em 07/10/2004
Conan, o Bárbaro, foi criado em 1936 por Robert Ervin Howard, mas só veio a conhecer o sucesso quando Roy Thomas persuadiu os chefões da Marvel a comprar os direitos de publicação do personagem, no início dos anos 70. O sucesso estrondoso de Conan nos EUA foi o trampolim para a Editora Bloch relançar o personagem no Brasil. Infelizmente, Conan só durou seis meses por aqui. Foi então que, em 1982, a extinta revista HTV lançou Conan, em sua edição de nº 36. Foi sucesso imediato! E tanto sucesso que, em 1984, explodiu nas bancas a revista A Espada Selvagem de Conan, que contava as aventuras de um Conan adulto e mais selvagem, tendo seu material extraído da americana Savage Sword. Uma revista esplêndida, desde o argumento incomparável de Roy Thomas aos desenhos magníficos de John Buscema, passando pela arte-final dos magos Alfredo Alcala e Tony DeZuñiga. Este quarteto de mestres até hoje provoca nostalgia nos fãs mais antigos, eu entre eles. Conan é um personagem complexo, não se pode pensar nele como um super-herói de capa-e-espada, mas sim como um bárbaro, o que realmente ele é. E partindo deste princípio, se pode apreciar com maior realismo a era fictícia em que ele vive suas aventuras. É claro que, se sairmos por aí dizendo coisas como 'demônios de Crom' ou 'em nome de Mitra' pareceríamos fanáticos. A Era Hiboriana é para ser apreciada e sonhada, não para ser vivida. Afinal, tudo é apenas ficção.
A arte de escrever Conan
Robert Ervin Howard, o criador de Conan, concedeu ao Bárbaro uma personalidade profunda e um caráter provido de honra e coragem, características primevas que diferenciam Conan de seus demais personagens. Suas aventuras eram recheadas de barbarismo, tramas, ação e erotismo. A narração de Howard era detalhada e pincelada por um realismo incrível. Era como estar vendo os fatos acontecerem na nossa frente. Quando Roy Thomas começou a adaptar os contos de Howard, incluindo os de De Camp, ele manteve toda a originalidade das aventuras. Alguns fãs reclamam disto: a grande quantidade de diálogos e textos de Roy Thomas em seus argumentos. Ora, mesmo em suas idéias próprias para argumento Roy escreve muito. Será que isto é ruim? Eu acho que não. Porque, se compararmos Roy Thomas com seus diálogos extensos e outros como Chuck Dixon, de narração curta, teríamos um resultado bastante previsível. Roy é infinitamente melhor qualificado para escrever Conan do que esses argumentistas leigos em Era Hiboriana. É como se eles pensassem: "Pô! Conan é um bárbaro, um selvagem desmiolado com a força de dez homens. Então, vou fazê-lo invencível e burro!". Ora, tenham dó! Michael Fleischer não era tão ruim, James Owsley tinha talento, mas Dixon & Cia são uma grande decepção em relação a Conan. Não entendem bulhufas. Seria melhor colocar algum fã para escrever as histórias do cimério. Um fã, sim, sabe o que é bom!
A arte de Desenhar Conan
Se Howard, o criador de Conan, estivesse vivo para conhecer John Buscema, ele certamente diria: "Esse Buscema realmente desenha o Conan de cabelos negros e olhos selvagens que eu imaginei!". Diferentemente de sua opinião sobre Napoli, um dos primeiros desenhistas do Cimério, que emprestava a Conan uma aparência meio latina ou romana. Se tivesse a chance, Howard poderia dizer o mesmo de Barry Smith, cuja arte clássica tanto agrada aos conanmaníacos. Mas, todos concordam que o grande John Buscema é o artista que melhor representa o bárbaro imaginado por Robert E. Howard. Seu estilo é incrível! O traço cru de Buscema encantou e fascinou os fãs do Bárbaro. Ainda mais quando finalizado por feras como Alfredo Alcala, Tony De Zuñiga, Ernie Chan, Pablo Marcos e E. R. Cruz. Os mais recentes talentos como Rafael Kayanan e Claudio Castellini também causaram euforia nas páginas hiborianas, são dois artistas de muito talento. O quê, ultimamente, estava fazendo falta. Pois, ver o Conan desenhado por Gary Kwapisz e Mike Docherty é de causar embrulho no estômago. Fugindo da área quadrinística, temos os capistas. Mestres como Frank Frazetta, Joe Jusko, Earl Norem, Doug Beekman e o brasileiro Mike Deodato, artistas que ajudaram a consagrar o sucesso do Bárbaro. Com um time destes há de se concluir que poucos personagens tiveram tanta sorte quanto Conan, pois teve o privilégio de ser retratado pelos grandes mestres da atualidade. Só faltou o Da Vinci e o Michelangelo.