Nas Ruínas da Torre do Elefante

 


Nas Ruínas da Torre do Elefante

Por Marcelo Alves

Apenas ruínas. Escombros foram o que restaram da outrora portentosa Torre do Elefante. Sua reluzente torre já não existe mais. Ruiu. Veio ao chão em enormes fragmentos de pedra, ouro, prata e joias brilhantes. Tudo junto com escombros maciços de pedra calcaria.

  A fama que essas ruínas trouxeram para os moradores da Cidade dos Ladrões era de que espíritos malignos vagavam por elas. Embaixo dela uma rede de túneis secretos ficaram escondidos durante várias semanas desde a sua queda. Ninguém sabia da existência deles. Nem mesmo o bárbaro que fora o responsável, ainda que indiretamente, pela ruina de tal símbolo de poder arcano na cidade de Zamora.

  A Torre ruiu, mas a cidade que abrigou esse lugar fantástico continua ainda a mesma. Zamora continua a ser a cidade temida por sua feitiçaria mesmo depois da queda da Torre do Elefante. Muito mais temida pela feitiçaria praticada em locais fechados e inacessíveis, do que pelos inúmeros ladrões e assassinos que a empestam.

  A Torre do Elefante, um estranho lugar, cobiçado pelos ladrões por suas inúmeras riquezas, tanto aquelas que podiam ser vistas, reluzentes e brilhantes no alto de sua torre, quanto aquelas que estavam escondidas dentro de suas paredes misteriosas, abrigando a joia mais valiosa de todas, fazendo as outras riquezas contidas no interior da torre parecerem meras ninharias.

  A Torre do Elefante... um lugar temido pelos seus mistérios e segredos profanos que a faziam ser o lugar mais perigoso para tentar a sorte em toda Zamora. “Uma fortuna como prêmio aguardava o mais destemido ladrão que conseguisse invadi-la e chegasse ao seu topo para roubá-la”. Era isso que vários ladrões diziam. Mas era também estranho que nenhum ladrão não tenha ousado ao menos tentar roubar a torre, pois a cobiça falava mais alto nas conversas e boatos que se propagou nas tavernas da cidade de que o tesouro mais valioso daquela torre era uma joia mais fabulosa do que todas as gemas incrustadas no topo da torre.

  Somente ingênuos acreditariam em tal mito, pois ninguém havia conseguido voltar de alguma tentativa de invasão à torre. Assim, a lenda da joia chamada o Coração do Elefante nasceu e foi falada de boca em boca pelas ruas, vielas e tavernas de toda a Cidade dos Ladrões de Zamora. Mas ninguém havia visto ou tocado em tal joia para comprovar a veracidade do mito propagado.

  Tal lenda começou a se espalhar nas bocas de ladrões bêbados que frequentavam as tavernas da Esquina do Inferno. Mas a Torre do Elefante não era para saqueadores bêbados se aventurarem, como eles logo perceberiam da pior maneira possível e pagariam com suas vidas inúteis ao ousarem invadi-la em uma noite de lua cheia.

  Havia feitiçaria naquela torre. E isso já causava temor no mais destemido dos ladrões de Zamora. Os sentinelas humanos eram o que menos medo causava nos ladrões. Eram os outros guardiões ocultos que se escondiam na escuridão da noite que causavam o medo mais profundo no coração de todos os saqueadores daquela cidade. E esses mesmos guardiões ocultos da torre sobreviveram ao desmoronamento inexplicável da formidável torre que era o símbolo do poder da feitiçaria reinante em Zamora.

  E sobre os escombros, um temor sobre humano era causado na espinha dos mais ousados e destemidos ladrões de Zamora. E isso era o que comprovariam com seus próprios olhos aquela dupla de ladrões que resolveram saquear aquelas ruínas.


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