A Proscrita (Um Conto da Era Hiboriana)

 


A Proscrita
Um Conto da Era Hiboriana
Por Marcelo Alves


Prólogo

Em algum lugar situado próximo das montanhas congeladas de Vanaheim.

Uma jovem de cabelos ruivos andava sem rumo definido pela neve, não se importando com o frio congelante. Proscrita de seu clã, ela foi condenada a vagar sem destino em direção ao ermo congelante. Falar de ermo congelante é um eufemismo para amenizar a sentença dela naquela vastidão congelada e solitária onde nem mesmo o mais experiente caçador ousava se embrenhar.

Já sem forças, a jovem invocou o nome da divindade que, desde tempos imemoriais os povos de nordheimer veneravam. Em resposta ao seu desesperado apelo, um raio estrondou em sua direção e a jovem desapareceu sem deixar vestígios.

 

Capítulo 1

No seu décimo quinto inverno o povo do clã do urso branco a expulsou do convívio de sua tribo. Ela era apenas um pouco mais velha que uma jovem de 12 anos em sua aparência, apesar de ter 15 anos.

Era uma jovem que ousou desafiar as tradições de seu clã, tornando-se uma proscrita no meio de sua gente. Pela tradição, quando um pai de uma jovem morresse ou fosse assassinado em um duelo, o vencedor da disputa tornava-se automaticamente o protetor da jovem órfã. E a mãe dela tornava-se a esposa do vencedor, assim como toda a casa e os pertences do falecido marido tornavam-se propriedade do novo dono.

O homem assassinado não era apenas mais um dos guerreiros do clã. Era o líder daquela tribo. Era o guerreiro mais forte que havia participado de muitas campanhas contra os inimigos naturais dos vanires, os seja, os aesires. Lutou até mesmo contra cimérios e pictos e sobreviveu a muitas incursões de vinganças que esses povos tinham entre si. Mas ele foi traído pelos seus próprios guerreiros. E um deles, o seu braço direito, o apunhalou em uma noite congelante, em sua própria cabana, quando dormia.

As únicas testemunhas do assassinato do grande líder vanir foram a sua única filha, ainda uma criança, e a esposa. Ele, o assassino, Gorm, ao completar o seu trabalho homicida na tenda do líder do clã, tomou a força a mãe da menina e depois matou covardemente o restante dos filhos homens de Wulfgar na calada da noite. Um plano perfeito para um covarde que ambicionava tomar o poder. Desde esse dia, a menina sempre desprezou aquele homem que usurpou a liderança de seu pai no Conselho dos Guerreiros do Clã. E dessa forma o guerreiro mais leal de Wulfgar, matou o sue líder por inveja e foi aclamado líder e chefe da tribo.

Aparentemente, o novo líder foi bem vindo pelo seu povo. Cruel nas batalhas que empreendeu contra os inimigos de sua tribo, e um guerreiro experiente, Gorm escondia a sua perversão dos olhos de sua gente quando violentava e abusava das filhas de seus súditos. Tornou-se um tirano lascivo.

Mas um dia, quando ele lançou um olhar lascivo para a filha do antigo líder que ele assassinara, com a luxúria de possuir a força aquele belo corpo em sua tenra idade dos seus quinze invernos, ele não esperava o que viria a seguir. Acostumado a dominar facilmente as suas vítimas pela brutalidade com que as subjugava, ele nunca imaginaria que uma jovem aparentemente frágil pudesse causar-lhe algum dano. Quando ele rasgou violentamente as roupas da jovem garota, mal ele teve tempo de tirar as suas próprias. Num impulso causado pela urgência de sobrevivência e alimentado pelo ódio que a garota sentia por aquele homem, ela conseguiu pegar a adaga que ele descuidadamente havia colocado em cima da mesa. A punhalada que veio a seguir foi certeira. A jovem cravou a lâmina bem no meio do coração do seu algoz, sem dó nem piedade, ceifando a vida do homem que matou covardemente o seu pai.

Uma carreira de crimes hediondos era ceifada ali. E, impulsionada pelo ódio que a bela jovem ruiva nutriu durante todos os seus quinze inversos contra o assassino de seu pai, ela continuou apunhalando o peito inerte de Gorm uma, duas, três... dez vezes sem parar até que suas forças se esvaíssem por completo e ela caísse desmaiada no solo da tenda banhada de sangue. 


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