Apenas ruínas. Escombros foram o que restaram da
outrora portentosa Torre do Elefante. Sua reluzente torre já não existe mais.
Ruiu. Veio ao chão em enormes fragmentos de pedra, ouro, prata e joias
brilhantes. Tudo junto com escombros maciços de pedra calcaria.
A fama que essas ruínas trouxeram para os
moradores da Cidade dos Ladrões era de que espíritos malignos vagavam por elas.
Embaixo dela uma rede de túneis secretos ficaram escondidos durante várias
semanas desde a sua queda. Ninguém sabia da existência deles. Nem mesmo o
bárbaro que fora o responsável, ainda que indiretamente, pela ruina de tal
símbolo de poder arcano na cidade de Zamora.
A Torre ruiu, mas a cidade que abrigou
esse lugar fantástico continua ainda a mesma. Zamora continua a ser a cidade
temida por sua feitiçaria mesmo depois da queda da Torre do Elefante. Muito mais
temida pela feitiçaria praticada em locais fechados e inacessíveis, do que
pelos inúmeros ladrões e assassinos que a empestam.
A Torre do Elefante, um estranho lugar,
cobiçado pelos ladrões por suas inúmeras riquezas, tanto aquelas que podiam ser
vistas, reluzentes e brilhantes no alto de sua torre, quanto aquelas que
estavam escondidas dentro de suas paredes misteriosas, abrigando a joia mais
valiosa de todas, fazendo as outras riquezas contidas no interior da torre
parecerem meras ninharias.
A Torre do Elefante... um lugar temido
pelos seus mistérios e segredos profanos que a faziam ser o lugar mais perigoso
para tentar a sorte em toda Zamora. “Uma fortuna como prêmio aguardava o mais
destemido ladrão que conseguisse invadi-la e chegasse ao seu topo para roubá-la”.
Era isso que vários ladrões diziam. Mas era também estranho que nenhum ladrão
não tenha ousado ao menos tentar roubar a torre, pois a cobiça falava mais alto
nas conversas e boatos que se propagou nas tavernas da cidade de que o tesouro mais
valioso daquela torre era uma joia mais fabulosa do que todas as gemas incrustadas
no topo da torre.
Somente ingênuos acreditariam em tal mito,
pois ninguém havia conseguido voltar de alguma tentativa de invasão à torre. Assim,
a lenda da joia chamada o Coração do Elefante nasceu e foi falada de boca em
boca pelas ruas, vielas e tavernas de toda a Cidade dos Ladrões de Zamora. Mas ninguém
havia visto ou tocado em tal joia para comprovar a veracidade do mito
propagado.
Tal lenda começou a se espalhar nas bocas
de ladrões bêbados que frequentavam as tavernas da Esquina do Inferno. Mas a
Torre do Elefante não era para saqueadores bêbados se aventurarem, como eles
logo perceberiam da pior maneira possível e pagariam com suas vidas inúteis ao
ousarem invadi-la em uma noite de lua cheia.
Havia feitiçaria naquela torre. E isso já
causava temor no mais destemido dos ladrões de Zamora. Os sentinelas humanos
eram o que menos medo causava nos ladrões. Eram os outros guardiões ocultos que
se escondiam na escuridão da noite que causavam o medo mais profundo no coração
de todos os saqueadores daquela cidade. E esses mesmos guardiões ocultos da
torre sobreviveram ao desmoronamento inexplicável da formidável torre que era o
símbolo do poder da feitiçaria reinante em Zamora.
E sobre os escombros, um temor sobre humano
era causado na espinha dos mais ousados e destemidos ladrões de Zamora. E isso
era o que comprovariam com seus próprios olhos aquela dupla de ladrões que
resolveram saquear aquelas ruínas.