Resenhas: Conan - As Filhas de Midora

por Osvaldo Magalhães
em 08/03/2005

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Título: CONAN - AS FILHAS DE MIDORA (Mythos Editora) - Edição Especial

Autores: As Filhas de Midora - Jimmy Palmiotti (argumento), Mark Texeira & Jimmy Palmiotti (arte)

Preço: R$ 6,50

Número de Páginas: 44

Data de Lançamento: Dezembro de 2004

Sinopse: Na cidade-estado de Gouvia, Conan se envolve em uma briga de taverna e acaba passando a noite no calabouço real.

Fugindo, o cimério esbarra com a guarda palaciana e descobre-se em meio à família real.

O rei Midora, soberano local, o incumbe de resgatar sua filha Hannah, a herdeira do trono, raptada por um mago traidor.

Com a ajuda da sensual irmã gêmea de Hannah, a bela Valensa, o Gigante de Bronze enfrenta uma horda de zumbis e até mesmo um dragão para resgatar a princesa cativa.

Comentários: Pense rápido: além da famosa feira internacional de relógios e jóias de Leipzig, na Alemanha, que Midora está na mídia atualmente?

A resposta é fácil, mas a beleza do conteúdo nem tanto. Diferente das jóias da Feira de Midora, Conan e as Filhas de Midora, título desta edição especial da nova fase de Conan pela Dark Horse, não atrai tanto pela estética ou pela arte de Texeira, mas sim pela época da vida de Conan em que a história acontece.

Ele está com cerca de trinta anos. É o velho Conan brigão, mulherengo e beberrão que estávamos acostumados a ver. A história é conduzida por Jimmy Palmiotti, que já trabalhou como desenhista e arte-finalista em mais títulos do que é possível enumerar e é um dos grandes veteranos dos quadrinhos americanos, além de ter ficado famoso por ter sido um dos co-fundadores do selo Marvel Knights, que revolucionou muitos dos heróis da Marvel; e por outro veterano, o Mark Texeira (ou simplesmente Tex), mais conhecido por seu trabalho com o Motoqueiro Fantasma em seu início de carreira.

Embora o argumento seja razoavelmente leve e bom, a arte de Texeira, com finalização de Palmiotti, deixou a desejar, já que não está no mesmo nível de seus trabalhos anteriores com Wolverine, ou até mesmo de sua arte-final em Conan, sobre o traço de Jose Delbo, nas histórias O Vulto nas Sombras e Joguete, em Conan, o Bárbaro # 46 (Ed. Abril Jovem, de fevereiro do 1996). Palmiotti, por sinal, é fã confesso de Conan desde a infância, mas esta foi a primeira vez que escreveu algo para ele. O grande desafio de Palmiotti foi seguir uma direção diferente da que está sendo tomada na série escrita por Kurt Busiek e desenhada por Cary Nord.

A história ocorre muitos anos depois da série atual, onde vemos o bárbaro mais velho e maduro, mais esperto e exageradamente grosseiro, mas, mesmo assim, ainda mais duro e implacável. É, no final das contas, uma história boa e divertida e até mesmo surpreendente em seu final. Conan vem passando por uma fase muito boa no Brasil, e esta edição especial é realmente uma tentativa de tornar tal fase um supedâneo para o futuro do cimério nas HQ's, tanto na terra dos sobrinhos do Tio Sam quanto na dos tupiniquins.

Existem algumas incongruências nesta aventura, é verdade, como na seqüência inicial em que Conan é rejeitado pela dançarina da taverna e se livra dela de uma maneira demasiadamente rude, ou seja, dando-lhe um belo chute no traseiro, o que é um fato inusitado nas histórias do bárbaro e pouco condiz com seu caráter, apesar de sua natureza bárbara.

Outra curiosidade diz respeito ao personagem coadjuvante Yezdig, que é dado como mudo no primeiro quadrinho da página 20, e logo depois, na página 28, último quadro, o personagem que era mudo simplesmente fala: "Vá, Conan! Salve minha rainha!". Daí surge a dúvida: Palmiotti falhou no argumento? Foi um erro de tradução? Ou a culpa é da Elza Keiko, a letrista da revista?... tire suas próprias conclusões, caro leitor.

Pra encerrar, nota-se que, na capa de Mark Texeira, Conan está segurando a espada com a mão esquerda, quando todo mudo sabe que o cimério é destro.

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