O Rei e o Carvalho

(por Robert E. Howard)


Antes que as sombras vencessem o sol, os falcões voaram, livres,
E Kull cavalgou pela estrada da floresta, com sua espada vermelha à mão;
E os ventos sussurravam pelo mundo: “O rei Kull cavalga para o mar”.

O sol se refletiu carmesim no mar, e caíram as longas sombras cinzas;
A lua surgiu, como uma caveira prateada, forjada pelo feitiço de um demônio,
Pois, sob sua luz, as grandes árvores se erguiam, como espectros surgidos do inferno.

Sob a luz espectral se elevavam as árvores, como sombrios monstros inumanos;
Cada tronco parecia a Kull uma figura viva; cada galho, uma mão nodosa,
E estranhos olhos, malignos e imortais, lhe miravam, horrivelmente flamejantes.

Os galhos se retorciam como serpentes dando nós, golpeando a noite,
E um grande carvalho, que se agitava austero, horrendo à vista,
Arrancou as raízes e bloqueou-lhe a passagem, inexorável sob a luz fantasmagórica.

Se enfrentaram na estrada da floresta, o rei e o inexorável carvalho;
Seus grandes membros dobraram-no em suas garras, sem que ninguém falasse nada;
E, inútil em sua mão de ferro, a adaga cortante se partiu.

E, entre as árvores inclinadas e monstruosas, soou um fraco refrão,
Profundamente assolado por dois milhões de anos de mal, ódio e dor:
“Éramos os senhores antes do homem chegar, e seremos os senhores de novo”.

Kull sentiu que um império estranho e velho se inclinava ante a passagem do homem,
Como reinos de folhas de capim, curvados ante um exército de formigas,
E o horror se apoderou dele no princípio, como num transe.

Resistiu, com mãos ensangüentadas, contra uma árvore imóvel e silenciosa.
E acordou, como de um pesadelo!
E um vento soprava pelas campinas,
e o rei Kull, da Atlântida, continuou cavalgando silenciosamente para o mar.




Tradução: Fernando Neeser de Aragão.


Fonte: http://www.ebooket.net/
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