por Espada e Magia Nº 4
em 07/10/2004
Crom mora em uma grande montanha, e pouco se importa se os homens vivem ou morrem. É melhor ficar em silêncio do que atrair sua atenção sobre nós. Ele só nos manda a destruição, e não a boa sorte. É severo e sem amor mas, no momento do nascimento, sopra o poder de lutar e de matar na alma do homem. O que mais poderiam os homens
querer dos deuses? Não existe esperança, aqui ou no além. Neste mundo os homens lutam e sofrem por nada, encontrando prazer apenas na ofuscante loucura da batalha. Ao morrerem, suas almas entram em um reino cinzento e enevoado, coberto de nuvens e ventos gelados, para ficarem vagando sem esperança alguma por toda a eternidade. Não me importo com o que existe além da morte. Tanto pode ser a escuridão, como o reino de gelo e nuvens onde vive Crom, como as planícies geladas e os corredores fechados de Valhalla em que acredita o povo de Nordheim. Eu não sei, nem me importo. Só quero viver intensamente enquanto posso. Quero experimentar os ricos sucos da carne vermelha e o vinho picante no meu paladar, o aperto quente de braços brancos como o marfim, a loucura do triunfo na batalha, quando as lâminas azuladas queimam e são tingidas de vermelho. Isso é o suficiente para eu me alegrar. Que os mestres, os sacerdotes e os filósofos meditem sobre as questões de realidade e ilusão. Porque, se a vida é uma ilusão, eu também sou uma ilusão e, sendo assim, a vida é real para mim. Eu vivo, eu amo, eu mato, e sou feliz assim!
Fonte: Espada e Magia Nº 4 - A Rainha da Costa Negra - Ed. Unicórnio Azul