O Dia em Que Eu Morrer

(por Robert E. Howard)


No dia em que eu morrer, o céu estará claro
E o vento marítimo do leste soprará livre,
Movendo-se com sua canção de nômade,
Para carregar minha alma até o mar.

Eles me carregarão, para fora da cabana de bambu,
Até a madeira flutuante, empilhada na campina.
E vós, que me nomeiam em anos posteriores,
Vós direis isto de mim:

Que eu segui a estrada da gaivota errante,
Tão livre quanto uma brisa nômade,
Que desnudei meu peito para a agitação dos ventos
E para a fúria dos mares que levam.

Que amei a canção dos mastros que tangiam
E o erguer da proa saltadora,
Mas eu não conseguia aguardar nos portos marítimos das cidades
E não conseguia seguir o arado.

Pois o vento sempre veio do leste,
Para me acenar sempre e sempre,
A sedução do pôr-do-sol era minha amante
E eu amava cada aurora rosa-pálida.

Que eu vivia para um credo direito e simples,
Em toda a minha travessia pelo mundo,
Lidei com brancos, negros ou amarelos,
Honestamente com meus camaradas.

Que eu esvaziei o copo da vida até sua borra vermelho-sangue,
E isso me emocionou cada veia,
Não carranqueei quando a pus abaixo,
Para nunca mais a erguer.

Que meu espírito sempre dirigiu meus passos
Para as desnudas terras da manhã,
E vim descansar numa ilha desconhecida...
Penhascos de jade e areias de prata.

E dei meu último suspiro com uma tribo simples,
Um povo selvagem e livre,
E eles deram meu corpo ao fogo
E minha alma ao mar livre.


Tradução: Fernando Neeser de Aragão.



Agradecimento especial: Ao howardmaníaco Renato Amado, de Natal (RN).
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