em 07/10/2004
Esta entrevista foi ao ar em 01/08/2001
Qual conanmaníaco já não ouviu falar, ou leu algo, de Roy Thomas? Considerado uma lenda viva dos quadrinhos, Roy foi o responsável direto pelo estrondoso sucesso de Conan na década de 70. Em parceria com os artistas Barry Smith e John Buscema, esse argumentista nascido em Jackson, Missouri, elevou o bárbaro criado por Robert Howard aos mais altos patamares da indústria quadrinística americana. Por volta de 1981, ele deixou a tutela das revistas do Cimério, chegando inclusive a trabalhar por algum tempo para a DC. Seu esperado retorno se deu dez anos depois e, juntamente com John Buscema, resgatou a popularidade do Bárbaro, que andava meio caída. No entanto, a nossa alegria durou pouco, e diversos fatos acarretaram no cancelamento de todos os títulos do Cimério nos EUA. Roy, atualmente, é editor da revista americana Alter Ego, que pode ser conferida através do endereço http://www.twomorrows.com/alterego/index.html.
Meus agradecimentos a Roy Thomas, pela entrevista; e ao "Hunter", colaborador do site Omelete, que gentilmente me cedeu o e-mail do Roy.
Bom, vamos logo ao que interessa!! Com vocês, Roy Thomas:
Osvaldo: É verdade que a Marvel não renovou o contrato com Glen Lord? Que conseqüências isso pode acarretar?
Roy: Tenho ouvido que a Marvel deixou os direitos autorais de Conan, finalmente, mas não tenho mais informações sobre isso. Meu interesse agora, apesar do meu gosto por Robert Howard, seria estar trabalhando em quadrinhos de Conan, ou não. Sou a favor de que uma editora obtenha os direitos de Conan e que eu pudesse escrever, ou outra pessoa.
Osvaldo: O que você sabe a respeito do 3º filme de Conan?
Roy: Nada, embora tenha ouvido rumores. Stan Lee Media tinha os direitos, mas agora com sua falência... quem sabe?
Osvaldo: Alguns fãs brasileiros não gostaram da seqüência de Conan of the Isles, chamada "Necromancy in Na'at", que pouco tinha a ver com aquilo que De Camp e Carter desenvolveram para o personagem. Há chances de uma nova seqüência feita por você?
Roy: Poderia ser. Lógico, gostei do material baseado em Clark Ashton Smith, que foi um colega (por carta) de Robert E. Howard, e eu planejei uma seqüência inteira do velho Conan vagueando naquelas terras. Se alguém não gostou, então eles poderiam ler mais alguma coisa. Tive acesso ao que Carter e De Camp planejaram... e, além disso, apesar de respeitar o que os dois fizeram, não foi mais do que eu fiz, e eu acho que posso interpretar o legado de Howard da minha maneira.
Osvaldo: Você ainda pensa em voltar a escrever Conan?
Roy: Eu gostaria. Veremos.
Osvaldo: Aqui no Brasil, a editora responsável pelas revistas do Cimério está republicando a fase clássica de Barry Smith, justamente pela pouca opção de histórias de qualidade que ainda estão inéditas por aqui. Há alguma editora americana de olho em Conan?
Roy: Não atualmente, embora a Marvel tenha feito quase uma dezena de edições de Conan Classics nos anos 90, e tenha republicado esse material em preto e branco um pouco antes. É claro que, para mim, não existe o Conan de Barry Smith, apenas o Conan de Roy Thomas e Barry Smith.
Osvaldo: Qual foi o principal motivo por trás do cancelamento dos títulos de Conan, aí nos EUA?
Roy: Vendas, é lógico. Mas pode ter havido outros fatores envolvidos, em particular, que a Marvel não obteve retorno do "merchandising" do Conan, então devem ter optado por investir o dinheiro de publicidade em seus próprios heróis.
Osvaldo: Em quê você tem trabalhado ultimamente?
Roy: Apenas acabei um Avengers Special com Kurt Busiek e outras revistas para a Marvel. Uma Graphic Marvel JLA Elsewords: The Island of Dr. Moreau para a DC (uma continuação do meu Superman: War of the Worlds há alguns anos atrás) e tenho outro JLA Elsewords para ser publicado com John Buscema na arte. E, claro, Alter Ego e algumas coisas mais. Espero escrever um roteiro especial para os próximos seis meses, também.
Osvaldo: Os brasileiros gostaram muito de Roland Green e Claudio Castellini. Você os conhece?
Roy: Receio que não. Eu não tinha conhecimento da seqüência para "Red Nails", apesar disso.
Osvaldo: Que projetos você tinha para Conan e que não teve chance de concluir?
Roy: Exceto pelo que eu disse sobre Clark Ashton Smith acima, sem comentários.
Osvaldo: No ano passado, perdemos dois grandes mestres hiborianos: De Camp e Alcala. Você poderia dizer algo sobre eles?
Roy: Somente que eles foram homens muito talentosos. Alguns fãs de REH censuravam De Camp, porque ele não era REH, mas ele foi um bom escritor, em seu próprio estilo, e acho que ele fez muito por Conan, e vice-versa. Alfredo foi um cara legal e também muito talentoso. Tenho tido contato com a família dele e eles esperam fazer um livro sobre ele. Tenho uma pintura que ele fez (Dom Quixote com um centauro) que eles provavelmente usarão.
Osvaldo: Para finalizar, você poderia fazer um comentário geral sobre o pouco caso da Marvel em relação a Conan, nos últimos tempos?
Roy: Sim. Se eles não queriam fazer algo mais do que aquilo que foi feito, eles deveriam ter liberado o personagem - e talvez eles finalmente tenham feito. Mas eles fizeram aquilo que a Lei mandava fazer, então vocês não podem, realmente, culpá-los. Marvel, durante o período que eu fui privilegiado de poder escrever e editar o "book" (leia-se revista), ajudou a fazer o Conan muito mais popular do que ele era antes e ajudou a tornar possível o primeiro filme do Schwarzenegger, então (a despeito do que uns pensem sobre o filme Conan, ou os quadrinhos) há esperanças de que as pessoas procurem os contos atuais de REH e os leiam. Aquilo, não os filmes ou os quadrinhos ou qualquer outra coisa, é o Conan real.