Prólogo
Em
algum lugar situado próximo das montanhas congeladas de Vanaheim.
Uma
jovem de cabelos ruivos andava sem rumo definido pela neve, não se importando
com o frio congelante. Proscrita de seu clã, ela foi condenada a vagar sem destino
em direção ao ermo congelante. Falar de ermo congelante é um eufemismo para
amenizar a sentença dela naquela vastidão congelada e solitária onde nem mesmo
o mais experiente caçador ousava se embrenhar.
Já
sem forças, a jovem invocou o nome da divindade que, desde tempos imemoriais os
povos de nordheimer veneravam. Em resposta ao seu desesperado apelo, um raio
estrondou em sua direção e a jovem desapareceu sem deixar vestígios.
Capítulo
1
No
seu décimo quinto inverno o povo do clã do urso branco a expulsou do convívio de
sua tribo. Ela era apenas um pouco mais velha que uma jovem de 12 anos em sua
aparência, apesar de ter 15 anos.
Era
uma jovem que ousou desafiar as tradições de seu clã, tornando-se uma proscrita
no meio de sua gente. Pela tradição, quando um pai de uma jovem morresse ou
fosse assassinado em um duelo, o vencedor da disputa tornava-se automaticamente
o protetor da jovem órfã. E a mãe dela tornava-se a esposa do vencedor, assim
como toda a casa e os pertences do falecido marido tornavam-se propriedade do
novo dono.
O
homem assassinado não era apenas mais um dos guerreiros do clã. Era o líder
daquela tribo. Era o guerreiro mais forte que havia participado de muitas
campanhas contra os inimigos naturais dos vanires, os seja, os aesires. Lutou até
mesmo contra cimérios e pictos e sobreviveu a muitas incursões de vinganças que
esses povos tinham entre si. Mas ele foi traído pelos seus próprios guerreiros.
E um deles, o seu braço direito, o apunhalou em uma noite congelante, em sua
própria cabana, quando dormia.
As
únicas testemunhas do assassinato do grande líder vanir foram a sua única
filha, ainda uma criança, e a esposa. Ele, o assassino, Gorm, ao completar o
seu trabalho homicida na tenda do líder do clã, tomou a força a mãe da menina e
depois matou covardemente o restante dos filhos homens de Wulfgar na calada da
noite. Um plano perfeito para um covarde que ambicionava tomar o poder. Desde esse
dia, a menina sempre desprezou aquele homem que usurpou a liderança de seu pai
no Conselho dos Guerreiros do Clã. E dessa forma o guerreiro mais leal de Wulfgar,
matou o sue líder por inveja e foi aclamado líder e chefe da tribo.
Aparentemente,
o novo líder foi bem vindo pelo seu povo. Cruel nas batalhas que empreendeu
contra os inimigos de sua tribo, e um guerreiro experiente, Gorm escondia a sua
perversão dos olhos de sua gente quando violentava e abusava das filhas de seus
súditos. Tornou-se um tirano lascivo.
Mas
um dia, quando ele lançou um olhar lascivo para a filha do antigo líder que ele
assassinara, com a luxúria de possuir a força aquele belo corpo em sua tenra
idade dos seus quinze invernos, ele não esperava o que viria a seguir. Acostumado
a dominar facilmente as suas vítimas pela brutalidade com que as subjugava, ele
nunca imaginaria que uma jovem aparentemente frágil pudesse causar-lhe algum
dano. Quando ele rasgou violentamente as roupas da jovem garota, mal ele teve
tempo de tirar as suas próprias. Num impulso causado pela urgência de sobrevivência
e alimentado pelo ódio que a garota sentia por aquele homem, ela conseguiu
pegar a adaga que ele descuidadamente havia colocado em cima da mesa. A punhalada
que veio a seguir foi certeira. A jovem cravou a lâmina bem no meio do coração
do seu algoz, sem dó nem piedade, ceifando a vida do homem que matou
covardemente o seu pai.
Uma
carreira de crimes hediondos era ceifada ali. E, impulsionada pelo ódio que a
bela jovem ruiva nutriu durante todos os seus quinze inversos contra o
assassino de seu pai, ela continuou apunhalando o peito inerte de Gorm uma,
duas, três... dez vezes sem parar até que suas forças se esvaíssem por completo
e ela caísse desmaiada no solo da tenda banhada de sangue.