A História de uma Jovem Esposa
A esposa do irmão de meu marido é
uma mulher que temo e odeio.
Meu marido não entende como me
sinto em relação à companheira de seu irmão.
Uma mulher alta, escura e forte,
como uma rainha egípcia,
Com movimentos lentos e felinos,
e olhos com brilho meditativo.
Meu marido não entende, e acha
que isso não está certo...
Ele não sabe o que ela fez comigo
no quarto dela, uma noite.
Ela me ergueu com seus braços
fortes e roliços; o quarto estava escuro e silencioso.
A única luz era a da lua, que
brilhava sobre o peitoril da janela.
Seus beijos eram ardentes e
demorados, e aludiam a estranhas trilhas escuras,
Até eu pensar, de algum modo, em
noites gregas e na lua sobre as colinas do Egito.
Sua voz era como o ronronar de um
gato, tão preguiçosa, firme e lenta,
Até eu ficar com medo naquela
sala escurecida, e implorar para que ela me deixasse ir.
Ela apenas soltou uma risada
baixa e suave – seus olhos mantinham uma luz meditativa,
Enquanto esmagava meus esforços
em seus braços calmos, ela me deixou tão despida quanto a noite.
Ela pôs seus lábios entre meus
seios, seus beijos me queimavam a pele.
Seus braços frios envolviam meu
corpo trêmulo, como o toque de um pecado sem nome.
Súbito, ela se levantou e, num só
movimento, deixou as suas roupas caírem;
Sua terrível beleza me deixou sem
fôlego – tão escura, estranha e alta.
Nua e régia, ela se erguia ali
como uma rainha nua do Nilo,
Com seus seios escuros, pernas de
marfim e seu sorriso leve e sedutor.
Logo, num passo sinuoso, ela veio
em minha direção, como um leopardo se erguendo de seu leito.
Ela me puxou encolhida para
dentro de seus braços e me deitou sobre um leito.
Meu marido não entende meu ódio e
meu medo.
Ele não sabe o que ela fez comigo,
lá naquele leito naquela noite.
Uma Dama Romana
Há uma estranheza em minha alma,
Um mar escuro e meditativo.
Nem todas as ondas do baixio de
Capri (*)
Conseguiriam afastar a sede de
mim.
Pois homens já vieram e foram
embora
Por prazer e por aluguel.
Embora ficassem enfraquecidos ao
amanhecer,
Não satisfaziam meu fogo.
Minha compaixão é uma piedade
mortífera.
Faço homens arderem com meus
olhos.
Oh, gostaria que todos os homens
fossem um jovem forte,
Para quebrar entre minhas coxas.
E muitos homens gastaram sua
fortuna
Para saciar meu êxtase,
Enquanto me deito soluçando na
cama dele
Em desavergonhada nudez.
Mas todo o ouro do Antigo Egito
Nunca consegue se igualar a isso,
Nem todos os tesouros dos reinos
sustentam
Uma única hora de alegria.
Dentro da propriedade nobre de
minha vivenda,
Há jovens dos penhascos da
Bretanha,
Rapazes esguios e de olhos
escuros da Espanha,
E gregos de cachos perfumados.
E rapazes de fala suave e sutil
Do Oriente mais distante,
De onde quer que os braços das
legiões alcancem
E correntes romanas sejam
mandadas.
Por que não consigo ser saciada
Por beijos de algum rapaz?
Eles apenas despertam minha
inundação de paixões.
Nunca conheço tal alegria.
Vagueio entre névoas de chamas
vermelhas arremessadas
Sobre colinas de êxtases.
E, chicoteados nos ombros e
estapeados nas nádegas,
Eles gritam e beijam meus
joelhos.
(Carta a Tevis Clyde Smith –
junho de 1928)
Paixão Estranha
Ah, eu conheço rainhas negras
cujas paixões ardem
Tanto por garotas quanto por
rapazes esguios.
Conheci uma garota de lábios
curvados de luxúria
Uma suaíli (**) negra,
tomada de júbilo,
Seu vestido de comércio acima dos
seus quadris
E uma ordem para açoitá-la.
E, enquanto eu lhe atiçava a
desnuda anca macia,
Ela se contorcia diante de mim no
chão
E guinchava, mas eu podia
entender
Que seus guinchos eram êxtases e
alegria.
Pois conheço mulheres e a
distância
Que elas vão até o grito de
paixão.
E já senti a velocidade e força
De uma garota somali de membros
esguios.
Nu, sob as árvores ju-ju,
Enquanto minha paixão ardia ao
máximo,
Fiquei sobre os joelhos magros e
marrons dela,
Minhas firmes nádegas jovens e
nuas erguidas.
Cada vez que ela balançava em
passo de paixão,
Mais forte ela agarrava,
Estirava-me totalmente nu sobre
seu colo
E me batia até eu gritar muito.
E conheci uma rainha do Congo
De beleza matizada com garra de
tigre (***)
Nenhuma alegria de pecado sexual
poderia recolher,
A não ser que, pelo menos, mil
pessoas vissem.
E lá eu parei – não por muito
tempo!
Ela se ergueu, nua, com os olhos
cintilando,
Tirou minhas calças ali, diante
da multidão,
E me derrubou entre suas coxas.
E já conheci uma rainha que
compartilhava
Uma dama nigeriana, para cada
bravo à noite.
Seus membros particulares, ela
admitia,
Para uma companhia por cada
noite.
Tradução: Fernando Neeser de Aragão.
(*) – Capri:
Ilha italiana situada no golfo de Nápoles (Nota do tradutor);
(**) – Suaíli:
Etnia e cultura da costa leste africana – principalmente das regiões costeiras
e ilhas do Quênia, Tanzânia e do norte de Moçambique (N. do t.);
(***) – Garra de tigre: Planta nativa da África, Índia, Norte da Austrália e
ilhas do Oceano Índico (idem).