Era Hiboriana: Valéria da Irmandade Vermelha

por Osvaldo Magalhães
em 07/10/2004

Criada por Robert E. Howard para ser a parceira de Conan no conto Red Nails, Valéria da Irmandade Vermelha era uma guerreira loira, de olhos azuis e corpo de deusa.

Durante a época Marvel de Conan, Valéria ganhou notoriedade e participou em muitas e importantes aventuras do Gigante de Bronze; ela também teve algumas aventuras solo.

Este artigo vai contar a trajetória da guerreira loira da maneira como foi contada nos quadrinhos pela Marvel. Como a maioria de suas aventuras foi ao lado de Conan da Ciméria e, portanto, extraída das crônicas do bárbaro, algumas vezes ela aparece em segundo plano.

Abaixo, pequeno índice para facilitar a localização das publicações onde as histórias foram mostradas:
CB - CONAN, O BÁRBARO (Abril Jovem)
ESC - A ESPADA SELVAGEM DE CONAN

Saiba, também, ó Príncipe, que naqueles dias em que Conan da Ciméria cobriu o mundo hiboriano com um rastro de sangue, existiu uma guerreira igualmente destemida e ágil com a espada. Ela era conhecida como Valéria da Irmandade Vermelha.

Seus cabelos eram dourados como o sol e seus olhos azuis como o mar; seu corpo era lindo como o de uma deusa da beleza e sua fúria era grande. Uma pirata, uma matadora que vivia como um homem, lutando e bebendo.
Valéria era o mar e o mar não era nada sem ela.

Sua saga começa assim:

Nascida na Aquilônia com o nome de Merina, Valéria já nasceu órfã de mãe, que morreu ao dar a luz. Seu pai, Lorde Daquius, passou, então, a criar a criança.

Anos depois, Lorde Daquius - que era um nobre aquilônio, estava tentando mediar um tratado de paz entre o rei de Turan e a cidade-estado de Khorusun. Ele contratou duas guerreiras, Sonja e Zora, como guarda-costas de sua filha Merina numa perigosa viagem através do Vilayet para concluir negociações em Aghrapur. Diz-se aqui que Merina tem apenas sete anos. Todavia, devido a certas evidências, ela deve ser um pouco mais velha. Piratas atacam o navio, mas seu líder, Kirkos, ordena a retirada no momento em que os bucaneiros pareciam à beira da vitória (União de Sangue/CB 8). Na capital de Turan, Zora ensina Merina a usar arco e flecha. Quando os piratas de Kirkos raptam Merina, lorde Daquius os persegue a bordo de um vaso de guerra turaniano com Sonja e Zora. Daquius descobre que Kirkos é seu irmão, exilado da Aquilônia, mas o capitão turaniano, enfurecido com a reconciliação entre o aquilônio e um pirata, assassina o lorde. Merina vinga-o com uma flechada na cabeça do capitão. Zora também morre, alvejada por um arqueiro turaniano enquanto protegia Merina. A órfã Merina parte com Kirkos, que lhe dá um nome mais apropriado para uma pirata: Valéria. Com esse nome, anos depois, ela se tornará famosa como a mais ousada corsária do Mar do Oeste (O Mar que Rouba/CB 10).

Durante os anos seguintes, Valéria aprende o uso da espada e da navegação até que seu tio Kirkos decide enviá-la de volta à Aquilônia, para viver com parentes de sua mãe. Ela viveu com um tio mesquinho durante alguns, até ele ir à falência e oferecer a loira em casamento a um rico homem de Kordava, a capital de Zíngara. Valéria consegue fugir antes do casamento, embarca em um navio, corta seus cabelos para se parecer com um garoto e assume um lugar na tripulação (Valéria da Irmandade Vermelha/ESC 129).

Certo dia o navio mercante zíngaro em que Valéria estava é abordado pelas piratas barachos de Strombanni. O pirata faz duas adoráveis prisioneiras: Lady Morganis de Kordava e Valéria. Na ilha onde Tranicos, o Sanguinário, matou o exilado stígio Toth-Mekri e roubou seu tesouro, eles enfrentam o Devorador dos Mortos, que vive o bastante para quase pôr fim à carreira de Strom antes que Conan descubra seu segredo (O Devorador dos Mortos/ESC 107). Strombanni entra furtivamente em Messântia, capital portuária de Argos. Enquanto ele e Zarono saem a procura de um velho avarento que pode ter um mapa mostrando a localização do tesouro de Tranicos, Conan e Valéria levam Lady Morganis até a casa de Públio, um intermediário que Strom deseja que entre em contato com o marido de sua adorável prisioneira. Morganis, entretanto, se propõe a providenciar seu próprio resgate, lhes contando a localização em Messântia do Dragão de Kao Tsu, um ídolo valioso de um culto vendiano. O próprio culto vem à cidade recuperar seu ídolo. O confronto ocorre no Templo dos Mil Deuses, mas Conan e Valéria terminam apenas com um Dragão falso. Enquanto isso, o velho avarento é morto, e Strombanni e Zarono suspeitam um do outro do roubo do mapa. É uma rivalidade e uma suspeita que fingirão não existir nos anos que virão (Uma Noite em Messântia/ESC 108).

No caminho de volta as Ilhas Barachas, os piratas "resgatam" três belas donzelas cantando em um barco aberto à deriva, e as levam a Tortage. Mas as jovens mulheres têm um efeito insidioso na fortaleza, pois os piratas logo estão brigando entre si e geralmente se comportando como pecadores arrependidos. De fato, as donzelas os persuadem a exilar todas as outras mulheres de Tortage, inclusive Valéria (O Devorador de Almas/ESC 109).

Nessa época, Valéria assume o posto de imediato no galeão de Ortho, o Ruivo. Ela viveu muitas aventuras e perigos até que Ortho começou a desejar a bela loira aquilônia. Mas como Valéria havia decidido viver uma vida de homem e se recusava a ter relações com eles, ela abandonou o navio certa noite quando estavam próximos à costa de Kush. Seguindo a nado para Zabhela, a única verdadeira cidade costeira de Kush. Lá ela conseguiu informações sobre um exército mercenário conhecido como "Companheiros Livres" e se juntou a uma caravana que seguia para Sukhmet. Nesse mesmo período, após saquear vários navios, tanto de Argos quanto de Zíngara, Conan acaba tendo seu navio afundado, por zíngaros, ao largo de Shem. Seguindo para Asgalun, ele se alista nos Companheiros Livres de Zarallo (apenas mais um grupo de mercenários com esse nome). Zarallo conduz sua tropa para a fronteira de Darfar com a Stygia, na cidade de Sukhmet. Durante uma patrulha de reconhecimento, Conan acaba salvando uma caravana do ataque dos selvagens darfaris e descobre que Valéria estava no comando da caravana. Após enfrentarem mais alguns selvagens canibais Conan e Valéria chegam a Sukhmet, onde a aquilônia se alista nos Companheiros Livres. Ao resistir aos avanços de um oficial, a loira acaba matando seu superior e foge. Valéria é perseguida pelo irmão do oficial morto, mas nem fica sabendo, pois Conan mata o homem antes que esse encontrasse a loira (Espadas de Sukhmet/ESC 129). Conan acaba alcançando Valéria na floresta próxima a Suchotl, uma misteriosa cidadela, onde os dois adentram após Conan matar um dragão que rondava a floresta. Dentro da cidadela, a dupla se envolve numa rixa de décadas entre os xotalancas e os tecuhltlis, duas facções que habitavam Suchotl. Quando Conan e Valéria deixaram a cidadela seus habitantes já estavam extintos (A Cidadela dos Condenados/ESC 2). Seguindo cada vez mais para o sul, a dupla se envolve novamente com uma rixa entre povos, desta vez são os ilhéus ichiribus contra os nativos kwanyis. Considerados espíritos enviados pelos deuses, Conan e Valéria ajudam os ichiribus a derrotar seus inimigos, mas não saem de mãos vazias (Conan e os Deuses da Montanha/ESC 122 a 124). Perdidos na floresta tropical, Conan e Valéria são resgatados por um feiticeiro capaz de controlar crocodilos e mais uma vez se envolvem numa disputa entre duas tribos (Rio de Sangue/ESC 191).

Após finalmente deixarem a selva, Valéria e Conan se separam.

Valéria reecontra Conan anos depois na Terra dos Pictos, quando os dois ouvem falar de uma cidade perdida e um tesouro. O tesouro é encontrado, mas a cidade perdida é também o abrigo de um monstro. (No Covil do Deus-Lagarto/ESC 151).

O Bárbaro acompanha Valéria de volta ao mar, onde ela está exercendo seu primeiro comando. Ela debela um motim e iça as velas com Conan a bordo. Logo, após uma batalha contra uma galera aquilônia, Valéria ancora em uma estranha ilha habitada por servos zumbis de uma planta malévola que produz imitações de humanos absorvendo corpos vivos e os reproduzindo em vagens. (Jardim de Sangue/ESC 150).

Após as brigas costumeiras sobre quem é o chefe, Conan e Valéria se separam. Quando seu navio ancora em Lireigh, na costa oeste de Vanaheim, Conan parte por terra para a Aquilônia, atravessando a floresta de Taiga.
Ao saber que a cabeça de Valéria está a prêmio, Conan volta à costa do Vilayet e a salva de caçadores de recompensa. Comerciantes hirkanianos contratam a dupla para ir em busca de uma relíquia conhecida como o Cálice de Tarim, que se encontra em uma fortaleza inexpugnável na fronteira do Afghulistão. A dupla não consegue ficar muito tempo junta e Conan parte para o Oeste (Encontro em Escarlate/ESC 82).

Voltando para o porto de Lireigh, na intenção de pegar um navio para o Sul, o Bárbaro acaba reecontrando Valéria. Ambos partem no navio do Capitão Varnigern para participar da busca de uma imensa montanha esmeralda. Entrementes, o Bárbaro é perseguido pelo pai da garota da aldeia e junto com ele, ninguém menos que Sonja, a Guerreira! Após muitas lutas, Conan, Valéria e Sonja acabam se unindo para sobreviver aos rigores de Nordheim (A Montanha Esmeralda/ESC 188).

Depois dessas aventuras, Valéria se alia a um capitão chamado Gowar e é traída quando chega a uma ilha perdida no Mar do Oeste. A loira foge para a mata e encontra um náufrago argoseano chamado Metallus. Juntos eles enfrentam os perigosos piratas em busca de um fabuloso tesouro escondido na ilha e por pouco não perecem. Os dois são resgatados por um navio mercante e Valéria, depois de algum tempo em Messântia, retorna à pirataria (Ilha da Perdição/ESC 45).

Novamente na Irmandade Vermelha, Valéria e seus piratas são contratados por uma cidade costeira de Zimbabo para protegê-la de outros bandidos, mas são traídos depois pela cidade. Todavia, a vingança da Irmandade é terrível (A vingança da Irmandade Vermelha/ESC 85).

Cansada do mar e sentindo saudades de sua terra natal, Valéria ruma para a Aquilônia. Saindo de Messântia, Valéria encontra um viajante quase morto, que havia sido roubado na estrada. A guerreira de cabelos dourados cuida do ferido para em seguida acompanhá-lo numa vingança (Renascido do Ódio/ESC 83).

Ela sobreviveu precariamente durante algum tempo em Tarântia, até que um trio de rebeldes, o Conde Trocero de Poitain, seu general, Lorde Prospero, e Dexitheus, um sacerdote de Mitra, a encontram em uma taverna e a contratam para resgatar Conan, que estava preso na Torre de Ferro. Depois disto, ela e Conan se separam novamente - ela volta ao mar, e ele segue para os Pântanos Bossonianos, para incitar a revolta de seu velho Regimento Leão contra o tirânico Numedides (Na Torre de Ferro/ESC 116).

Esta foi a última aventura da saga de Valéria narrada nestas crônicas antigas. Mas há indícios de que ela retornou a Messântia em busca de Metallus e com ele viveu seus últimos dias.

Crônicas da Nemédia

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