: 28
Data de Lançamento: Julho de 2005
Sinopse:
Depois de sua turbulenta estadia em Hanumar, na Nemédia, onde enfrentou o demônio conjurado pelo arqui-mago Thoth-Amon, Conan atravessa Coríntia acompanhado de um mercador e suas duas “damas de companhia”.
Ao acordar em uma estalagem, o Cimério descobre que foi ludibriado pelo trio e decide segui-los para se vingar.
Mas “no meio do caminho havia ‘um monte’, havia ‘um monte’ no meio do caminho, no meio do caminho havia ‘um monte’” (*)... uma colina inóspita e maligna onde Conan resolve dormir após sua mais recente decepção com as mulheres civilizadas.
Uma colina na qual os habitantes de uma vila próxima não se atrevem a pisar...
Positivo/Negativo:
No melhor estilo Frank Frazetta, Cary Nord, aliado ao colorista Dave Stewart, nos apresenta uma belíssima capa nesta edição. Stewart, aliás, merece os elogios que vem recebendo ao longo dessas 16 edições. Seu sentido de profundidade de cor e de luz em cada momento das cenas é natural, belo e extremamente narrativo, pois demonstra com clareza as expressões e sentimentos dos personagens.
Quanto a Nord, nesta edição seus desenhos estão mais parecidos com aqueles do início da série, ou seja, dão a impressão de estarem mal acabados, mas ao mesmo tempo deslumbrantes e dinâmicos, como é o caso das cenas em que Conan recorda as meretrizes na taverna, com seus risos e posturas naturais. As paisagens, cenários e trajes foram tratados com esmero, demostrando que não são, afinal, desenhos improvisados, São desenhos cheios de alma. A única falha em Cary Nord – presente inclusive nas edições 1 e 6 – é o péssimo hábito (não se sabe se é o estilo artístico dele ou mero puritanismo), de não desenhar auréolas em seios nus, como se vê no flashback de Conan com as prostitutas, citado acima.
Introduzindo uma nova seqüência de aventuras, Kurt Busiek não nos deixa esquecer o Conan autêntico, visceral e instintivo, que em seus momentos de fúria agride um taberneiro e um garoto indefeso. É um Conan adolescente totalmente humano, menos mito ou lenda, bem mais fiel ao herói idealizado por Robert Ervin Howard – valendo lembrar que, nos anos futuros, o amadurecimento do Cimério não o levaria a atitudes tão radicais.
Uma cuidadosa leitura do conto “A Torre do Elefante”, de Howard, nos mostra que a Cidade dos Ladrões – mencionada no final da aventura – fica na fronteira ocidental de Zamora, e não a “40 léguas a leste” dela, como informaram a Conan. No entanto, aquilo pode ter sido um mero equívoco do garoto que indicou a Cidade dos Ladrões ao Bárbaro. Tal falha, contudo, foi devidamente retificada posteriormente, no início da CC 33. Além disso, a estória narrada na CC 16 seria mais fiel a REH, se fosse ambientada em Koth, ao invés da Coríntia (ver itinerário mencionado na resenha da CC 14).
De qualquer forma, “Horror no Monte Uskuth” é mais convincente que qualquer outra aventura, ao mostrar o que motivou Conan a ir em busca de um lugar como a Cidade dos Ladrões, como vemos na última página da estória. Além disso, Busiek usou diversos elementos fantásticos com seus demônios e seu mago, e até mesmo góticos, com túmulos e conversas com um morto. Tudo isso de uma maneira fácil e sincera, sem exageros.
O visionário Bob Cano-Duplo finaliza a edição.
(*) “No meio do caminho havia uma pedra, havia uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho havia uma pedra”.
Do poema de Carlos Drummond de Andrade
Classificação: 4,5 – Osvaldo Magalhães e Fernando Neeser, Cronistas do Portal Crônicas da Ciméria
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