Resenhas: Conan - o Cim�rio # 3

por Osvaldo Magalhães
em 07/10/2004

Título: CONAN, O CIMÉRIO # 3 - Mythos Editora – Edição Mensal

Autores: À Mercê dos Hiperbóreos – Kurt Busiek (argumento) & Cary Nord (arte)

Preço: R$ 3,90

Número de Páginas: 28

Data de Lançamento: Junho de 2004

Sinopse: A noite gélida que recobre o leste das terras dos aesires assoma-se ante um rústico acampamento. Sobre um pequeno banco de madeira um jovem estranho àquela terra empenha-se em um ofício singular: o de ferreiro. Ele não denota, mas enquanto martela seu elmo – na laboriosa tentativa de consertá-lo –, percebe a aproximação de um chefe aesir que tenta se aproximar furtivamente. O circunstante é Niord. Alto, forte e dono de uma cabeleira dourada como o amanhecer sobre a neve. O jovem no banco é Conan, o cimério, dono de cabelos tão negros quanto a noite de sua terra. Os dois trocam palavras frívolas pouco antes do amanhecer, quando ambos dirigem-se para suas tendas. Quando o sonolento sol do norte estende-se sobre os pináculos preguiçosos das montanhas de Aesgaard encontra um grupo de homens seguindo rastros recentes de uma tropa vanir fugitiva. Entre esses homens, destacando-se mais à frente, segue Conan, como um sabujo farejando a raposa fugitiva. Durante a empreitada, os minutos se transformam em horas e essas em dia; o dia, aos poucos, desmaterializa-se em noite. A noite cautelosamente dá lugar à manhã: uma manhã vermelha e brutal de um campo de batalha onde homens loiros e ruivos se confrontam após uma longa e exaustiva perseguição. Nessa batalha de matizes uma cabeleira negra se destaca envolta no cinza de um elmo batido. Conan é como um borrão escarlate com sua espada descrevendo arcos mortais à sua frente. A morte é sua aliada e o êxtase que ela proporciona é como o efeito fortuito do vinho em sua mais forte concepção. O sangue quente jorra e chia sobre a neve imaculada enquanto cabeças escapolem de pescoços tal qual sacos de batatas quando caem de carroças nos campos de colheita. Mas um pedido de súplica, mais do que a inebriante fúria do combate, é capaz de suplantar a cacofonia reinante, acompanhado de um gesto capitular, e paralisar, mesmo que por instantes, a implacável sede de vingança aesir. Então, o chefe vanir, na memorável intenção de poupar seus conterrâneos entrega-se em rendição. Mas mesmo ali, nas inóspitas e atrasadas terras do norte, nada que seja bom dura muito tempo. Assim, enquanto as glórias da vitória são apreciadas uma comitiva gigantesca de hiperbóreos surge na cena, com machados e maças prontos para o abate. É aí que o jovem Conan passa a conhecer o maravilhoso povo hiperbóreo, com o qual sonhava conviver. O medo, a morte, o frio e a covardia. A coragem, a vida, o calor da batalha e o heroísmo. Tudo isso, como em um miasma de tripla soma, se condensa em mais uma batalha; em mais momentos de loucura e sofrimento; de sangue que jorra; de vida que se esvai. Os olhos azuis de Conan a tudo isso contemplam, sorvem e experimentam. O cimério grita, pula e pragueja! Mata, gira e almeja! Então, é como se estivesse de volta à Ciméria, pois tudo à sua volta se avulta em uma só escuridão quando uma pesada clava hiperbórea de bronze choca-se contra sua dura cabeça ciméria. O que resta, quando os gigantescos hiperbóreos começam a recolher suas vítimas, nada mais é do que corpos desmembrados, névoa difusa e elmos amassados na nívea paisagem.

Comentários: Não, você não acabou de ler um conto (ou um arremedo disso) mas sim a resenha da aventura que se desenrola nas páginas da revista cujo título é Conan, o Cimério, mas, muito curiosamente, a única chancela que se atribuí ao título é o nome Conan, destacado num vermelho-sangue (muito propício à cena) na capa de J. M. Linsner.

Virando a página (com muito cuidado) e olhando para a parte superior esquerda da contra-capa podemos avistar o verdadeiro título da mais aclamada revista do Gigante Cimério no Brasil: Conan, o Cimério!

Sim, e após uma rápida passada de olhos sobre os créditos da revista, podemos deleitar a vista nas cores e traços de Dave Stewart e Cary Nord.

Existe aí um arte-finalista: Thomas Yeates. E quem pode dizer se é o traço de Nord ou o acabamento de Yeates que nos faz lembrar, ao apreciar a arte, o estilo de Frank Frazetta, com nuances de Andy Kubert e facetas de John Buscema?

Ah... mas o conjunto é que faz a obra. Sim, podemos sentir o frio das colinas descendo sobre a encosta e alcançando nossos tornozelos; podemos ouvir o estrondo do bronze contra o aço naquela batalha entre homens e gigantes e sentir o golpe de uma clava em nossa própria cabeça, como acontece com o jovem Conan, de tão vívidas que são as cenas, representadas pelos desenhos e pelas cores.

Logo depois, se for possível recuperar-se da batalha, o leitor pode convalescer-se no texto de Mark Finn: Surge um Cimério, que nos conta fatos relevantes da vida e da obra de Robert E. Howard, o criador de Conan.

Compartilhar